terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

484.A Marucha, Nos Seus 70 Anos



            Felicito-a hoje, no dia dos seus setenta anos, tomando emprestadas as produções de alguns poetas famosos.

            Inicio, utilizando-me de uma poesia de Olavo Bilac, dizendo-lhe que para mim nada existe de mais grandioso na face da Terra, que o amor entre o Homem e a Mulher, e isso é tão impressionante que na primeira lenda bíblica, a da criação, no Gênesis, elaborada há uns cinco mil anos, lá está, veja só, que Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, macho e fêmea o criou, isto é, o Amor é a Criação, o Amor é Tudo, o Amor é o Universo.

Criação
Olavo Bilac

Há no amor um momento de grandeza,
Que é de inconsciência e de êxtase bendito:
Os dois corpos são toda a Natureza,
As duas almas são todo o Infinito.

É um mistério de força e de surpresa!
Estala o coração da terra, aflito;
Rasga-se em luz fecunda a esfera acesa,
E de todos os astros rompe um grito.

Deus transmite o seu hálito aos amantes:
Cada beijo é a sanção dos Sete Dias,
E a Gênese fulgura em cada abraço;

Porque, entre as duas bocas soluçantes,
Rola todo o Universo, em harmonias
E em glorificações, enchendo o espaço!

            Assim, folgo em renovar hoje, no dia que completa 70 anos, através de lindos versos do poeta do amor, o grande Vinicius de Moraes, a confissão que lhe fiz, perante a sociedade e o Estado, há cinqüenta e um anos, numa radiosa manhã da cidade de São Luís do Maranhão, na igreja de Nossa Senhora dos Remédios :

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, ...,
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
(Soneto do Amor Total)




Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
(Soneto de Contrição)

Eu sem você
Não tenho porquê
Porque sem você
Não sei nem chorar
Sou chama sem luz
Jardim sem luar
Luar sem amor
Amor sem se dar

Eu sem você
Sou só desamor
Um barco sem mar
Um campo sem flor
Tristeza que vai
Tristeza que vem
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém.
(Samba em Prelúdio)

Vai tua vida
Teu caminho ê de paz e amor
Ah, tua vida
É uma linda canção de amor.

Abre teus braços e canta
A última esperança
Esperança divina
De amar em paz.

Se todos fossem iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar
A sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar

Como o sol
Como a flor
Como a luz

Amar sem mentir
Nem sofrer
Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê

Se todos fossem no mundo
Iguais a você.
(Se todos fossem no mundo iguais a você)

            Mesmo assim, não me furtarei a tomar de empréstimo versos de Luís de Camões, porque, na minha opinião, ninguém soube como ele expressar a intensidade de um amor humano:

I
Julga-me a gente toda por perdido,
vendo-me, tão entregue a meu cuidado,
andar sempre dos homens apartado,
e dos tratos humanos esquecido.

Mas eu, que tenho o mundo conhecido,
e quase que sobre ele ando dobrado,
tenho por baixo, rústico, enganado,
quem não é com meu mal engrandecido.

Vão revolvendo a terra, o mar e o vento,
busquem riquezas, honras, a outra gente,
vencendo ferro, fogo, frio e calma;

que eu só em humilde estado me contento,
de trazer esculpido eternamente
vosso fermoso gesto dentro n'alma.

II
Olhos fermosos, em quem quis Natura
mostrar do seu poder altos sinais,
se quiserdes saber quanto possais,
vede-me a mim, que sou vossa feitura.

Pintada em mim se vê vossa figura,
no que eu padeço retratada estais;
que, se eu passo tormentos desiguais,
muito mais pode vossa fermosura.

De mim não quero mais que o meu desejo:
ser vosso; e só de ser vosso me arreio,
porque o vosso penhor em mim se assele.

Não me lembro de mim quando vos vejo,
nem do mundo; e não erro, porque creio,
que, em lembrar-me de vós, cumpro com ele

III

Quando da bela vista e doce riso,
tomando estão meus olhos mantimento,
tão enlevado sinto o pensamento
que me faz ver na terra o Paraíso.

Tanto do bem humano estou diviso,
que qualquer outro bem julgo por vento;
assi, que em caso tal, segundo sento,
assaz de pouco faz quem perde o siso.

Em vos louvar, Senhora, não me fundo,
porque quem vossas cousas claro sente,
sentirá que não pode merecê-las.

Que de tanta estranheza sois ao mundo,
que não é de estranhar, Dama excelente,
que quem vos fez, fizesse Céu e estrelas.

            Encerro esta confissão, valendo-me de versos de Cora Coralina, para afirmar-lhe que, de fato, não me atraiu o fascínio de realizações que me tornassem célebre na história de nossa sociedade, embora, sem dúvida, fui celebridade em minha época, você sabe, inclusive com retrato exibido com honra pelo Eximbank dos Estados Unidos na revista comemorativa do seu cinqüentenário. Meus planos sempre se concentraram na nossa vida familiar. E, por isso, você verá abaixo, concluo com versos de Fernando Pessoa, onde o grande poeta sintetiza notável visão da existência humana, fecunda em.revérberos de felicidade.
NÃO SEI...

Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei...

se a vida é curta
ou longa demais para nós.

Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.
         Cora Coralina

Ah, o mundo é quanto nós trazemos.
Existe tudo porque existo. Há porque vemos.
E tudo é isto, tudo é isto!
                                   Fernando Pessoa


Afinal, essa visão nos induz a pensar como Renan (O homem não se improvisa) e mais recentemente repetiu Sartre em pensamento mais afortunado (Tudo existe, mas o Homem, ele constrói a sua própria essência!). O que outros de forma mais vulgar também expressam, quando afirmam que a felicidade é o processo existencial, é a viagem, não é o destino!

Um beijo de quem muito a admira e ama


NOTA.- Composição produzida para comemorar os 70 anos de aniversário natalício, então completados por minha mulher.

           













segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

483. Os Fisiocratas


Os Fisiocratas

Os Fisiocratas são o conjunto de pensadores que escreveram trabalhos  importantes sobre economia opondo-se à ideia mercantilista de que a riqueza de uma nação consiste no entesouramento da riqueza (dinheiro),  e entendem que consiste na quantidade de matéria prima disponível para a produção de bens requeridos pela subsistência humana.

Fisiocracia significa o poder da Natureza. Os Fisiocratas entendiam que     a sociedade é um maquinismo natural, isto é, produto da Natureza, que, portanto, tem uma maneira própria de funcionar e produzir aquilo para o qual foi construída. Existe, pois, uma lei natural. Assim, a sociedade não seria uma criação do Homem, uma organização fabricada pelo Homem, um produto cultural. Se quiser que a sociedade realize a sua finalidade, uma vida rica, portanto, é deixa-la funcionar livremente, sem interferências humanas estranhas à ação da Natureza: “laissez faire, laissez passer (deixa fabricar, deixar passar=não cries obstáculos alfandegários). “O que farias, se fosses o rei?” questiona o príncipe francês, e Quesnay responde: “Nada”.

Quesnay era o médico de Madame Pompadour, a amante famosa de Luís XIV, eo rei francês, o astro sol da corte mais suntuosa do mundo em sua época. Foi pelo rei nomeado  médico da corte francesa. Ele concebia a sociedade como um organismo semelhante ao corpo humano que é vivificado pela circulação sanguínea. A sociedade é vivificada pela circulação do dinheiro e dos bens, que ele apresentou em 1766 na “Análise do Quadro Econômico”.

Boisguillebert ensinara que o dinheiro e os bens circulam pelo corpo da sociedade, porque a despesa do consumo de uma profissão é a receita e o lucro da venda de outra A riqueza é o volume de dinheiro (renda), que circula, não é o dinheiro que se entesoura e acumula, pensava ele. Quesnay adota essa ideia, mas adiciona outra de sua autoria: o dinheiro, que dá a partida para essa circulação do dinheiro (renda) e reconstitui os bens consumidos, é o dinheiro do capitalista.

Ele demonstrou esse seu pensamento no Quadro Econômico pulicado 1758.  Ele entende que a Economia possui três atores: o agricultor, o proprietário e o artesão. O proprietário compra produto, pelo custo do trabalho, do agricultor e do artesão.  O agricultor compra produto de outro agricultor e do artesão, pelo custo do trabalho, e o artesão compra de outro artesão e do agricultor, também pelo custo do trabalho. É claro, diz Quesnay, que no final as compras e vendas do artesão, se anulam, porque a manufatura apenas muda a forma das coisas, não lhes instila valor. A manufatura é estéril. No final, o artesão está com a mesma renda do início. O proprietário, comprando do artesão, não ganha nem perde, porque comprou pelo exato valor consumido na fabricação da manufatura. Mas, na compra que faz do agricultor, pelo valor do trabalho, ele adquire um bem que vale mais que isso, que é o valor instilado pela qualidade da terra (há terras mais produtivas e terras menos produtivas,; há terras que produzem com mais qualidade e outras com menos qualidade). Logo, no final, o agricultor se acha com o mesmo valor inicial em dinheiro, enquanto o Proprietário se acha de posse de matérias primas com valor superior ao inicial: o valor acrescentado pela terra.

Atualizemos as denominações de Quesnay para que a explicação se torne mais clara: agricultor é o trabalhador rural, Proprietário é o capitalista e artesão é o operário. O capitalista paga a ambos apenas o valor do trabalho, o necessário para a sobrevivência e se apossa do produto do trabalho de ambos. O produto do trabalho do operário está exato: só vale o seu trabalho. Mas o produto que o capitalista adquiriu do trabalhador rural vale mais que seu trabalho, tem o valor instilado pela terra: o capitalista adquiriu um bem por valor inferior ao que ele vale. O resultado final superavitário das trocas, das operações do mercado, na forma de matérias primas, isto é, produtos agrícolas e extração mineral, concentra-se todo na posse do capitalista, o produto líquido nacional. Trabalhador e operário se reencontram, no ponto final da circulação, na mesma situação inicial de dinheiro (renda). O capitalista, porém, está mais rico. A riqueza nacional é esse produto líquido da atividade econômica da nação. Não é a quantidade de ouro, de dinheiro, no cofre da nação, não é o entesouramento, não é o tamanho do tesouro nacional. A riqueza da nação vem da terra, tem origem na terra. Fisiocratas, Fisiocracia, o poder da Natureza.

O Capitalismo, pois, sintetiza Henri Denis, assenta na circulação permanente do capital. Ela aumenta a renda do capitalista, a renda da sociedade, a renda nacional. Ela garantiria o progresso econômico indefinido, segundo o pensamento fisiocrata. John W. McConnell ensina que os Fisiocratas pensam que a riqueza nacional se mede pelo montante do produto líquido nacional, e não, como pretendem os Mercantilistas, pelo tamanho do tesouro nacional.

O capitalista é como o coração humano: este é o motor da circulação sanguínea, enquanto aquele é o motor da circulação do dinheiro e dos bens. O motor capitalista da nação não para, está sempre acionado pela ambição do lucro, do aumento da riqueza, pela certeza de que há sempre possibilidade de venda lucrativa do produto, porque as necessidades humanas são inesgotáveis, infinitas, há sempre mercado para toda produção, como afirmava Quesnay: “Não é o consumo das produções que falta numa nação, onde a maior parte dos cidadãos nunca consome tanto quanto desejaria consumir; é o bom preço que falta quando não está assegurado por livre concorrência do comércio.” Quesnay subentendia que a superprodução é impossível. Ele não entendia que a procura econômica, a demanda é uma procura efetiva isto é, uma necessidade com poder de compra, com dinheiro em ação.

Essa é, pois, a oposição fundamental entre Mercantilismo e Fisiocracia, o conceito de riqueza nacional: o tesouro nacional para o Mercantilismo e a produção primária para a Fisiocracia. As principais consequências             econômicas também são opostas: para o Mercantilismo, a riqueza é uma propriedade do rei, do Estado e, portanto, pela população deve ser produzida sob o comando do rei, do Estado - Comércio e Protecionismo -; para  a Fisiocracia,  a riqueza é produção da Terra, propriedade do Capitalista e copropriedade do rei, do Estado – livre comércio, livre mercado (laissez faire, laissez passer), livre do comando estatal, da interferência estatal. A análise econômica de Quesnay é o primeiro estudo  de macroeconomia na História.

Até aqui as ideias econômicas. Henri Denis, todavia, esclarece que para os Fisiocratas a Economia era uma ciência do Homem e que, por isso, englobava o estudo da política, da sociedade e da moral. A Fisiocracia, diz ele, poder-se-ia sintetizar na famosa frase de Linguet: “Um só Deus, um só príncipe, uma só lei, um só imposto, uma só medida.”  Deus fabricou essa máquina que é a Natureza. Injetou-lhe um funcionamento, que é a lei natural. Erigiu um princípio de ordem para a sociedade social, que é o monarca absoluto, o coproprietário da riqueza que é propriedade do capitalista, e que precisa governa-la segundo a norma natural estabelecida por deus, para que a riqueza atinja a medida natural, nada mais prescrevendo que o imposto único sobre a renda do capitalista. Capitalista rico, Estado rico e poderoso.

Os Fisiocratas formam uma escola econômica, cujo chefe foi François Quesnay, ao qual se agregam vultos como Dupont de Nemour, Le Mercier de La Rivière e o Abbé Baudeau.                   








segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

482. Você É

Descanso do meu trabalho
Rima do meu poema
Coringa do meu baralho
Certeza do meu dilema.

Quanta cousa você é...
O vento do meu moinho
O roteiro do meu caminho
O açúcar do meu café
O fogo do meu cigarro
A força do meu carro.

Alegria do meu tédio
As cores do meu olhar
Efeito do meu remédio
Razão do meu amor.

Peixe do meu aquário
Manchete do meu jornal
Rei do meu rosário
Bem de todo meu mal.
Pedrinha do meu sapato
Sonho do meu viver
Verdade do meu ato
Conforto do meu sofrer.

Cigano da minha sorte,
Veneno da minha morte

Nota.- Poesia, que julgo antológica, composta, na década de 70 do século passado, por  minha mulher, Marucha, Maria de Aguiar Rego.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

481. Reflexões a Pretexto do Mercantilismo



Mercantilismo é palavra derivada de mercantil, derivada de mercante, derivada de merca, palavra portuguesa que significa merces, vocábulo latino indicativo do objeto de uma relação de troca, com o intuito de obter lucro, de aumentar o patrimônio, a propriedade. Mercado é qualquer tipo de grupo de mercadores - vendedores e compradores -, qualquer agrupamento de pessoas, promovido por relacionamentos com intuito de trocas lucrativas.

O Mercado não é instituição natural. Isto é, não é produto da Natureza, É criação humana. O Homem Primitivo, que vivia da colheita e da caça abundante, no restrito ambiente familiar, com restritas necessidades para a sobrevivência, na ampla vastidão de espaço geográfico despovoado, não tinha necessidade de troca para subsistir. Nessa sociedade humana, as coisas todas pertencem a todos, a propriedade é coletiva, é comum. Cada um delas se apossa na quantidade do que necessita para subsistir, à medida que necessita e quer.  

A troca surge com o aumento populacional e diversificação das necessidades de sobrevivência. As coisas necessárias para subsistir rareiam,  diversificam-se e encontram-se na posse de indivíduos diferentes. Cada um, com seu interesse próprio e específico de subsistência, guarda e acumula terras e bens,    precavendo-se contra a falta deles no futuro, garantindo a própria subsistência no presente e no futuro. As coisas passam de uma pessoa para outra ou de forma violenta, via extorsão, ou num relacionamento do tipo pacífico, amistoso ou até mesmo interesseiro, lucrativo. O mercado, criação do Homem, produto cultural, portanto, tem sua origem na propriedade privada, e esta nas necessidades humanas individuais, que Gilgamesh já nos ensinou: “Jamais encontrarás o que procuras”, isto é, são infinitas, O homem sempre quer possuir mais, melhor e com menos trabalho. Os livros didáticos de Economia expressam a mesma ideia através daquele princípio: “os recursos são escassos”.

Na época das cidades-estado gregas, em Esparta, a cidade que fez guerra vitoriosa contra a famosa cidade–estado de Atenas, a propriedade era coletiva. Platão, um dos maiores sábios da História, cidadão de Atenas, pensava que a propriedade deveria ser coletiva. Aristóteles, seu mais famoso discípulo, e tão eminente sábio quanto o mestre, discordava: “Sem dúvida é melhor a propriedade ser privada.” Mas adicionando “E função especial do legislador é criar nos homens um temperamento benevolente.” Aristóteles explicava que a propriedade privada estimula o sentimento da ambição que é o estímulo do progresso, enquanto a propriedade coletiva amortece o sentimento de responsabilidade pela sua permanência e acréscimo. John Locke, em Ensaios sobre o Governo Civil (1690), afirma que existem os direitos naturais individuais à integridade pessoal e à propriedade, que o Estado não pode ignorar. Sobre este último adiciona: “Na origem, o indivíduo pode, pois, apropriar-se apenas da quantidade de terra que pode cultivar e cujos frutos consumir. Mas, como os homens, desde que inventaram a moeda, podem acumular riqueza em quantidade ilimitada, consentiram, então, numa posse não proporcional e desigual de terra.” Entendia que o fim da sociedade é produzir a maior quantidade possível de coisas úteis, sem preocupação com a repartição e com as consequências de uma repartição desigual. 

Também o dinheiro é uma criação do Homem, um produto cultural. Primitivamente o que existiu foi o escambo, a troca simples, direta de uma coisa por outra. Posteriormente, o Homem inventou um meio de troca, o dinheiro. O dinheiro é uma medida de valor. Por muito tempo, o dinheiro se identificou com o ouro, metal precioso, valioso. Determinada quantidade de ouro era a unidade de valor. As coisas se trocavam por quantidades que tinham o mesmo valor. Trocas em quantidades de valor igual, troca honesta, preço justo, ensinava a Igreja e Tomás de Aquino: “Homem algum deve vender uma coisa a outro homem por mais do que ela vale.” 

O dinheiro facilita o comércio, a troca, porque viabiliza a troca descasada, pode-se ser apenas comprador ou apenas vendedor, e pode-se, consequentemente aguardar a melhor oportunidade para fazer o negócio de compra e o negócio de venda. No escambo, ao contrário, a troca é sempre casada, todo comprador precisa ser vendedor. Só existe a venda, se existir a compra,

O dinheiro hoje é mera medida de valor. Mera convenção. Nem quantidade física de coisa material valiosa é. É mera instituição, produto cultural, produto mental. O Estado imprime num papel, com determinada regulamentação, a expressão R$1.00 e esse papel adquire esse valor, e pode ser trocado por qualquer coisa que possua esse valor. Ou muito menos que isso, um banco simplesmente digita na conta bancária de uma pessoa R$1.000,00 e ela passa a possuir mil reais.

Já no século XVI, observou-se que o dinheiro não era medida muito confiável, pois a mesma quantidade de mercadoria, anos transcorridos, valia mais, seu valor havia subido. Em geral, atribuíram o fato à desonestidade dos banqueiros que frequentemente desvalorizavam o       dinheiro, dele subtraindo parcela de ouro. Um mercantilista famoso, todavia, Jean Bodin, atribuiu o fato, sobretudo, ao aumento da quantidade da moeda no mercado, resultante da própria política econômica mercantilista: o preço, o valor das coisas é função da quantidade de dinheiro no mercado, mais dinheiro, preço mais alto, as coisas valem mais; menos dinheiro, preço mais baixo, as coisas valem menos. Jean Bodin percebeu que dinheiro em excesso provoca a inflação dos preços. É o início da teoria quantitativa da moeda.

Mas, o dinheiro que se amontoava nas casas e nas organizações de mercadores precisava de depósitos mais amplos e mais seguros para sua guarda. Os banqueiros, que se dedicavam a emprestar dinheiro para os reis e negociantes, passaram a usar seus cofres para guardar dinheiro e tesouros de outros negociantes e famílias. Os recibos, as ordens de pagamento, os saques, as promessas de pagamento, tudo isso, em ultima análise, nada mais era senão dinheiro. Os bancos fabricam dinheiro. O dinheiro fabrica dinheiro. A letra de câmbio, a sociedade de responsabilidade limitada, a sociedade por ações, e as bolsas de valores e de commodities facilitaram agilizaram e expandiram o comércio, amenizaram os riscos de fracasso, forneceram mais segurança e estabilidade de recursos.

Já que o dinheiro nada mais é que uma medida de valor das coisas, não é de admirar que em 1690 William Petty, no seu Political Arithmetick, haja fornecido, como informa Roberto Campos, “contribuições pioneiras,,,à metodologia do cálculo de renda e da riqueza nacional, e,,, aos primórdios do cálculo estatístico.” A Economia Política  adentrava no grupo das ciências exatas. E passou a questionar o que é o valor das coisas, por que uma coisa é preciosa, é valiosa, e outra não é? por que uma coisa é cara e outra é barata? o que é o valor?

William Petty deixou sua opinião em Tratado das Taxas e Contribuições (1662): “Tudo devia ser avaliado segundo duas denominações naturais:
terra e trabalho... deveríamos dizer um navio ou uma vestimenta valem tal medida de terra ou tal medida de trabalho, posto que navio e vestuário são produtos das terras e do trabalho humano dispensado.” e, nessa mesma obra, parece atribuir o valor das coisas ao trabalho apenas: “A carestia e a barateza naturais das coisas dependem do maior ou menor número de braços requeridos para os produtos necessários à vida...” Esta ideia foi esposada por John Locke, em 1690, na obra supracitada: “...porque é o trabalho que estabelece uma diferença de valor entre as coisas,”  e explica:  “É, pois, o trabalho que dá a uma terra a maior parte do seu valor; sem ele, ela não valeria quase nada.”

Henri Denis assinala outra contribuição de John Locke à ciência econômica, em suas “Considerações sobre o Abaixamento do Juro e a Elevação do Valor da Moeda” (16910: a ideia da existência de uma taxa natural de juro do dinheiro, que não poderia ser modificada por medida legislativa.,. oportunidade em que “apresenta análise já muito elaborada da formação dos preços no mercado em função da oferta e da procura, onde parece abdicar da teoria-valor trabalho, ligando o valor à utilidade e raridade das coisas.

Nesse mesmo ano de 1691, Sir Dudley North, nobre inglês, comerciante,, presidente da Câmara de Londres, manifestava nos “Discursos sobre o Comércio” repulsa ao protecionismo estatal preconizado pelos mercantilistas:
“Do ponto de vista do comércio, o mundo inteiro nada mais é que uma só nação ou que um só povo, no interior do qual as nações são como pessoas...
“A moeda exportada no comércio constitui um aumento da riqueza da nação,”
“Toda medida a favor de um comércio ou de um interesse contra outro é um abuso e diminui igualmente o proveito do público.”
“Não cabe em nenhum caso à lei fixar os preços no comércio, porque os seus níveis devem fixar-se, e fixam-se por si mesmos.”
“Quando uma nação se tornou rica, o ouro, a prata, as joias e todas as coisas úteis e desejáveis... são abundantes.”
“Nunca nenhum povo se tornou rico por intervenções do Estado, mas a paz, a indústria e a liberdade, e não outra coisa, é que trazem o comércio e a riqueza.”

Pierre le Pesant, senhor de  Boisguillebert, em três livros, As Particularidades da França (1697), Memorial da França (1707) e Testamento Político do Marechal de Vauban (1712) contra os impostos  sobre a venda dos produtos e os direitos aduaneiros externos e internos, bem como a isenção da renda dos ricos, argumentava que eles restringem a procura dos produtos, quando o consumo é precisamente a fonte do desenvolvimento da riqueza. Assim, a causa da pobreza da França é o baixo nível de consumo da população. Uma nação atinge o nível máximo de riqueza quando atinge o nível máximo de consumo; e atinge o nível máximo de consumo, quando atinge o preço de viabilidade de todas as trocas  (o preço de justiça, isto é, que proporciona um ganho normal a todos os vendedores). A riqueza é, pois, produto do funcionamento do mecanismo da formação de preços normais. O protecionismo, a interferência  no funcionamento desse mecanismo, portanto, provoca a pobreza. A liberdade de comércio, pois, é condição necessária e suficiente para a criação da riqueza. A riqueza de uma nação se assenta na liberdade de comércio.

O Livro da Economia faz precioso resumo da ideia econômica mercantilista e da ideia econômica divergente de Boisguillebert, que resumo: a visão mercantilista cultural – a riqueza é o entesouramento-, e a visão boisguillebert naturalista – a riqueza é a abundância de dinheiro circulando no sistema. A visão mercantilista cultural consagra o papel do Estado, o grande negociante, que acumula ouro, e interfere na economia com tributos, subsídios e monopólios. A visão boisguillebert naturalista: o importante é o consumo dos bens, a circulação do dinheiro; mais vale o dinheiro gasto pelo pobre, que o dinheiro poupado pelo rico.
 







 

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

480. O Início da Ciência Econômica: o Mercantilismo.



No texto 472 vimos que a Humanidade, entre os séculos XIV e XVII EC passou por transformação profunda da mentalidade, do que pensa sobre si mesma, sobre a vida, sobre a existência, sobre o Universo. A Terra não é mais o centro do Universo. O Estado não é mais uma organização outorgada por Deus. Ele é uma construção humana.  A vida terrena não é mais um período de prova de submissão a Deus. Ela é o fugaz período da existência do indivíduo humano.  O Homem é o mais perfeito dos seres da Natureza e tem o poder de autoconstruir-se, e, portanto, de planejar e realizar uma vida boa.
     
Assim, vimos que, concumitantemente com a modificação da mentalidade, transformava-se seu comportamento, de modo que, impulsionado por vigorosa ambição, o Homem promoveu cultura e civilização bem diferentes, onde predominava a ambição de fruir de uma vida boa. A principal ambição daqueles tempos era a vida boa, A vida boa que se fruía nas cidades-estados e nos reinos, sobretudo por parte dos burgueses e das cortes. Os burgueses, os fidalgos e os reis haviam-se lançado no desenfreado empreendimento da construção da própria vida boa.

A novidade daquela época, a novidade espetacular, revolucionária, que toda a Europa constatava e vivenciava era que o comércio (comprar barato e vender caro) gerava a riqueza e que a riqueza gerava a vida boa bem como os reis e países poderosos. David S. Landes, em “A Riqueza e a Pobreza das Nações”, descreve como os comerciantes das cidades italianas desciam até a nascente do Nilo e aventuravam-se até os confins da Pérsia para comprar mercadorias – sedas, tecidos, especiarias, mantimentos, minérios e marfim- e adquirir ouro e prata. Will Durant descreve a extraordinária didática das persistentes e curtas viagens por entre as ilhas e ao longo do litoral africano, adotada pela escola de navegação organizada pelo Infante D. Henrique, que preparou Portugal para enfrentar façanha mais atemorizante, dizem os entendidos, que a hodierna viagem à Lua: as lendas apavorantes; a ampla realidade desconhecida e imprevisível de água e firmamento, calmarias e tempestade, escassez de água potável e alimento; a monotonia da diuturna convivência de uma população de aventureiros de baixíssimo nível educacional e ético ao longo de dias, semanas, meses, anos, em embarcações diminutas e sem acomodações confortáveis; fome e doença; encontros com populações de feições, cultura e língua diferentes, amistosas e desconfiadas umas, espertas e negociadoras e belicosas outras; o mero e inaceitável assentamento em terras já habitadas por outras gentes.

Os principados italianos tinham a amplitude e a tranquilidade do Mar Mediterrâneo para relacionarem-se com o mercado ofertante, bem como os rios navegáveis da Europa para atingir o mercado demandante. Mas Espanha e Portugal, a Península Ibérica, isolada, ao Norte, fisicamente pela cordilheira dos Pirineus, e ao sul, politicamente, pelo invasor árabe muçulmano, abria suas portas apenas para o tenebroso Oceano Atlântico. A Espanha, através de relacionamentos familiares avançou para Leste e estendia sua soberania sobre várias ilhas mediterrâneas, alcançando até a Sicília no sul da península italiana. Portugal, porém, somente contava com sua tecnologia de navegação oceânica de vanguarda, que estendia seu comércio à Inglaterra, à Alemanha e aos Países Baixos, os grandes centros comerciais do Mundo, Antuérpia, Amsterdã e Roterdã.

Cristóvão Colombo tentou várias vezes, sem sucesso, dissuadir reis portugueses da ideia de alcançar as Índias contornando a África e abraçar a sua proposta de financiar uma expedição pela rota oposta na direção Oeste. Ele tentava aliciá-los propondo regressar com as naus carregadas de metais preciosos, ouro e prata. Os reis portugueses não se deixaram persuadir pelo marinheiro genovês. Mas, ele teve sucesso em convencer, contra a opinião do conselho régio, a notável rainha de Espanha, Isabel de Castela, que financia quatro expedições de Colombo à América que ele persistia em afirmar que eram as Índias e de onde trazia ouro e prata.

Os reis de Portugal, então, intensificam sua tentativa de chegar às Índias pela rota Leste e Vasco da Gama consegue realizar o projeto lusitano, iniciando o primeiro império colonial da História, que durou um século e colocou Portugal à frente de todas as nações, nesse período. O rei de Portugal sarcasticamente envia ao rei espanhol carta, descrevendo as terras indianas por Portugal descobertas, precisamente em acordo com as expectativas, ao contrário das que estavam sendo percorridas por Colombo. Portugal desde a primeira viagem de Vasco da Gama interessou-se pelo comércio.

 Logo, as duas nações, Espanha e Portugal. trataram de excluir os demais países europeus, de se beneficiarem dessa fonte de enriquecimento, as terras recém-contatadas a Leste e a Oeste, o abastecimento de ouro e prata e o comércio de mercadorias, principalmente especiarias. Assim, essas duas nações foram beneficiadas, com a repartição das terras descobertas entre elas, por decisões dos Papas Sisto IV, Nicolau V e, por fim, Alexandre VI, papa espanhol,  concluindo-se na demarcação do Tratado de Tordesilhas.

Por essa época, a fé de muitos príncipes europeus na soberania universal da Igreja já não lhes era tão profundamente arraigada na mente que os submetessem, quando os interesses materiais e políticos fossem contrariados pelo Papa. Assim, os reis europeus, sobretudo dos Países Baixos, Inglaterra e França desenvolveram suas frotas navais e lançaram-se também nas rotas líquidas dos vastos mares oceânicos, à cata de ouro e prata ou estabelecendo bases de comércio. O rei de Portugal reclamou do rei francês o seu desrespeito pela repartição papal das terras do Mundo entre Portugal e Espanha, e este galhofeiramente lhe indagou em que parte do testamento de Adão se acha essa repartição registrada.  

Como se vê, os reinos daqueles anos da Renascença já se dedicavam com o máximo empenho na criação de um império colonial, com a finalidade da   acumulação de ouro e prata, ou extraindo-os da própria terra agregada ao seu domínio, ou através do comércio internacional.  Os reinos queriam ser poderosos. Para ser poderosos, queriam ser ricos. Para ser ricos, queriam ter dinheiro, isto é, ouro e prata. Para ter ouro e prata, eles queriam ter colônias, de onde extrair ouro e prata, ou mercadoria para comerciar, recebendo ouro e prata pelas mercadorias fornecidas. As cidades da Itália ensinaram ao Mundo que se fica rico através do comércio. E logo o hábito do comércio se espalhou pela continente europeu.

Durante quase um século Espanha e Portugal se colocaram como as mais ricas nações da Europa, acumulando ouro e prata, e Portugal, à frente de todas as nações, a mais rica, precisamente mediante o comércio das especiarias, até que surgissem os primeiros tratados sobre economia, redigidos por comerciantes ou por conselheiros reais.  O foco desses estudos, portanto, era a riqueza. A finalidade era saber como se deveria proceder para enriquecer, sobretudo, o rei. O pressuposto básico desses estudos era o conceito de riqueza. Essa fase moderna inicial do pensamento econômico, apelidou-se de Mercantilismo, “a primeira tentativa de produzir-se uma teoria econômica da Sociedade: o fim da sociedade é a riqueza e os meios de conseguir a riqueza são os negócios comerciais dos cidadãos, expandidos sob o amparo do poder do Estado”, explica Henri Denis. Compulsando os livros sobre História da Ciência Econômica,  encontra-se vasta lista de autores incluídos no grupo Mercantilismo.

A Ciência Econômica, portanto, surgiu em razão de um fato histórico: os grandes e poderosos reinos surgidos nos séculos finais da Idade Média, precisavam ser poderosos e, sobretudo, ricos. Poderoso para subsistir, em meio a impérios rivais e ambiciosos. Rico, para ser poderoso, e subsistir em meio a súditos ambiciosos e igualmente aspirantes a uma vida boa.

O conceito básico da teoria mercantilista é, pois, o conceito de riqueza. Riqueza para o Mercantilista era, antes de tudo, o dinheiro (o tesouro= ouro e prata), porque o dinheiro tudo adquire, os bens de consumo e armas para guerra, inclusive paga os mercenários contratados para a guerra, faz os impérios fortes. É provável que a maioria entendesse que a abundância de bens de consumo fosse mais importante que o dinheiro. Mas, para os reis e para os reinos, sobretudo, o mais importante era o dinheiro, que por tudo se troca, tudo compra.

É amplo o elenco de personalidades incluídas nesse grupo de pioneiros da teoria econômica, o Mercantilismo: Azpilcueta, Tomás de Mercado, Botero, Jean Bodin, Antoine de Monchretien, James Steuart, William Petty, Jean Baptiste Colbert e outros muitos. Mas, três são principalmente citados como os principais vultos do Mercantilismo: Antonio Serra, Antoine de Monchretien e, o mais importante, Thomas Mun.

O Livro da Economia resume o Mercantilismo em duas palavras: comércio e protecionismo. E explica :
A riqueza consiste na posse do ouro (dinheiro); logo,
 a riqueza de uma nação é medida pelo tamanho de seu tesouro (a quantidade de ouro existente nos cofres do reino); logo,
a exportação enriquece a nação (enche o tesouro)
a importação    empobrece a nação (esvazia o tesouro);
ora, a quantidade de ouro existente no mundo é fixa, inalterável;
logo, o que uma nação ganha, a outra perde;
logo, o rei precisa promover a exportação e impedir a importação.

Entendo, pois, que Wikipédia haja resumido corretamente o Mercantilismo nos seguintes princípios:
Incentivos às manufaturas
  Produzir tudo o que possível for, e com o maior valor agregado, e exportar o excedente ao consumo interno..
Protecionismo alfandegário
  Promoção da exportação, sobretudo de manufaturas, e aos meios nacionais de transporte.
  Restrição à importação, dificultando e até impedindo a importação de bens estrangeiros.
Balança comercial favorável
O esforço era para exportar mais do que importar, de modo que os ingressos de moeda fossem superiores às saídas, deixando boa situação financeira.(Soma zero, isto é, volume do comércio mundial seria inalterável, fixo, a vantagem de uma nação seria desvantagem da outra)
Colônias de exploração
Suprimento de matéria prima barato e monopólio de comércio.                  Formaram-se dessa forma os impérios.

Antoine de Montcrethien era um mercantilista puro extremado: advogava a autossuficiência da França e vituperava a permissão para qualquer importação. Mas, seu conceito de riqueza não se atinha exclusivamente à abundância de ouro, incluía igualmente a abundância de todos os bens necessários para a subsistência. E John W McConnell adiciona que Montchretien entendia que a principal finalidade do Estado é fazer que haja abundância de bens materiais à disposição de todos os cidadãos. E arremata que, por isso, os estudos econômicos passaram a denominar-se Economia Política.

                          








  

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

479. Homenagem a Mariana, Bacharel Magna cum Laude


No dia 9 do corrente mês de janeiro de 2020, recebeu, com extraordinário brilhantismo, na PUC desta cidade do Rio de Janeiro, o diploma de bacharel na Ciência de Relações Internacionais, minha neta, Mariana, cujos estudos acompanhei, desde a pré-alfabetização até o final dos quatro anos de curso universitário.

Em comemoração a esse fato glorioso para Mariana e familiares, coloco neste meu blog a capa e o Prefácio de um livro que projetei produzir, mas não realizei, para uso e recordação de Mariana.


  
                       Bem Vinda,
    MARIANA!
  
·      A VIDA é uma CONQUISTA!
· RESPEITO é a regra áurea da conduta humana.
MUITO CARINHO e BEIJOS
dos avós
Marucha e Edgardo
18/05/97





PREFÁCIO


Este livro é escrito para você, Mariana, com muito amor e carinho, pelo seu avô Edgardo. Pretende descrever-lhe o grande amor e expectativa de seus pais e avós que  cercaram o seu nascimento e acompanharam o seu desenvolvimento. Revelar-lhe quanto você foi desejada. Dizer-lhe sobre coisas de sua vida que você viveu, pequenina e inconsciente, e que, crescida, certamente terá curiosidade de saber. Falar-lhe da persistente e intensa preocupação de seus pais e avós com seu bem-estar e formação, ao longo de sua vida. Descrever-lhe as alegrias e o enlevo que você nos proporcionou e as preocupações que ensejou.
Este livro pretende ser o melhor presente de seus avós paternos, Marucha e Edgardo. Constituirá, sem dúvida, trilha de luz e calor humano que cortará as paisagens de um trecho de sua vida, provavelmente o primeiro ou primeiros trechos. Percorrendo-a, você sentir-se-á acompanhada e protegida. Compreenderá o sentido de sua vida e quanto ela foi e é preciosa para os seus familiares. Conhecer-se-á a si própria e perceberá a direção que a norteia na vida. Você entenderá que, pessoa do povo como bilhões de seres humanos, você é especial e preciosa para nós e para você, porque em geral os indivíduos são importantes para algumas pessoas: as da família e alguns poucos conhecidos.
Este livro tem a pretensão de vir a ser o mais belo e importante para você. Propõe-se preencher-lhe as horas vazias. Fazer-lhe companhia nos momentos de solidão. Revelar-lhe o amor em todos os instantes. Infundir-lhe coragem nas ocasiões decisivas. Ele é escrito para perpetuar a imagem e a presença dos avós, Marucha e Edgardo, junto de você.
Mariana, quando você compreender o amor, você perceberá a mensagem que os seus avós paternos, Marucha e Edgardo, lhe querem transmitir com este livro: Mariana, nós a amamos muito, muito mesmo!...
Marucha e Edgardo
03/09/97
ano de mariana

















segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

478. Mensagem


Senhor, enquanto tantos, por aí, agradecem à sorte e a pessoas pelas coisas boas que lhes acontecem e praguejam também pelo seu azar,

Eu, Pai, agradeço a Ti o que recebi e Te louvo, Senhor, pelo que quis e não consegui, porque sei que quando for chegada a hora tudo me virá Dele por Ti.

Pai, enquanto tantos choram por coisas fúteis e sem valor, eu Te peço que faças de mim não um fotógrafo, mas sim um explorador.

Eu Te agradeço, Pai, por poder ver um novo amanhecer, enquanto tantos agonizam.

Poder ajudar, dar a minha mão para alguém se erguer, enquanto outros fecham suas mãos e aprisionam seu coração.

Eu Te agradeço, Pai, por Tu a cada dia me dares força para seguir em frente, enquanto tantos se apoiam em mágicas que aos poucos se desfazem.

Eu Te agradeço, Pai, por Tu a cada dia me abrires uma nova porta, porta de alegria, sabedoria e compreensão através de Tua palavra, enquanto tantos não conseguem transpor suas próprias portas por elas permanecerem eternamente fechadas.

Obrigado, Pai, por Teu filho, Jesus, que morreu na cruz para me salvar.

Obrigado, Pai, por eu Te conhecer e amar.

Obrigado por eu ser Teu filho e irmão de Jesus.

E, Pai, só tenho uma coisa a Ti pedir. Eu Te peço palavras, palavras para mostrar a todos que Tu, meu Deus, és real, és um Deus de amor e paz, um Deus que nos criou, não um Deus criado por nós.


Adhemar de Aguiar Rego

                                                         Ano de  1978
NB. Mais uma homenagem ao meu filho Adhemar, nesta publicação de um texto, escrito no ano de seu falecimento, sob a influência religiosa da mãe e dos mestres do educandário Guido de Fontgalland, do Rio de Janeiro.