A
Previdência Social surgiu na face do planeta Terra há cerca de130 anos graças à
decisão do Chanceler de Ferro, chefe de governo do estado europeu Alemanha. A
Previdência Social está sendo reformada no Brasil pelo capitão reformado, atual
Presidente da República. Aquele era um nobre junker advogado. Este é cidadão da
classe média, ex-militar. Ambos dedicaram-se à atividade política. Aquele, Otto
von Bismarck propôs-se criar o Império Germânico. Este, Jair Messias Bolsonaro,
propõe-se evitar a bancarrota do Brasil e recolocar o País em marcha acelerada
para um futuro de Estado da vanguarda mundial.
Aquele
conseguiu realizar seu plano mediante o autoritarismo político; a modernização
econômica (livre concorrência e industrialização); o militarismo e a paz social.
Otto von Bismarck criou a Alemanha, Estado que, apesar das vicissitudes que
passou, ainda hoje existe e figura entre as mais importantes dentre as centenas
de nações atuais. Bolsonaro pretende realizar seu objetivo cumprindo uma
Constituição democrática do Bem Estar Social; restaurando o respeito à Ordem, à
Lei (Brasil acima de tudo); resgatando a moralidade tradicional e extirpando a
corrupção da atividade pública (Deus acima de todos)); e promovendo o
Progresso (ajustando as contas do Estado e criando um ambiente econômico nutriz
do empreendimento).
Bismarck
comandou a política da Prússia na segunda metade do século XIX. A última
tentativa de criar um Estado Europeu, a de Napoleão, fracassara. O Sacro
Império Romano Germânico se extinguiu com a indiscutível soberania da Prússia
de Guilherme I, o Grande, coroado imperador da Prússia no próprio palácio de
Versalhes, pelo chanceler Bismarck, ante a França abatida numa guerra pela
Prússia, a Confederação dos estados germânicos, o estado moderno da Alemanha . Por
umas dezenas de anos, a Europa é conduzida por uma política de entendimento
entre as principais potências europeias: Inglaterra, França, Alemanha, Rússia,
Áustria e Itália, coadjuvadas pelos Estados Unidos e Japão. Inglaterra e França
ampliam seu império mundial na África e no Oriente. Alemanha o constrói na
África. A Rússia e o Japão o edificam no Oriente. Os Estados Unidos ampliam seu
território nas Américas e Ásia.
O
sucesso prussiano foi arquitetado por Bismarck e realizado pelo povo germânico,
de caráter enrijecido pelo trabalho árduo sob clima adverso, lapidado segundo o
evangelho cristão luterano-calvinista do trabalho e riqueza, prenúncio da
eleição divina. Contemporâneo de Karl Max e Nietsche, Bismark pertencia a uma
elite prussiana excepcionalmente culta, que estudou Newton, David Hume, Adam Smith,
Voltaire, Rousseau e os filósofos idealistas alemães e cujos empresários
competentes e criativos já emulavam em
realizações com os pioneiros industriais ingleses. Bismarck e a Prússia estavam
plantados no umbral do Mundo Moderno, o Mundo do conhecimento e da informação,
em que o indivíduo humano tudo conhece e
de tudo está informado, e, por isso, é livre e sabe o de que precisa para ser
feliz, que tem direito ao bem estar, bem como os deveres que reclamar do Estado
para que se concretize o ambiente social que viabilize a possibilidade do bem
estar individual. Nada obstante, Bismarck não admitia as novas ideias de um
país, um Estado, sem rei. A própria França, mal decapitara o rei, restaurara o
trono para um imperador. Mas, o imperador existe para defender o Estado contra
os inimigos externos e promover a paz interna, ambiente imprescindível para o
trabalho operoso, produtivo, progressista.
Ora,
o ambiente social do século XIX era extremamente agitado pela revolução
socialista, inclusive na Prússia, em processo de intensa industrialização,
sociedade instruída, já dotada de ampla rede jornalística de informação e
comunicação. Bismarck tinha plena consciência de que o capitalismo estava
impulsionando o progresso da Europa e proporcionando um porvir venturoso que já
despontava na sociedade da Belle Époque, com suas estâncias minerais, cidades
praieiras, viagens transatlânticas em vapores, transporte ferroviário movido à
maquina a vapor, automóveis, telégrafo,
telefone, a iluminação elétrica das casas e pública e até cinema. Tudo isso era
viabilizado pelo liberalismo econômico, pela sociedade competitiva. Mas, Karl
Max vaticinara com argumentos vigorosos o fracasso do capitalismo, a revolta
operária e que essa se iniciaria exatamente nos países mais industrializados. Era
patente que a revolução socialista estava em marcha, atiçada por lideranças
esclarecidas e competentes.
Mas,
Bismark possuía uma intuição avassaladora: um Estado é uma sociedade, um grupo
de pessoas em estreita convivência, tão estreita que nem a competição as pode
separar, nem as diferenças as pode afastar, porque todos nela encontram o
ambiente seguro de sua realização, onde todos são capazes de realizar o projeto
pessoal de vida plena, significativa e feliz. Ele percebeu que os ativistas
socialistas propalavam ideias sensatas sobre o valor do trabalho e sobre os
direitos dos trabalhadores.
Ele
intuiu as verdades fundamentais. A geração presente foi lançada na vida pela
geração precedente, sem seu consentimento e sem consulta, por puro egoísmo,
para a fruição da própria felicidade, a sobrevivência, a expansão da duração da
vida e a elevação do seu nível de qualidade (sobrevivência “sem dor no corpo e
sem angústia na alma”). A angústia máxima da alma é a insegurança do futuro, a
morte e a sobrevivência sem condições de subsistência, sem condições de
trabalho por incapacidade (doença, acidente ou envelhecimento).
O
trabalho é o instrumento humano da expansão e da elevação do nível qualitativo
da vida. O trabalho, como ensina a Constituição Brasileira, transforma a Terra
em Capital e o Capital em Valores que prolongam a vida e refinam a sua
qualidade.
O
trabalho, pois, da egoística geração precedente lega à geração atual tudo o que
ela dispõe para construir sua felicidade, seu bem estar. Todos os valores que a
atual geração usufrui e a faz feliz é produto do trabalho da geração precedente
e propriedade desta, portanto. Nada mais justo, pois, que a geração atual ampare
a geração precedente, quando essa se torna incapacitada para o trabalho, por
motivo de doença, acidente ou envelhecimento. Não se trata de um ato de
caridade, de uma benevolência, de um ato de compaixão. Trata-se de um direito
da geração passada, de um direito social, em relação à geração presente.
Trata-se, pois, de uma obrigação social da geração presente. Existe, consequentemente,
o direito social da geração passada de ser sustentada pela geração presente,
caso se torne inabilitada para o trabalho por doença, acidente ou envelhecimento.
E
quem é o gestor dos direitos e deveres sociais? É o Estado, porque o Estado são
todas as pessoas, todos os cidadãos, todas as gerações vivas se autogovernando.
Essa foi a notável intuição de Bismarck na década de 80 do século XIX: o
trabalhador tem o direito social de sobrevivência e o Estado tem a obrigação de
provê-la! A Previdência Social é obrigação do Estado!
As palavras do próprio Bismarck são expressão
comovente, sensacional de clarividência e sabedoria: “Consideramos
ser de nosso dever imperial pedir de novo ao Reichstag que tome a peito a sorte
dos operários. Nós poderíamos encarar com uma satisfação muito mais completa
todas as obras que nosso governo pôde até agora realizar, com a ajuda visível
de Deus, se pudéssemos ter a certeza de
legar à Pátria uma garantia nova e durável, que assegure paz interna e desse
aos que sofrem a assistência a que têm direito... Achar meios e modos de tornar efetiva esse solicitude é, certamente,
tarefa difícil mas, ao mesmo
tempo, uma das mais elevadas e um estado
fundado sobre bases morais da vida cristã.”
E o notável chanceler encontrou os meios
e os modos de realizar o seu projeto de previdência social, a argamassa da
convivência pacífica, a cola aglutinadora que transforma a multidão num Povo,
num Estado! O trabalhador incapacitado será sustentado pelo Estado com recursos
provenientes de contribuições proporcionadas pelo trabalhador, empresa e
Estado, ao longo de sua vida laboral.
A previdência social foi, assim,
viabilizada. Possibilitou a realização do Estado justo e o bem estar social,
onde se tem garantia de um vida mais duradora e menos angustiada, afastado o
espectro da vida do incapacitado, sem meios de subsistência a que tem direito, pelo
Estado competitivo e solidário, o Estado progressista e pacífico.
(continua)
Prezado Mestre Edgardo,
ResponderExcluirDurante 34 anos contribuí para a Previdência Social, quase sempre pelo teto máximo. Quando recebi meu primeiro benefício de aposentadoria, no final de 1998, cheguei à conclusão de que LEVEI UMA GRANDE RASTEIRA DO INSS.
É por esta e outras rasteiras que já não acredito mais em previdência social pública (INSS) ou complementar aberta ou fechada. Os jovens de hoje que abram os olhos para a velhice no futuro.
Voltarei para conhecer o final de sua mensagem.
Um abraço,
Genésio - Uberlândia/MG.
Preado Genesio
ResponderExcluirTambém acho que transformaram a Previdência Social brasileira num logro...
Edgardo