quinta-feira, 29 de agosto de 2019

462.Opinião Solicitada Sobre Vídeo do Dr. Paulo Guedes



Há duas orientações básicas na Economia: a liberal e a social. A liberal segue o famoso lema: "deixa fazer; deixa negociar". A social segue o princípio: "todos são obrigados a trabalhar e receber, pelo menos, renda suficiente para subsistência digna, com segurança".

A liberal já experimentou vários fracassos: em 1929 (a Grande Crise), 1969 (a ruptura do padrão ouro, De Gaulle x Richard Nixon) e agora em 2017. A social experimentou a grande crise de 1980. 

O bravo Marechal De Gaulle, herói da resistência francesa, não teve ousadia suficiente para ir arrancar dos cofres de Washington o ouro a que a França tinha direito por contrato internacional básico de funcionamento do mercado mundial de bens e serviços, em 1969! Ao passo que o inexpressivo presidente francês, Macron, neste momento, tem bravura suficiente, na presidência da irrelevante França do século XXI, para promover cruzada pela internacionalização da Amazônia Brasileira e de ofender de mentiroso o Presidente brasileiro. Como faz falta uma arma atômica, neste mundo contemporâneo do século XXI!

A política liberal se rege por um princípio: o indivíduo humano sempre busca a sua felicidade, a sua maior vantagem a cada instante. Logo, o princípio básico social e econômico é liberdade: deixa todos fazerem o que bem entenderem e todos serão felizes e contentes, e a sociedade será rica e feliz!

A política social se rege pelo princípio básico de que o indivíduo humano é construção, construído pela sociedade,  por si mesmo  e pelas circunstâncias, inclusive genética e ambientais. Por isso a sociedade é uma construção regida pelo princípio: "paz, trabalho e capital". O dever básico do homem hígido é trabalhar. Esse trabalho precisa ser cada vez mais eficiente usando o capital (as ferramentas de trabalho mais eficazes) e em ambiente de paz (as brigas, a insegurança da vida, da sobrevivência, o açambarcamento dos bens pelos mais fortes com prejuízo dos mais fracos, são os grandes entraves ao progresso, ao bem-estar, à riqueza de todos e de cada um).

Paulo Guedes opta pelo liberalismo. A Constituição Brasileira optou pela Social Democracia.

Eu prefiro a Social Democracia da Constituição Brasileira.

O importante mesmo é que se evitem os excessos. O desastre liberal foi a liberdade excessiva que degenerou em anarquia e inviabilidade econômica. E o desastre Social Democrático foi excesso de intervenção estatal que engessou a economia.


quinta-feira, 22 de agosto de 2019

461.O Homem, Esse Animal Insaciável



A Humanidade é um verme terráqueo! Vive num ponto insignificante, indistinto, desse vasto espaço universal sob a ameaça de destruição de todos os tipos, desde os mortíferos ataques dos microrganismos, passando pelas ameaças de suas próprias armas de guerra atômica; pelo elevadíssimo nível da temperatura climática, atingível, segundo previsões de alguns entendidos, ainda em pleno intervalo da expectativa de vida da jovem geração humana atual, grau abrasante do hábitat natural que condicionou a explosão da própria vida humana sobre a paisagem terráquea; até pelos prováveis gigantescos impactos de asteroides; e findando nos mais que antevistos formidandos entrechoques galácticos; ou em hipercolossal tragada do vizinho  buraco negro da Via Láctea..

O destino da Humanidade é com certeza o fim, numa data, espera-se, longínqua, se a Humanidade, sobretudo, as lideranças políticas, tiver sensatez suficiente, e os pesquisadores científicos e os técnicos inventores possuírem a competência exigida para o perfeito exercício de suas atividades desbravadoras do desconhecido e construtoras do progresso. É, por isso, que não me canso de valorizar o profundo pensamento estoico de Virgílio, o monumental vate latino: “Feliz o homem que compreende a existência e controla toda a sua angústia, o inelutável destino e a tragédia da morte!”

O Homem é verme terráqueo de tremendo poder imaginativo que, destaca Yuval Noah Harari, conseguiu utilizá-lo para eliminar outras espécies animais até fisicamente muito mais poderosas e outras espécies humanas, e, assim, reinar soberano neste minúsculo e insignificante ponto do Universo! Esse poder imaginativo, que elabora instituições de formidável poder criativo e adequado a circunstâncias e propósitos, explica toda a História da Humanidade, especialmente esta última fase, a atual, a Era da Modernidade, estes últimos seiscentos anos dos já duzentos mil anos de existência do Homo Sapiens.

E esse extraordinário poder imaginativo é utilizado permanentemente na tarefa ininterruptamente empreendida para sua sobrevivência, de sorte tal que, no estudo da Economia, afirma Thomas Sowell, a primeira lição é sobre a escassez, observação comprovada na exposição dos manuais dos grandes mestres atuais da matéria, como Krugman e Mankiw. Fato esse explicável por aquele outro, que já consideramos em texto anterior, a Economia radica-se na Psicologia.

Como escassez, se hoje os celeiros se acham abarrotados de alimentos e os armazéns repletos de todo tipo de produtos, até mesmo o vizinho espaço aéreo e a estratosfera são ocupados continuamente pelo Homem e seus mirabolantes artefactos, que satisfazem até os mais estranhos desejos humanos?! É que o homem é um ser insaciável, que passa de um desejo a outro, em permanente estado de necessidade. Até no sono, estado de inconsciência, está em processo de satisfação de uma necessidade. Cada instante da vida humana é a fruição de um bem, a satisfação de uma necessidade, a consecução de uma vantagem. Até o suicídio é a fruição de uma vantagem, de uma utilidade! A Economia se enraíza profundamente no fenômeno psíquico da motivação, aspecto sob o qual os livros modernos de Psicologia estudam as decisões humanas, alheios estes ao conceito tradicional do livre arbítrio, conceito fundamental da Economia liberal, do liberalismo econômico!

O liberalismo econômico funda-se num fenômeno psíquico cuja engrenagem anatômica e fisiológica o homem ainda nem sabe explicar perfeitamente. A vida humana é entendida pelo economista como continuo encadeamento de decisões por obter vantagens, as coisas mais úteis para realizar a vida da forma mais plena e feliz a cada instante, após ponderar o que usufruir e o que renunciar a cada momento da vida, exatamente porque a cada instante da vida há um limite de fruição: não posso tudo fruir ao mesmo tempo. O tempo é limitado para o exercício pleno da vida! O tempo é o bem escasso por excelência!  

A vida é um encadeamento de decisões, de opções, de aquisições e de renúncias. A Economia, a produção e a distribuição dos bens, é dele consequência, na forma que hoje existe, a economia de mercado, da troca de bens entre os indivíduos, e fulcra-se exatamente nesse ponto nevrálgico das relações humanas: o homem sábio procura a cada instante extrair a maior utilidade do momento presente. Lucro máximo a cada decisão, a cada instante da vida!

Exatamente a máxima que outro grande vate latino, Horácio, legou imorredoura à posteridade e, já adulto, com ela me deparei esculpida no alto da parede de entrada de pequeno negócio em modesto shopping center de Copacabana: “carpe diem!” Usufrui ao máximo do dia de hoje! 

Ciência e arte poética se agregam para fundamentar, em ainda obscura área do conhecimento psicológico e neurológico, toda a doutrina do liberalismo econômico que determina a estrada da vida para bilhões de pessoas, vida feliz, com a satisfação de todos os desejos para alguns, ou vida infeliz, com a privação da satisfação das necessidades mais básicas da vida para muitos!!

A Vida é luta permanente, de todos os instantes, contra a tragédia cotidiana da incerteza! A vida é a angústia, de todos os instantes, da fruição de um presente feliz, o mais feliz, que se prolongue por um futuro de dimensão irremediavelmente incerta!  A morte é certa, certo o fim dessa maravilhosa cornucópia  de incessante turbilhão de luzes, cores, sons, odores, sabores, realizações, fantasias e passatempo, em que consiste a Vida, construção e conquista individual de cada ser humano, mas incerto o seu instante!







quinta-feira, 15 de agosto de 2019

460. A Jovem Ciência Econômica


Há múltiplas definições da ciência econômica. Uma delas é o estudo da produção e da distribuição dos bens e serviços.

A economia, tal qual existe hoje, nem sempre existiu. Durante 130.000 anos, os homens viveram ao relento ou entocados em grutas, e eram meros coletores de frutos e caçadores de animais. A Terra praticamente tudo produzia. Passaram-se outros 20.000 anos, em que o homem aprendeu a comunicar-se através de símbolos, da linguagem, a Revolução Cognitiva.  Transcorreram outros 40.000 mil anos e os homens aprenderam a criar animais, plantar vegetais e guardá-los para satisfazer necessidades futuras, a Revolução Agrícola. A Terra ainda praticamente tudo produzia. Por fim, mais uns 4.000 anos decorridos, ocorre a Revolução Civilizatória, o Homem aprende a viver em grandes grupos, em cidades e a escrever, a comunicar-se por símbolos gráficos representativos de símbolos vocais e de estados interiores da mente. Durante uns l2.000 mil anos, o Homem Civilizado viveu, sobretudo, do que a Terra, propriedade de uns poucos, produzia, coadjuvada pelo trabalho de outro numeroso grupo de homens, os escravos, propriedade daqueles, que negociavam, trocavam entre si, os excedentes a suas necessidades pessoais e familiares. Mais 1.500 anos transcorreram, o primeiro milênio e meio da Era Cristã, em que, sobretudo a Terra produzia e uns poucos eram ricos, os proprietários da Terra, para os quais uma multidão de outros homens trabalhava em troca do sustento para a sobrevivência, em regime de servidão.

Nos últimos séculos desse período, cidadãos de cidades do norte da Itália e, logo posteriormente da Suíça e dos Países Baixos, descobriram que poderiam ser ricos, igualmente tão possuidores de minerais preciosos, dinheiro e bens de todo tipo desejados, valorizados e procurados, quanto os proprietários de terra, somente negociando os bens produzidos pela Natureza e  pelo Homem, produtos agrícolas e manufaturas, até mesmo o dinheiro e os contratos de compra e venda. O comércio enriquece! Um lampejo de liberdade comercial! A produção humana e o comércio livres enriquecem! A produção humana se desenvolveu.

Em 100 anos, os comerciantes ricos das cidades construíram marinhas mercantes que transpuseram os mares interiores da Europa e construíram o mercado planetário. Em 100 anos os países dos comerciantes ricos, Inglaterra e Países Baixos, constroem uma marinha de guerra que transfere a hegemonia política e econômica mundial da Espanha para a Inglaterra. Em 200 anos, os países e principados dos comerciantes ricos, Inglaterra, França, Países Baixos e Norte da Itália consolidam o desenvolvimento do conhecimento científico. Em 300 anos, os comerciantes ricos dos Estados Unidos formam o primeiro país, depois da cidade-estado de Atenas, sem rei, e os comerciantes ricos da França, os burgueses, induzem o povo a decapitar o rei, revolta essa que propaga pelo mundo esse novo estilo de governo, o governo democrático, a Revolução Política. Em 400 anos, os comerciantes ricos transferem grande carga de trabalho dos ombros dos homens, do lombo dos animais, do vento, das quedas d’água, para a máquina a vapor, a eletricidade, para o motor deslocável movido a petróleo, comunica-se instantaneamente pelo telégrafo por fios sobre a terra e sob os oceanos, fala com outras pessoas ausentes, á distância, pelo telefone sem nem as ver, vive à noite em cidades iluminadas feericamente pela eletricidade e entrevê um mundo de divertimento e encanto cinematográfico. O Homem, assombroso feito, já produz mais do que a Terra! O citadino produtor e comerciante é mais rico que o proprietário de terra e deste adquire terra para produzir matéria prima para sua indústria e para enriquecer vendendo seus frutos.

A produção humana construiu palácios, catedrais, fortalezas, armamentos, exércitos, países, marinhas comerciais e bélicas, internacionalizou o Planeta, e até mudou a agricultura, fez as mesas mais fartas e as casas mais opulentas! A atividade comercial humana fez a Terra mais fértil. Revolução industrial! Laissez faire! Laissez passer! (Deixa fazer! Deixa passar!) Produção livre! Comércio livre! Esta foi a revelação assombrosa que provocou o surgimento dessa nova ciência, a Economia: o trabalho humano livre de controle, sem coordenação (laissez faire! laissez passer!), enriquece e faz poderosas as nações! A estupefação de Adam Smith gerou o seu livro famoso, considerado marco inícial da investigação científica, denominada Economia: A Riqueza das Nações! Como pode a  anarquia, a ausência de governo, a desordem gerar a fartura, a opulência, a riqueza, o poder das nações?!

Toda essa fabulosa história recente de poucos séculos passados é, na minha opinião, o que embasa esse mais breve e importante artigo da Constituição Brasileira, e tanto, que também constitui um capítulo, o primeiro, do mais importante título dela, o último, o Título VIII – Da Ordem Social, que enfeixa a fixação do fim para que o Povo Brasileiro decidiu conferir existência ao Estado Nacional, o artigo193:  A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.Como eu amo essa Constituição e como venero esse monumental artigo193!



quinta-feira, 8 de agosto de 2019

459. Economia e Psicologia



Abro o livro “O Livro da Economia”, editado em 2012 na Inglaterra por um grupo de estudiosos, interessados em assuntos econômicos. Leio, nas páginas iniciais da introdução a seguinte citação de Galbraith, prolífico economista canadense, que prestou relevante contribuição para o êxito da monumental atividade econômica  norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial: “Na economia esperança e fé coexistem com grande pretensão científica e também um desejo profundo de respeitabilidade.”

A respeitabilidade, no meu entender, reside no fato de que a economia é uma ciência que surge numa sociedade em que se decide acabar com a pirataria, com a violência, com a extorsão. O solo social, onde viceja a Economia, é o da convivência pacífica, onde todos os homens se aglomeram abdicando do uso da violência. Não há lugar para o príncipe poderoso e esperto de Maquiavel. Foi essa a grande, e ainda hoje respeitada intuição de Bismarck, ao erigir o instituto da Previdência Social: pacificar para existir, sobreviver e progredir. A Previdência é valioso meio de construção da sociedade!

A Economia, portanto, é uma ciência que analisa o comportamento de uma sociedade altamente civilizada, de uma sociedade que soube aglutinar multidão de desiguais, e é competente para permanentemente sanar descontentamentos e estancar surtos de desagregação, ocorrências inevitáveis, porque a sociedade é a convivência de milhões de desiguais, em contínua expressão de desejos, convergentes ou divergentes, gerando milhões de complacências e também de conflitos: a mesma alimentação, ou não; o mesmo trabalho, ou não; o mesmo descanso, ou não.

De fato, Galbraith realça com razão, que a ciência econômica se nutre, fincando suas raízes nas regiões da mente em que imperam esperança e fé robustas na capacidade humana de construir uma Humanidade, onde convivam, civilizadamente, sem desconfianças mútuas, abdicando de armamentos genocidas, Trump. Bolsonaro, Maduro, Merkel, Isabel II, Putin, Xi Jimping, Kim Jong-Um, Benjamjn Netanyahu e aiatolá Hassan Rohani.

Mas, a Economia não se ocupa em analisar o conteúdo mental desse comportamento. Isso é o objeto próprio de estudo da Psicologia. A  Economia assume como realidade a autonomia humana individual, a tão falada e tão sagrada liberdade humana, apanágio da dignidade humana individual! Essa questão é debate entre psicólogos e neurocientistas. A Economia prescinde da disputa investigativa sobre a realidade do livre arbítrio humano. Concorda-se sobre o óbvio: todo ato humano é predeterminado. Tudo que fazemos é produzido por ação imediata de uma força. E as forças, conscientes ou inconscientes,  atuam aos milhões, aos bilhões no interior de nosso organismo gerando insaciáveis e incessantes necessidades e provocando ações direcionadas a assegurar a persistência na vida ou melhorá-la, progredir.

A Economia concentra-se em conhecer como funciona esse mecanismo básico de produção e distribuição de bens para satisfazer as necessidades mais básicas dessa pirâmide de oito níveis que Abraham Maslow identificou na mente humana: sobrevivência e segurança.

Razão, pois, assiste ao grande pensador Galbraith em afirmar que a Economia é uma ciência envolvida em fé, fé no relativo valor do conhecimento humano, fé na Psicologia e na Neurologia, e, sobretudo, esperança em que possa contribuir para um futuro mais feliz e esplendoroso para a Humanidade.

Costumamos lançar confiante olhar de esperança e reverência para a  Ciência médica, porque nos conserva a vida reparando os desgastes anatômicos e fisiológicos do corpo e da mente.  Não menor reverência merece a Economia que nos assiste cotidianamente, persistentemente em preservar e melhorar a vida, fornecendo-nos tudo de que precisamos para tentar sobreviver, até o remédio e o médico, porque a Vida é aquela que nós os homens a fazemos, EU E MINHAS CIRCUNSTÂNCIAS, como ensinou Ortega Y Gasset.

A Economia é uma conquista, uma conquista de todos, eu e minhas circunstâncias! Fé, Esperança e trabalho, de TODOS!