A
cidade grega foi uma sociedade fantástica. Num almoço mensal da AAFBB, há
poucos anos, em que tive o privilégio de me manifestar na presença de nossa
ilustre liderança, o colega Sasseron, em razão de minha argumentação, que se
baseava nesse inconteste fato histórico, me contestou alegando a existência do
trabalho escravo naquela estupenda sociedade.
Indiscutivelmente
a cidade grega era uma civilização muito mais avançada do que todas as que
antes existiram e que então existiam. Produto humano, todavia, não podia ser
destituído de uma das características dessa produção, que é apresentar-se
permanentemente inacabada, em estado de gestação, de continuada transformação
para melhor ou para pior.
A
cidade grega era a sociedade do cidadão grego. E o cidadão grego era o homem
nela nascido, educado e domiciliado que a prezava tanto que admitia contribuir
para o pagamento de sua manutenção e fazer a guerra quando dela necessitasse a
cidade.
O
cidadão grego era o homem rico, dono de latifúndios, porque naqueles tempos a
riqueza consistia na posse de terra. O homem grego não estava ocupado no
trabalho corporal. O esforço corporal era produzido pelos animais e pelos
escravos, seres estes comparáveis aos animais.
O
cidadão grego não era, todavia, uma pessoa ociosa. Ele estava ocupado na
realização do cidadão ideal, o homem de mente sã num corpo são. Ele se
exercitava nos exercícios atléticos, na arte da guerra e no trabalho da cultura,
a saber, o estudo das ciências, na produção de poesias, de peças teatrais, e da
música. O comércio e a própria produção de palácios e templos, de esculturas e
pintura, trabalhos braçais e manuais, não constituíam ocupação de homens ociosos,
homens ricos, donos de terra, cidadão grego. Eram ocupação de homens livres, mas
não do cidadão grego.
Os
cidadãos gregos dedicavam-se, com muito esmero, ao estudo da dialética e da
oratória, que lhes eram ensinadas pelos filósofos, os sofistas. Estes eram
menosprezados pelos grandes sábios, os grandes filósofos, como Sócrates, Platão
e Aristóteles. Os sofistas eram filósofos céticos que descriam da capacidade de
o indivíduo humano obter a Verdade, o conhecimento certo, o conhecimento único
e universal de cada coisa. Eles admitiam que o conhecimento humano jamais
passaria de uma opinião individual, própria, subjetiva das coisas. O
importante, pois, era que o indivíduo possuísse uma opinião interessante e
altamente proveitosa dos assuntos sob consideração, e soubesse expô-la com
poderosa, perspicaz e convincente dialética. Os sofistas eram os professores
dos cidadãos gregos, que a cada quinzena se esmeravam na utilização da oratória
para convencer os parceiros nas reuniões na ágora, onde debatiam os assuntos de
interesse da Cidade, formulavam as leis e as promulgavam. Trabalhar para a
cidade, colaborar com o deus da cidade para a sua perenidade, bem-estar e
glória, descobrir os planos concebidos para a cidade e realiza-los era a única
ocupação reservada para o cidadão grego!
Como
se vê, o povo grego era o povo mais evoluído daqueles tempos, os últimos séculos
da era pré-cristã. Lançou a semente da civilização atual, a civilização da
liberdade, da dignidade da pessoa humana, da igualdade, da justiça, da
convivência racional, do Estado de direito, do conhecimento, do progresso, do
bem-estar social e do patriotismo.
Nada
obstante tudo isso, as cidades gregas não prevaleceram. Alexandre, da
Macedônia, educado por Aristóteles, um dos três maiores sábios da Grécia, forma
um exército capaz de vencer as tropas gregas e impõe outro destino à
Humanidade.
Sob
a influência da recordação desse fato histórico é que minha mente repassa tantos
episódios de minha quase centenária existência: final da hegemonia inglesa,
ascensão norte-americana, tentativa de supremacia alemã e japonesa, segunda
guerra mundial, guerra fria russa e norte-americana, supremacia
norte-americana, supremacia norte-americana e chinesa, dispersão do poderio
bélico nuclear.
Um
fato me parece indiscutível, as duas áreas geográficas desnuclearizadas, a
América Latina e o Continente Africano não têm a menor chance de decidir o
próximo passo da História. Pacificamente, a direção imediata da História está
sendo decidida pelos Estados Unidos e China. Belicamente, o primeiro passo da
História será dado por qualquer das nações nuclearizadas, entre as quais
avultam como mais fortes candidatas, no momento, Coreia do Norte, Israel,
Estados Unidos e Irã.
Não
tenho informação sobre o que restaria da Terra, depois da ocorrência de uma conflagração
atômica mundial. Creio que a normalização da vida e da sociedade humana só ocorreria passados
séculos. Aí, então, África e América Latina surgem como candidatos a palcos da
reconstrução da História... A vida é um acidente frágil e raro, mas
persistente...
A
aceleração dos passos normais do progresso do Mercosul está, na minha opinião,
fortemente freada por sua posição geográfica. Entendo o que se passava pela
mente do Presidente Nestor Jost, quando em fins de 1969 me levou com ele à
África (África do Sul, Moçambique e Angola), mercados próximos, numa tentativa
de incrementar o fluxo de comércio próximo e confiável entre o Brasil e a
África.... Persistente sonho de certas lideranças brasileiras, com fortes
obstruções, sobretudo sociais.
E
ainda exigiria concomitante e extraorninário desenvolvimento científico,
técnico e econômico brasileiro.
Caro, Edgar, li o teu texto, que primor!A guerra nuclear principal se daria entre cinco superpotências nucleares hoje, EUA, Russia, Reino Unido, China e França, ão as principais potências com grandes arsenais e mísseis hipersônicos, que voam a 12.000 KM por hora e e alcançam200 a 400Km de altitude, a maioria carrega de oito a doze ogivas de bombas de hidrogênio, ou seja, em questão de meia-hora o mundo todo estaria devastado, Leia sobre a Tzar bomba da URSS em 1961, de lá para cá a tecnologia de miniaturização de ogivas avançou muito!Os países com maiores sobreviventes seriam os que mais possuem Bunkers, reserva de água, alimentos, trajes e filtros para barrar a radiação, e os países que mais tem bombas nucleares são justamente os que mais possuem esses bunkers, a América Latina e África são alvos fáceis de queimar, sem recursos para suportar um inverno nuclear nem os efeitos da contaminação do solo, água, ar.Seria terra arrasada, mas se algo permite a sobrevivência, e a elite mundial sabe disso, são esses bunkers, com espessas camadas de concretos, aço, portas de vedação, filtros para descontaminação do ar e água, muita água estocada em galões, poços impermeáveis, e, mais ainda, muita comida em estoque, e armas muitas armas para afastar invasores, sejam civis ou militares.Grande abraço!
ResponderExcluirEstimado Paulo
ResponderExcluirObrigado pela informação.
Edgardo Amorim Rego
https://www.youtube.com/watch?v=fBgP9nq7bv4
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