Abro
o livro “O Livro da Economia”, editado em 2012 na Inglaterra por um grupo de estudiosos,
interessados em assuntos econômicos. Leio, nas páginas iniciais da introdução a
seguinte citação de Galbraith, prolífico economista canadense, que prestou
relevante contribuição para o êxito da monumental atividade econômica norte-americana durante a Segunda Guerra
Mundial: “Na economia esperança e fé coexistem com grande pretensão científica e
também um desejo profundo de respeitabilidade.”
A
respeitabilidade, no meu entender, reside no fato de que a economia é uma
ciência que surge numa sociedade em que se decide acabar com a pirataria, com a
violência, com a extorsão. O solo social, onde viceja a Economia, é o da
convivência pacífica, onde todos os homens se aglomeram abdicando do uso da violência.
Não há lugar para o príncipe poderoso e esperto de Maquiavel. Foi essa a
grande, e ainda hoje respeitada intuição de Bismarck, ao erigir o instituto da
Previdência Social: pacificar para existir, sobreviver e progredir. A
Previdência é valioso meio de construção da sociedade!
A
Economia, portanto, é uma ciência que analisa o comportamento de uma sociedade
altamente civilizada, de uma sociedade que soube aglutinar multidão de
desiguais, e é competente para permanentemente sanar descontentamentos e
estancar surtos de desagregação, ocorrências inevitáveis, porque a sociedade é
a convivência de milhões de desiguais, em contínua expressão de desejos,
convergentes ou divergentes, gerando milhões de complacências e também de
conflitos: a mesma alimentação, ou não; o mesmo trabalho, ou não; o mesmo
descanso, ou não.
De
fato, Galbraith realça com razão, que a ciência econômica se nutre, fincando
suas raízes nas regiões da mente em que imperam esperança e fé robustas na
capacidade humana de construir uma Humanidade, onde convivam, civilizadamente,
sem desconfianças mútuas, abdicando de armamentos genocidas, Trump. Bolsonaro,
Maduro, Merkel, Isabel II, Putin, Xi Jimping, Kim Jong-Um, Benjamjn Netanyahu e
aiatolá Hassan Rohani.
Mas,
a Economia não se ocupa em analisar o conteúdo mental desse comportamento. Isso
é o objeto próprio de estudo da Psicologia. A Economia assume como realidade a autonomia
humana individual, a tão falada e tão sagrada liberdade humana, apanágio da
dignidade humana individual! Essa questão é debate entre psicólogos e neurocientistas.
A Economia prescinde da disputa investigativa sobre a realidade do livre arbítrio
humano. Concorda-se sobre o óbvio: todo ato humano é predeterminado. Tudo que
fazemos é produzido por ação imediata de uma força. E as forças, conscientes ou
inconscientes, atuam aos milhões, aos
bilhões no interior de nosso organismo gerando insaciáveis e incessantes
necessidades e provocando ações direcionadas a assegurar a persistência na vida
ou melhorá-la, progredir.
A
Economia concentra-se em conhecer como funciona esse mecanismo básico de
produção e distribuição de bens para satisfazer as necessidades mais básicas
dessa pirâmide de oito níveis que Abraham Maslow identificou na mente humana:
sobrevivência e segurança.
Razão,
pois, assiste ao grande pensador Galbraith em afirmar que a Economia é uma
ciência envolvida em fé, fé no relativo valor do conhecimento humano, fé na
Psicologia e na Neurologia, e, sobretudo, esperança em que possa contribuir
para um futuro mais feliz e esplendoroso para a Humanidade.
Costumamos
lançar confiante olhar de esperança e reverência para a Ciência médica, porque nos conserva a vida reparando
os desgastes anatômicos e fisiológicos do corpo e da mente. Não menor reverência merece a Economia que nos
assiste cotidianamente, persistentemente em preservar e melhorar a vida, fornecendo-nos
tudo de que precisamos para tentar sobreviver, até o remédio e o médico, porque
a Vida é aquela que nós os homens a fazemos, EU E MINHAS CIRCUNSTÂNCIAS, como
ensinou Ortega Y Gasset.
A
Economia é uma conquista, uma conquista de todos, eu e minhas circunstâncias!
Fé, Esperança e trabalho, de TODOS!
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