Noticiam
que o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, acaba de fazer
festiva visita ao Reino Unido. A primeira vez que ouvi o nome de Trump foi em 1983,
quando eu acabava de realizar missão para o meu País, que me fora confiada pelo
meu notável e magnífico empregador, o Banco do Brasil.
Meio
de tarde radiosa de sol de fins de setembro, início do outono, apenas chegados
de Washington, percorríamos a Quinta Avenida de New York com destino à Agência
do Banco do Brasil, quando eu e meus dois companheiros da CACEX, somos
surpreendidos por altissonante música festiva que partia de um dos prédios
laterais ao nosso itinerário. Curiosos, fomos ajuntar-nos à vasta aglomeração
de pessoas que se formara à entrada do arranha-ceu. No amplo salão de entrada feericamente
iluminado e decorado, fervilhava a multidão de proeminentes convidados que se
movimentavam e se comunicavam efusivamente, subiam e desciam nas escadas
rolantes do edifício, e se deliciavam com os variadíssimos quitutes e bebidas
expostos sobre as mesas luxuosamente ornadas e espalhadas em
profusão pelo recinto.
Transcorridas
mais de três décadas, assisto pela televisão à eleição de Trump à Presidência
dos Estados Unidos, ao seu controvertido governo e, por fim, a essa festiva
reunião com os chefes de Estado do Reino Unido, França e Alemanha. Maravilhoso encontro! Esses quatro países
comprometem-se a por fim às guerras! A História marcará essa data como a mais
importante do século XXI EC! A data em que esses países tradicionalmente
belicosos resolvem abdicar dos seus instintos genocidas.
A
História começou na Mesopotâmia, quando o Homem principiou a escrever. A
História das civilizações da Ásia Menor e do Norte da África foi a História de
pilhagem, guerra e escravidão. Essa mesma história é o relato das civilizações
grega e romana. Na Idade Média, até a religião pretendeu propagar-se por meio da conquista
armada, não apenas a muçulmana, como a cristã. Os países da Europa formaram--se
por meio de guerras, afinal a Terra era a fonte da riqueza. Terra, géia, solo
fértil, a deusa em cujo ventre se gera a Vida e de cujo ventre o trabalho
humano retira todos os bens. Inquisição, onde até santos foram queimados e
torturados. Guerras de quatro, dez, trinta, cem anos, guerras após guerras,
para conservar, recuperar e conquistar terra!
Os impérios europeus se formaram nas piratarias oceânicas e nos embates
terrestres e navais que se alastraram por todos os continentes. O Brasil foi
pontilhado de norte a sul por fortificações portuguesas, que defendiam a
propriedade do rei luso, contra as potências europeias e os habitantes indígenas,
que o conquistador tentava escravizar para produzir, acumular e, sobretudo,
consumir riqueza obtida através do trabalho desumano. O próprio país
norte-americano deve a vasta extensão territorial às conquistas militares sobre
a França e o México.
Hoje,
atemorizados por incontrolável destruição planetária de conjuntura bélica de
armas nucleares, reconhecem a necessidade imperiosa de resolverem os litígios
de maneira pacífica, através de negociações racionais e justas, através de
acordos, de maneira digna de cidadãos de um mundo realmente civilizado. É claro, e muito de lamentar, que aí, nessa
brilhantíssima e seleta reunião de líderes mundiais, esteja faltando um
importantíssimo país europeu, de longa e tremenda tradição militar e servidão,
a Rússia. Completar-se-ia o quadro
desejado de segurança mundial, se nessa gloriosa solenidade estivessem também presentes
e compartilhando do compromisso de paz, países como China, Coreia do Norte e
Irã. Nada obstante todas essas omissões,
este dia D de 2019 será doravante lembrado como a grande data mundial, onde
históricas, proeminentes e poderosas nações belicistas reconheceram a estupidez
da guerra, e se comprometeram com a agenda civilizatória da paz em qualquer
circunstância.
Isso
posto, assistindo pela televisão ao encontro preliminar de Trump com a Primeira
Ministra inglesa, permito-me uma segunda reflexão sobre o significado desse
encontro em que foi afirmada a íntima identidade de interesses entre esses dois
Estados, que no passado sacrificaram milhares de cidadãos nos campos de batalha,
um lutando pela consecução da própria soberania e o outro na tentativa de
preservar o maior império mundial então existente. Hoje compartilham do mesmo
interesse e adotam a mesma política de controle e seleção populacional, contendo
a vaga colossal da imigração que os ameaça invadir, depauperar e arruinar-lhes
o bem-estar social e degradar o alto nível de felicidade da população.
Estados
Unidos, presentemente, o segundo maior PIB mundial, apenas superado, pelo da
China, é considerado pelo Fundo Monetário Internacional, critério de Paridade
do Poder de Compra (PIB per capita, custo de vida e inflação) apenas o 12º país
mais rico do mundo, enquanto o Reino Unido é apenas o 28º e a China não aparece
nem entre os 50 mais ricos, classificada que é entre os países em
desenvolvimento.
JÁ
o World Happiness Report, anualmente publicado pela Rede de Soluções para o
Desenvolvimento Sustentável, entidade criada pela ONU, com a finalidade de promover
o desenvolvimento do bem-estar humano, e considerado o mais amplo e perfeito
conceito de riqueza e progresso nacional, usa o índice de felicidade mundial (PIB
per capita, expectativa de vida, segurança social, confiança popular no
Governo, confiança popular nas instituições estatais, percepção de liberdade e
generosidade), que coloca os Estados Unidos na 18ª e o Reino Unido na 19ª
posição mundial.
Como
se nota, a ONU e os mais credenciados sábios da atualidade adotam atualmente os
conceitos ensinados por Abraham Maslow sobre as necessidades e motivações
humanas bem como as de Martin Seligman sobre a vida feliz, que a Psicologia
assimilou como conhecimento científico, e contemplam tanto a renda pessoal como
a seguridade social (previdência, assistência à saúde e amparo às múltiplas
deficiências humanas), como elementos imprescindíveis de uma sociedade rica,
progressista, desenvolvida e feliz..
Assim,
entendo que o apoio, dado por Trump naquele encontro ao Brexit liderado pela
Primeira Ministra britânica, tinha como fundamento a política antiimigratória
por ambos resolutamente adotada, fechando as fronteiras de seus países à vaga
colossal e indistinta de alienígenas que tenta neles adentrar, deteriorando
súbita e tragicamente os níveis de riqueza, bem-estar e felicidade desses dois
povos. A população desgraçada do Mundo tenta o ingresso gratuito nos paraísos
terrestres mais ambicionados! Nada surpreendente.
Indiscutivelmente
é prioritária e sábia a adoção das políticas de aumento do PIB e da seguridade
social. Os fatos estão a gritar pela implantação de uma política de seguridade
sadia, técnica, de fato securitária, no Brasil, haja vista notícia do que
ocorre em Minas Gerais, publicada esta semana, e provocando angustiante
suspeita da enormidade dos desvios que podem ocorrer em Brasília: “"Levantamento
feito pelo G1 no Portal da Transparência do Tribunal de Contas do Estado de
Minas Gerais mostra que o maior salário do mês de abril foi de um servidor
aposentado, que recebeu R$ 249.835,38. O segundo maior vencimento, de um
analista de controle externo, foi de R$ 109.384,67. O ex-presidente e
conselheiro do Tribunal Cláudio Terrão, que pode ter que devolver o dinheiro do
mestrado, teve o terceiro maior rendimento: R$ 96.864,99. Pelo menos 19
servidores do TCE, órgão que é responsável pelo controle da gestão dos recursos
públicos e municipais, receberam, líquido, acima de R$ 35.462,00, considerado
teto constitucional."
Não
se pode, entretanto, prescindir da política populacional. Assim vem conduzindo-se
o governo chinês, que até pouco considerava crime o segundo filho de um casal e
atualmente admite até dois filhos por casal, simultaneamente, entretanto, enfatizando
a preferência por competente e audaciosa política de produção de riqueza. Claro
que, mesmo a ritmo elevado de crescimento do PIB, a consecução da meta
ambicionada de país rico e feliz, exige tempo dilatado e superação de muitos
obstáculos, sobretudo de insatisfação e impaciência populacional. Mais em
consonância com o sentimento político da sociedade atual, no entanto, é a
política populacional do governo de Singapura, que garante previdência, assistência
à saúde e instrução completa (até ensino superior completo) para o primeiro filho. Todos os filhos, a partir do
segundo, somente usufruirão da segurança estatal, na medida das
disponibilidades financeiras do Estado.
Penso
que o Brasil necessita de política desenvolvimentista abrangente, de promoção
da riqueza e da seguridade populacional. Creio que política de desenvolvimento
concentrada somente no aumento da riqueza é ilusória e destinada ao fracasso.
Temos vasta população ignorante, ociosa e de baixa produtividade. E estamos nos
propondo a adotar uma política que enfraquece o estímulo da seguridade e da confiança
no Estado. Lamentável, desastroso equívoco, no meu entendimento, amparado na
orientação da ONU, forjada no pensamento dos sábios e da ciência contemporânea.
Lester
Thurow, professor de Economia no MIT, escreveu em 1992 um livro, obra
científica de Economia de sucesso mundial, cujo título, Cabeça a Cabeça,
encarava a competição comercial entre Estados Unidos, Europa e Japão, como uma
chegada de corrida de cavalos numa disputa ganha pela cabeça do animal!
Perfilhando fundamentos analíticos muito próximos à pirâmide de motivações erigida
por Abraham Maslow, ele exalta a supremacia das empresas japonesas no mundo dos
negócios, que não se restringem apenas a
explorar o instinto consumista básico da sobrevivência de seus funcionários,
mas também os instintos superiores produtivos de vida plena e vida
significativa de Martin Seligman. Estes tão potentes quanto aquele, e fornecem
formidanda e vitoriosa energia aglutinadora à empresa.
Releio
Lester Thurow e restauro em minha memória o Banco do Brasil de minha Agência de
São Luís do Maranhão, aquela centena de funcionários em trabalho contínuo,
intenso e diário de seis, oito horas de trabalho, bem como a centena de
funcionários da Carteira de Câmbio, na Direção Geral, no Rio de Janeiro, afogada
em trabalho bancário e recebendo outros afazeres mais, porque a alta
administração pública, frustrada com os fatos, percebia não existir outro local
na República, que o Banco do Brasil,
onde ser mais bem e fielmente desempenhados! Nesta, eu, gerente, assisti ao primeiro
surto de loucura de um jovem senhor, meu subordinado, e recebi a noticia da
enfermidade mortal de um Assistente de Gerente, ambos amparados por política de
seguridade social, previdência e assistência à saúde, que, à semelhança das
empresas japonesas, os motivava a ufano e insano labor diário, e constituíra o
decisivo motivo de seu ingresso no Banco do Brasil. Na adversidade implacável e
definitiva da vida, na hora da incapacidade total, corporal e mental, eles, de fato, não se sentiram sozinhos e
irremediavelmente desamparados. Como confiaram diuturnamente, o ombro amigo,
reconhecido e poderoso do empregador amparou-os incontinente e forneceu-lhes
todas as condições de um final de vida digno, cumprindo o compromisso que com
eles assumira e fora o estímulo para tão extraordinária, prolongada e produtiva
dedicação. Como a Bolsa de Valores de
Londres, aquele magnífico Banco do Brasil não se omitiu, apresentou-se
reafirmando: Aqui estou. Sou leal. “ Minha palavra é um contrato”, e
acrescentando como os médicos sem fronteiras franceses: “Você não está só!”
Resulta
da contemplação de todo esse cenário interior, miscelânea de fatos atuais
e rememorações de longínquo passado, a
minha convicção de que não apenas é
pavoroso erro a transição do regime da previdência social do regime securitário
de prêmio tripartite para o da capitalização individual, juntamente com o
reforço de política econômica ancorada na produtividade de empresas operadas
por trabalhadores estimulados exclusivamente pelo valor da renda presente,
excluído qualquer sentimento de perenidade da segurança existencial ao longo
das incertezas e infortúnios da vida, como se faz urgente e imperioso adotar-se
política populacional de elevado nível
de esclarecimento que compatibilize a dimensão da população com o nível real do
PIB, agregando-lhe simultaneamente alto
grau de produtividade, política que necessita inculcar, como base, a responsabilidade esclarecida
pela procriação de seres humanos capacitados a assumirem o próprio destino, a formação
de um cidadão pleno, operoso e feliz.
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