sábado, 25 de agosto de 2018

419. Meu Brexó de Textos, de Carlos Trigueiro



Acabo de ser agraciado, um lustro passado, com o segundo presente de príncipe, “Arrastão de Textos”, última produção, publicação do corrente ano pela editora Imprimatur do Rio de Janeiro, da obra literária de Carlos Trigueiro, que é estudada em escolas e universidades norte-americanas como o são as de Garcia Marques, Pablo Neruda e Jorge Luis Borges. Esta segunda joia, recebi-a pelo Correio. Já a primeira, “Meu Brexó de Textos”, deixou-me o autor aqui na portaria do meu prédio, no início do ano de 2014.

Naquela época, sob o impulso da emoção, que a leitura do livro me suscitara, redigi uma apreciação da obra literária de Carlos Trigueiro que não ousei dar publicidade, porque reconheço que não possuo qualificação para produzir análise literária. Nada obstante, como manifestação de minha admiração pela obra e pessoa do amigo e literato Carlos Trigueiro, ouso dar publicidade agora, incluindo-me humildemente entre a legião de admiradores da genialidade do autor de “Arrastão de Textos” e “Meu Brexó de Textos”:

Aqui, em “Arrastão de Textos”, o leitor apaixonar-se-á por Rex, o amigo canino do autor que se tornará irremediavelmente amigo eterno do leitor, graças a um desses “capítulos inesquecíveis” que o escritor, crítico, músico e professor Victor Giudice disse Trigueiro compor. Na opinião do multiartista, pintor, crítico, escritor, ator, roteirista e cineasta W. J.Solha, a leitura das obras de Carlos Trigueiro é a leitura do melhor da contemporânea literatura brasileira. O editor, crítico, jornalista e escritor Luís Antônio Giron afirma que Carlos Trigueiro, em “O Livro dos Desmandamentos” comete um ato literário perfeito. Opinião também abraçada pelo escritor e poeta Paulo Bentancour: “...é um dos melhores lançamentos dos últimos anos no país,,, O resto do país que trate de ler Carlos Trigueiro. Terá descoberto um grande escritor...” E o poeta, escritor, crítico e professor Affonso Romano de Sant’Ana repete semelhantes elogios: “Carlos,..., foi uma boa surpresa a leitura do seu livro. Você é um escritor e tanto... Você constrói um ambiente brasileiro, latino-americano, e não há como não estabelecer vínculos com a melhor literatura continental, sem que se trate de submissão criativa, e sim de linhagem ficcional... Aquele capítulo das Virgens...é magnífico na sua rudeza e quase meiguice agreste... Apenas para adiantar o meu entusiasmo. Você... tem mesmo uma obra a ser mostrada a quem tem interesse em literatura de verdade. Parabéns.” O jornalista, repórter, cronista, cinéfilo e editor Araújo Neto deliciou-se na leitura de “O Livro dos Ciúmes”, onde identificou: “poesia da melhor..., erotismo de bom gosto, drama...boa comédia popular..., e até uma crônica admirável do Rio de Janeiro... Um Rio de Janeiro que parece descrito novamente pelo ectoplasma do melhor Joaquim Maria Machado de Assis...”

Carlos Trigueiro é um aposentado do Banco do Brasil, formado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e pós-graduado em Disciplinas Bancárias pela Universidade de Roma. Ele deixou registrada brilhante trajetória funcional no Banco do Brasil, trabalhando entre l964 e 1996, na agência de Roma e nos escritórios de Madri, Macau e Chicago. Cidadão brasileiro e do Mundo!

Lá pela década de 80 do século passado, tomei conhecimento da existência de certo colega já famoso por obras literárias de reconhecido valor, Carlos Trigueiro, e que trabalhava no exterior. Conhecê-lo pessoalmente, porém, só muito recentemente, pelos meados do ano de 2012, que o vi, sentado à mesa da Diretoria, em determinado almoço mensal na AAFBB, aqui do Rio de Janeiro, alvo, é claro, das justas homenagens que na ocasião lhe prestamos.

Mais recentemente, sentamos à mesma mesa, juntamente com Rui Brito, no almoço de fim de ano, em dezembro de 2013, para congraçamento dos associados, promovido pela AAPBB, então presidida pelo intrépido colega e amigo Adrião. Trigueiro fez-me, nessa época, o presente do último livro seu publicado, “Meu Brechó de Textos”, cuja entrega ocorreu, aqui mesmo na minha residência, dias depois, já em janeiro.

Acabo de ler essa joia de obra literária. Evidente que não ouso produzir uma apreciação desse tipo de trabalho, porque careço de competência para tanto. Mas, nada obstante, quero deixar aqui expresso que me impressionou a elegância, diria clássica, da frase. Experimentei a impressão de que aquelas narrativas estariam sendo escritas por um príncipe da literatura, um Raul de Leoni ou um Olavo Bilac.

Mais que isso, brota da prosa e dos versos a imagem de uma pessoa altamente culta e com extraordinária percepção e sensação da angústia existencial humana, onde o leitor se defronta com ressonâncias da  inquirição genial de vultos históricos como Schopenhauer, Kierkegaard, Heidegger, Sartre e Karl Jaspers. Proporciono-lhe, amigo leitor, a oportunidade de, como eu, experimentar quão profundamente Carlos Trigueiro se acha mergulhado, a exemplo dos grandes dramaturgos gregos, no âmago da tragédia existencial do Homem. Veremos o nosso eminente colega tal qual me parece ser: um homem da modernidade totalmente imerso na realidade atual da pós-modernidade e com ela assombrado.

Assim ele se mostra em suas citações:

“É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir!” (José Gomes Ferreira)

“Por que é que este sonho absurdo a que chamam realidade não me obedece como os outros que trago na cabeça?”

“Ouçam a longa história de meus males, e curem a sua dor com a minha dor, que grandes mágoas podem curar mágoas.” (Camões)

E o próprio Trigueiro se revela: “... hoje sou  apenas menestrel das minhas inquietações, imperfeições e fraquezas”. É exatamente assim que ele se apresenta: escritor, mais sensibilizado pelo fenômeno da fugacidade da vida humana do que pelo do anseio da imortalidade!

Mas, essa personalidade, que tentei delinear a meus amigos, se revela esplendorosa em versos extraordinariamente comedidos, elegantes e profundos, joias produzidas com o fabuloso domínio da matéria pelo cinzel mágico e preciso de um joalheiro de sonhos, de rara destreza:

“Tenho as mãos cheias
De anseios molhados,
De suores destilados
De sonhos desfeitos
Em lençóis sem leito.”

 “Daí a frieza nos túmulos:
Início e fim.
Acabou-se.
Entre as datas,
Há um intervalo
Que representa tudo,
Mas vira nada,
Desaparece,
Não deixa resto,
Fica vazio.
Esse vazio é o que a vida foi.
E como o que foi já não é –
Esse vazio, um intervalo
Entre datas,
É o mistério da vida.”

Depois de ler esse livro, um foco de luz me explodiu na mente como um fogo de artifício: Grande escritor, o meu colega e amigo, Carlos Trigueiro!”

Leiamos Carlos Trigueiro. Torna-nos-emos mais gente, imperceptivelmente, e de forma magicamente prazerosa.





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