quinta-feira, 8 de agosto de 2019

459. Economia e Psicologia



Abro o livro “O Livro da Economia”, editado em 2012 na Inglaterra por um grupo de estudiosos, interessados em assuntos econômicos. Leio, nas páginas iniciais da introdução a seguinte citação de Galbraith, prolífico economista canadense, que prestou relevante contribuição para o êxito da monumental atividade econômica  norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial: “Na economia esperança e fé coexistem com grande pretensão científica e também um desejo profundo de respeitabilidade.”

A respeitabilidade, no meu entender, reside no fato de que a economia é uma ciência que surge numa sociedade em que se decide acabar com a pirataria, com a violência, com a extorsão. O solo social, onde viceja a Economia, é o da convivência pacífica, onde todos os homens se aglomeram abdicando do uso da violência. Não há lugar para o príncipe poderoso e esperto de Maquiavel. Foi essa a grande, e ainda hoje respeitada intuição de Bismarck, ao erigir o instituto da Previdência Social: pacificar para existir, sobreviver e progredir. A Previdência é valioso meio de construção da sociedade!

A Economia, portanto, é uma ciência que analisa o comportamento de uma sociedade altamente civilizada, de uma sociedade que soube aglutinar multidão de desiguais, e é competente para permanentemente sanar descontentamentos e estancar surtos de desagregação, ocorrências inevitáveis, porque a sociedade é a convivência de milhões de desiguais, em contínua expressão de desejos, convergentes ou divergentes, gerando milhões de complacências e também de conflitos: a mesma alimentação, ou não; o mesmo trabalho, ou não; o mesmo descanso, ou não.

De fato, Galbraith realça com razão, que a ciência econômica se nutre, fincando suas raízes nas regiões da mente em que imperam esperança e fé robustas na capacidade humana de construir uma Humanidade, onde convivam, civilizadamente, sem desconfianças mútuas, abdicando de armamentos genocidas, Trump. Bolsonaro, Maduro, Merkel, Isabel II, Putin, Xi Jimping, Kim Jong-Um, Benjamjn Netanyahu e aiatolá Hassan Rohani.

Mas, a Economia não se ocupa em analisar o conteúdo mental desse comportamento. Isso é o objeto próprio de estudo da Psicologia. A  Economia assume como realidade a autonomia humana individual, a tão falada e tão sagrada liberdade humana, apanágio da dignidade humana individual! Essa questão é debate entre psicólogos e neurocientistas. A Economia prescinde da disputa investigativa sobre a realidade do livre arbítrio humano. Concorda-se sobre o óbvio: todo ato humano é predeterminado. Tudo que fazemos é produzido por ação imediata de uma força. E as forças, conscientes ou inconscientes,  atuam aos milhões, aos bilhões no interior de nosso organismo gerando insaciáveis e incessantes necessidades e provocando ações direcionadas a assegurar a persistência na vida ou melhorá-la, progredir.

A Economia concentra-se em conhecer como funciona esse mecanismo básico de produção e distribuição de bens para satisfazer as necessidades mais básicas dessa pirâmide de oito níveis que Abraham Maslow identificou na mente humana: sobrevivência e segurança.

Razão, pois, assiste ao grande pensador Galbraith em afirmar que a Economia é uma ciência envolvida em fé, fé no relativo valor do conhecimento humano, fé na Psicologia e na Neurologia, e, sobretudo, esperança em que possa contribuir para um futuro mais feliz e esplendoroso para a Humanidade.

Costumamos lançar confiante olhar de esperança e reverência para a  Ciência médica, porque nos conserva a vida reparando os desgastes anatômicos e fisiológicos do corpo e da mente.  Não menor reverência merece a Economia que nos assiste cotidianamente, persistentemente em preservar e melhorar a vida, fornecendo-nos tudo de que precisamos para tentar sobreviver, até o remédio e o médico, porque a Vida é aquela que nós os homens a fazemos, EU E MINHAS CIRCUNSTÂNCIAS, como ensinou Ortega Y Gasset.

A Economia é uma conquista, uma conquista de todos, eu e minhas circunstâncias! Fé, Esperança e trabalho, de TODOS!







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