quinta-feira, 15 de março de 2012

174. O Senso Comum, a Filosofia e a Ciência

O indivíduo humano sobrevive graças à sensação da necessidade de utilizar os meios que lhe fornecem sobrevida e de evitar aquelas circunstâncias que lha podem impedir. Todas essas informações, ele as capta, de forma consciente ou inconsciente, através da atividade mental, da MENTE, que abarca a totalidade da atividade do sistema nervoso, ao longo de todo o corpo, desde o cérebro até as extremidades dos dedos das mãos e dos pés, interna e externamente, utilizando-se de toda essa aparelhagem natural que denominamos sentidos. E a única forma de ligação da MENTE com o EXTRA MENTE é a captação pelos sentidos da energia emitida pelo conjunto de coisas que constituem o ambiente onde ela, a MENTE, se insere.

Estimulada pelos estímulos energéticos provenientes do ambiente, a MENTE elabora um mapa, uma imagem, um modelo de si própria e do ambiente onde se insere. Esse modelo do MUNDO, do UNIVERSO, da EXISTÊNCIA está em permanente transformação, desde a geração do indivíduo até a sua morte. O SENSO COMUM é esse MODELO DO UNIVERSO, que cada indivíduo forma na vida prática do dia a dia, e fornece-lhe condições de guiar-se na existência, tomar as suas decisões a todo o instante e sobreviver. Qualquer conhecimento nada é mais que isso: comparar uma imagem atual (que agora se elabora) de alguma coisa com aquela do MAPA DO UNIVERSO que temos na MENTE.

É claro que jamais poderemos dizer que possuímos a imagem exata do que as coisas são. Jamais poderemos dizer que a imagem que delas tem o MODELO MENTAL, ELABORADO PELA MENTE, seja exatamente igual àquilo que a coisa é. O Modelo mental é uma imagem subjetiva, depende de cada indivíduo. O modelo mental de Madona não é igual ao de Gandhi, que não é igual ao de Carla Bruni, que não é igual ao do Papa, que não é igual ao da mendiga das ruas do Rio de Janeiro, que não é igual ao de Bill Gates, que não é igual ao da índia dessas raras tribos isoladas de silvícolas amazônicos. O MODELO MENTAL de uma pessoa absolutamente sã jamais será igual ao de um cego, ao de um surdo, ao de um deficiente mental. Lembremo-nos, para respeitá-los, deficientes mentais existem que veem pessoas que não vemos e com elas até dialogam!

Da mesma forma é a FILOSOFIA. O conhecimento filosófico também é um MODELO MENTAL. E não podia ser diferente, porque essa é a forma como a MENTE se comunica com o UNIVERSO, é a forma como a MENTE funciona. A diferença do conhecimento filosófico para o conhecimento do senso comum reside nas matérias que perquire e na característica crítica que o distingue. A Filosofia se ocupa de assuntos cujo conhecimento confere ao indivíduo a capacidade de se situar, de se identificar e de se encontrar nesse imenso torvelinho de coisas que compõem o UNIVERSO. Ela se ocupa de investigar as características que distinguem os fenômenos que nos cercam. Por exemplo, o que é a existência? a existência carrega algum sentido, alguma finalidade? o Universo teve começo? tem fim? é eterno? o que é a Ciência? o conhecimento tem alcance limitado ou é ilimitado? o que é a Arte? o que é o Bem? o que é a Justiça? O conhecimento filosófico pretende ser um modelo o mais simples possível, o mapa mais singelo possível e o mais claro, o mais evidente, com que se expliquem os fenômenos mais fundamentais da existência com o máximo de rigor racional, com a maior coerência, um conhecimento sistêmico que explique a Natureza, o Universo. Um mapa, um modelo que se ajuste aos fatos proporcionados pela Natureza, através de observações rigorosas e do estudo da herança científica e cultural que as gerações precedentes nos legaram.

A Ciência, como o Senso Comum e a Filosofia, também é um MAPA, um MODELO de toda a Natureza ou de parte dela, o mais simples e evidente possível, expresso em linguagem matemática, matematicamente coerente e sistêmico, ornado da precisão matemática e comprovado pela experimentação. Através desse Modelo do Universo, que é a Ciência, somos capazes de oferecer explicação tal para os fenômenos que constituem o Universo que, conhecidas com precisão as circunstâncias atuais onde nos encontramos, temos condições de prever as circunstâncias em que no futuro nos acharemos, assim como de reconhecer como as coisas se apresentavam no passado.
Todos esses conhecimentos são relativos e subjetivos. Valem como instrumento de sobrevivência, de Vida e de Existência. Esses conhecimentos são valiosos porque são instrumentos úteis para a sobrevivência humana ou porque tornam mais esclarecida a existência humana. Não são valiosos porque ostentem a característica da VERDADE, isto é, porque o MAPA seja a reprodução fiel da REALIDADE. Essa característica, infelizmente, não temos condição de afirmar que o conhecimento humano possua.

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