Mensagem
Evolução
da Previdência: passado, presente e desafios para o futuro
37.
Implicações demográficas. No caso do
sistema previdenciário brasileiro, principalmente no âmbito do RGPS, financiado
por repartição simples, a transição demográfica implicará transformações
radicais no mecanismo de funcionamento atuarial do sistema, tanto pelo aumento
das despesas (crescimento do número de idosos inativos e maior duração dos
benefícios recebidos), mas também pela possível redução dos contribuintes
decorrente do encolhimento da população economicamente ativa ao longo do tempo.
Minha
opinião
Depende
da política que o Governo adotar. Idade mínima para aposentadoria, e ajustável
periodicamente, em curtos períodos, já resolverá, e muito, o problema. Baixar o
insensato elevadíssimo nível de remuneração de políticos, revisão da política
de representantes do Povo e do judiciário (já
tratamos desta matéria no texto Reforma Redentora), essa é política
imperiosa, urgente e direta para baixar os gastos da previdência e torna-la
mais justa. Acho que instituir o que aí se diz (reserva atualizada do valor de
todos os compromissos futuros previdenciários calculados atuarialmente), valor
tão astronomicamente gigante que considero insensatez!
Há
uns dois anos, um trabalhador do meu ex-patrâo se aposentou com menos de 50
anos e com mais de R$50mil de aposentadoria. É crueldade impedir aposentadoria
tão precoce ou obrigação governamental?
Trabalho
é pena, castigo, ou a mais valiosa das ocupações do tempo? O que dizem a
Psicologia e a Pedagogia?
O
que afinal faz a mecanização da produção? Ela transfere para a máquina os trabalhos
mais pesados, mais incômodos, mais repetitivos, mais estressantes. Ela faz mais
rapidamente certos trabalhos que o homem e faz trabalhos que o homem é incapaz
de fazer como, por exemplo, chegar às vizinhanças do Sol.
Vimos,
no texto anterior, que existe população sobrando no mundo, oceanos de
migrantes. Quanto mais velho, mais o indivíduo humano sente necessidade do
outro. A humanidade necessita procriar. Agora mesmo a China eleva de um para
dois o número de filhos admissível por casal. Na China existe política
populacional, que acaba sendo política econômica, e que possibilita política
previdenciária! No Brasil existe procriação irresponsável, com consequência de
inviabilidade de política de saúde e previdenciária...
Ministro
38.
Elevado patamar de despesas
previdenciárias. O nível de despesa previdenciária observado é destoante da
experiência internacional, visto que tal patamar de gastos é verificado somente
em Países de estrutura populacional mais envelhecida. Tal situação dificulta,
em larga medida, a alocação de recursos para outras políticas públicas,
pressiona a carga tributária e o endividamento público e tende a diminuir o
investimento. Em 2017, a despesa pública com previdência chegou ao patamar de
R$ 890,7 bilhões, que representou 13,6% do PIB. Tal dado considera a despesa do
RGPS, do RPPS da União, despesa com militares (reserva, reforma e pensão) e RPPS
de Estados e Municípios. O déficit agregado chegou a R$ 362,6 bilhões (5,5% do
PIB). Se também for considerada a despesa com BPC/LOAS, a despesa atinge 14,4%
do PIB (R$ 944 bilhões).
Minha
opinião
Já
vimos que o vilão nessa tragédia nacional não é o povão, mas o RPPS, a
previdência do setor público, que nada num mar de benesses. O setor público é
que deve ser disciplinado.
Mensagem
39.
Crescimento insustentável das despesas
previdenciárias. Embora as trajetórias e magnitudes sejam distintas,
evidencia-se um fenômeno semelhante na avaliação fiscal de todos os regimes
previdenciários públicos no Brasil: o crescimento da despesa dá-se de maneira
mais acelerada do que o da receita, acarretando o aumento dos deficit (ou
redução de superavit no caso dos RPPS dos Municípios). A despesa do RGPS
cresceu de 4,6% do PIB, 50 em 1995, para uma estimativa de 8,6% do PIB em 2018,
ou seja, uma alta média anual da ordem de 0,17 p.p. do PIB. Tal média
representou um crescimento de 2,0 p.p. do PIB a cada 11,6 anos. Entre 1995 e
2018, a despesa do RGPS cresceu à média de 6,2% a.a. em termos reais (acima da
inflação), o que implica mais que dobrar a cada 12 anos. Gráfico – Evolução da
Despesa, Receita e Resultado do RGPS em % do PIB 1995 a 2018 Fonte: Elaboração
da Secretaria de Previdência
Minha
opinião
Claro!
Aumentando, cada ano, os anos de inatividade dos indivíduos hígidos, aumentando
cada ano o contingente de aposentadorias privilegiadas do serviço público e
aumentando, cada ano, generosamente o valor dessas aposentadorias, a certeza do
desastre financeiro da Previdência é fato inevitável! A primeira medida para
resolver o problema da Previdência Social é a medida mais óbvia: Previdência é
para a pessoa inabilitada para o trabalho. A segunda medida já é bem mais
difícil de implementação, porque consiste na aquisição de um hábito por ambos,
Povo e Governo Brasileiro: convencer-se de que o trabalho é a mais vantajosa,
mais preciosa e mais gratificante forma de ocupar o tempo. Ah! Como era
agradável a convivência com os colegas nas dependências do Banco do Brasil!
Gerente da Carteira de Câmbio do Banco do Brasil. Os auxiliares de Gabinete
permitem o ingresso, na minha sala, de
um colega já idoso, que me relata seu infortúnio e externa sua súplica: “Dr. Edgardo,
fui despejado da Contadoria, que está sendo informatizada. Venho suplicar um
modesto posto em sua equipe, porque não quero me aposentar, quero morrer
trabalhando.”
Mensagem
40.
Causas do crescimento acelerado das
despesas previdenciárias. O aumento da despesa previdenciária possui
diversas fontes tanto diretas como indiretas. Dentre as principais,
destacam-se: (a) dinâmica demográfica de envelhecimento
populacional, o que causa aumento da sobrevida em idades avançadas,
acarretando maior duração de benefícios; (b) formalização do mercado de trabalho, o que leva ao crescimento da
cobertura previdenciária no RGPS, e, por conseguinte, ao crescimento das
concessões de benefícios; (c) aumento do
salário mínimo em termos reais, efeito decorrente principalmente da
política de valorização real observadas nos anos recentes, a qual possui
impacto direto na despesa previdenciária, uma vez que o piso previdenciário é
igual ao salário mínimo (recebido por cerca de 2/3 dos beneficiários do INSS);
(d) crescimento dos salários em termos
reais, o que faz com que os valores de concessão de benefícios sejam
maiores do que os dos benefícios cessados ao longo do tempo; (e) políticas antigas de reposição de pessoal e
crescimento real das remunerações dos servidores públicos, o que afeta o
desempenho fiscal dos RPPS de União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
(f) parâmetros do sistema previdenciário
bastante benevolentes quando comparados aos verificados internacionalmente,
em relação às regras de elegibilidade, cálculo e reajuste dos benefícios como,
por exemplo, a possibilidade de concessão de aposentadorias em idades precoces,
a qual eleva o período médio de gozo dos benefícios e, no caso dos servidores
que ingressaram no serviço público até 2003, a aposentadoria com base no último
salário, ao invés da média das contribuições ao longo da vida laboral.
Minha
opinião.
Abstratamente, maior expectativa de vida, maior despesa
previdenciária. Concretamente não, se for periódica e correspondentemente
atualizada a idade mínima para a aposentadoria.
A formalização do mercado de trabalho é fato
altamente auspicioso e sinal de produtividade. Se provoca aumento de
despesa previdenciária é porque aumentou a renda, a riqueza da sociedade, e
provavelmente mais que a despesa previdenciária. É importante examinar se a
renda está, de fato, justa e sabiamente distribuída.
Aumento do salário mínimo é política
trabalhista do Governo. Não pode ser compensada atravésde de intervenção nem
reforma na área da Previdência Social. O Governo adota a política trabalhista
que pensa correta e pode ajustá-la ao interesse geral da Nação, mormente à paz
social.
Num mercado competitivo, o salário
real é exatamente o mínimo que pode ser e fornecido pelo próprio mercado. O
Brasil, como o Mundo inteiro capitalista, cresceu em renda e riqueza, neste
último século, e a previsão é que cresça mais ainda no futuro.
Concordo que haja irracional
remuneração do serviço público, sobretudo na entourage dos postos de comando e
nos postos de
servidores não-concursados. Acho que este seria o segundo ambiente em que a
reforma da Previdência Social está clamando por corretivo.
É
evidente o abuso de aposentadorias suntuárias no serviço público e quanto mais
alto o posto mais absurdas costumam ser as condições de aposentadoria. Mas,
atente-se, aposentadoria é manter o digno nível de vida de trabalhador ativo,
quando incapacitado. Não é a política previdenciária geral o problema, o
problema reside na política salarial e ´previdenciária do serviço público,
particularmente dos níveis mais altos da hierarquia de comando, que elaboram as
próprias normas de remuneração (Presidência, Câmara de Deputados, Senado,
Supremo Tribunal Federal etc!...)
Mensagem
41.
Limitação de outras políticas públicas.
O cenário de crescente absorção de recursos orçamentários para fins
previdenciários ocorre numa realidade econômica desafiadora tanto para a União
como para os entes federativos, na medida em que a previdência pública já
representa elevada participação nas despesas totais. No caso da União, é
notável o crescimento da participação da despesa previdenciária no orçamento. A
despesa com o RGPS passou a representar de 35,4% para 43,4% da despesa primária
entre 1997 e 2018. Nesse contexto, a pressão fiscal oriunda da crescente necessidade
de financiamento da previdência requererá o contínuo direcionamento de recursos
orçamentários de outras políticas públicas. Em 2018, considerando RGPS, RPPS da
União de civis, militares e Fundo Constitucional do Distrito Federal ― FCDF,
chega-se a uma despesa pública com previdência, apenas na União, da ordem de R$
717,5 bilhões, o que representou cerca de 53% da despesa primária. Ao se
considerar, adicionalmente, a despesa com BPC/LOAS, o montante se eleva a R$
773,7 bilhões ou cerca de 57% da despesa primária. Somando os gastos com
pessoal ativo, atinge-se praticamente 70% da despesa primária, sobrando uma
parcela muito pequena para utilizar nas demais políticas públicas. Como
exemplo, o total gasto com investimentos pela União, imprescindíveis para a melhoria
da qualidade de vida das pessoas e para um crescimento econômico sustentado,
atingiu apenas R$ 44 bilhões em 2018. Sem ajustes, o comprometimento do
orçamento com gastos previdenciários deve crescer de forma expressiva.
Minha
opinião
Claro,
a política previdenciária carrega muitas distorções, e graves, que precisam ser
corrigidas. Mas, a proposta aqui apresentada é de extinção, não é de reforma. E
o que neste trecho se argui é decorrente da má gestão dos recursos públicos,
caracterizada por gastos desvairados, como de um Presidente da República que
dispõe de três palácios, um para morar, outro para trabalhar e um terceiro para
relaxar! E de um Presidente da Câmara de Deputados que oferece almoço aos
colegas para discutir matérias em tramitação na citada corporação. E de uma
Câmara de Deputados, da qual um componente confessa que, nos dias de trabalho, posta-se
na cadeira do bar, e não na sua cadeira do salão de trabalho da Câmara!
(continua)
Prezado Edgardo,
ResponderExcluir"Há uns dois anos, um trabalhador do meu ex-patrâo se aposentou com menos de 50 anos com mais de R$50mil de aposentadoria."
Deve ser um dos diretores da Previ aposentado em 2017. Ou não?
Feliz Páscoa pra você e familiares.
Genesio amigo
ResponderExcluirExtinguir a Previdência Social é um passo na MARCHA DA INSENSATEZ, que a historiadora Tuchman já profligou em famoso livro. Reconduzi-la a sua realidade de instrumento de uma sociedade humana feliz, porque segura e nos limites da normalidade e justiça, é obra de inteligência e juízo.
Edgardo Amorim Rego