quarta-feira, 31 de julho de 2019

458. A Felicidade do Cidadão Grego



Logo que o Capitão Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República do Brasil, o noticiário jornalístico propalou que o ex-Presidente do Brasil,  Fernando Henrique Cardoso, erudito de nível internacional, manifestara a opinião de que o Brasil praticara movimento de regressão política. Não sei, é óbvio, o que o ínclito personagem de nossa história nacional e sul-americana retinha na mente quando e se, de fato, emitiu tal opinião.

Não me parece estranho que a haja proferido, embora haja sido ele um dos constituintes mais ativos na redação da atual Constituição nacional, que foi conscientemente implantada sem o referendo popular e relutantemente introduzida por uma homenagem à Divindade.

O fato concreto é que o governo do Capitão orienta-se por um princípio propositadamente ostensivo, que pretende focar para a estrada que deve seguir ao longo de seu período governamental: “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos.”

Claro que esses dois princípios chocam um sábio profundamente informado da evolução social por que passou o mundo político em permanente mutação. O mundo político hoje é um mundo intensamente universalizado. Até a Coreia do Norte e o Irã ameaçam o mundo com armas de longo alcance precisamente teleguiadas e efeitos mortíferos universais.  Sente-se vivamente a necessidade de uma harmonia universal, porque o mundo hoje é habitação única, sem separação geográfica e natural,  de uma espécie animal, o Homem! Implantou-se a Liga das Nações em 1919, substituída em 1945 pela ONU, com a pretensão de agregar toda humanidade numa convivência civilizada, humana, pacífica, onde todas as discordâncias se resolvessem com justiça, a igualdade das diferenças, a harmonia dos interesses discrepantes, a paz entre o eu e o outro, de Lacan, ou o a união entre o sim e o não de Hegel no presente que é mutação, não é passado nem futuro, simplesmente é, a união entre o indivíduo e o Estado, o indivíduo feliz e o Estado rico, próspero.

Esse projeto se acha consagrado no minúsculo artigo 193 que, solitário, é o capítulo I do título VIII – Da Ordem Social. a finalidade da Constituição brasileira, a finalidade do Estado, a razão de ser do Estado brasileiro, harmonia entre os interesses privados e publico, harmonia entre o indivíduo e a coletividade:

Esse projeto se acha expresso na bandeira nacional, a única bandeira nacional que exibe um dístico, “Ordem e Progresso”, dístico que é parte da expressão maior em que Augusto Comte, um dos luminares da Humanidade, resumiu o que ele entendia ser uma sociedade humana, uma sociedade civilizada: “A Fraternidade como fundamento, a Ordem como meio e o Progresso como objetivo.” Ali está não apenas como lembrete permanente do que queremos, mas igualmente como ostentação do orgulho que sentimos em realizar esse projeto grandioso, a realização de uma coletividade feliz e progressista, onde todos os indivíduos se sintam realizados e confortáveis, mens sana in corpore sano, “sem dor no  corpo e sem angústia na alma”.

Não me permito, pois, entender os propósitos do combativo militar e político brasileiro, hoje Presidente da República como um regresso à época dos soberanos absolutistas do século XVIII, L’État c’est moi”! Muito menos uma regressão à Idade Média, ao final do primeiro milênio aos tempos do Papa Nicolau I, o Papa, Vigário de Deus, e Imperador do Mundo, Soberano do Sacro Império Germano Romano!

Entendo que Jair Bolsonaro, o revoltado capitão, que personificou o desconforto do povo brasileiro em desesperançoso momento de depressão profunda, esteja apenas tentando reconduzir a nação para trilha pavimentada por aquele ideal quase trimilenar de civilização que a Humanidade viu bruxulear, no paradisíaco território grego e que ora pervade os quatro cantos do planeta.

A Civilização Ocidental, essa que ora ocupa a totalidade do planeta Terra e nutre a convivência de toda a Humanidade, brotou como cidades-estados, notadamente a de Atenas, assim chamada porque se julgava protegida pela deusa da temperança, da medida, da justiça, da inteligência, da reflexão e da sabedoria. Nela, os cidadãos, que se julgavam civilizados, se viam diferentes dos bárbaros, isto é, egípcios, persas, líbios, citas, porque eram livres e sábios. O cidadão grego não se submetia a outro homem, somente à lei que ele entendia ser a ordem universal que Zeus, o deus supremo, impusera ao Universo, inclusive  a deuses outros e aos homens, a vontade divina, justa e sábia. Dessa forma, o cidadão grego nada mais fazia que dedicar-se à ginástica e à dialética, para aperfeiçoar o corpo e a alma, e, assim, são de corpo e alma, tornar-se o guerreiro habilidoso e corajoso, apto para defender a Cidade contra os inimigos e o político sábio, capaz de atingir o conhecimento das leis divinas que regem a Cidade no trabalho dialético de investigação da Justiça no diuturno convívio harmonioso e feliz dos cidadãos. Cidade feliz e cidadãos felizes.

Síntese perfeita do indivíduo e do Estado, da liberdade e da ordem, da liberdade na ordem para o progresso nacional e universal, bem como para  a felicidade e a realização pessoal.



terça-feira, 23 de julho de 2019

457. Os Sinos Ainda Dobram Por Alexandre


Quando recebi a notícia do falecimento de Alexandre, fiquei tão triste que senti a necessidade de isolar-me. Não tinha o que dizer para ninguém. Eu gostava da companhia dele, de conversar com ele, de jogar conversa fora, conversa fiada. Poucos dias antes, no telefone, ele tentara, veja só!, convencer-me de que o Vasco iria evitar o rebaixamento. O Vasco era um dos assuntos inevitáveis em nossos encontros. Marucha me contou que ele não se separou das recordações do Vasco.

O retraimento foi reação irracional, porque, afinal de contas, neste momento o que devemos fazer é estar presente para transmitir solidariedade. E para isso o instrumento de que dispomos é a palavra.

Faço parte do mundo. A morte também faz parte do mundo. Mas, o falecimento do Alexandre me espreme o coração e o sumo da tristeza sobe pela garganta e atinge a vista sob a forma de lágrimas. Os passos de Alexandre deixaram marcas na minha vida, as marcas da convivência amiga de quarenta anos.

Vultos famosos da literatura antiga deixaram pensamentos altamente depreciativos a respeito da vida. Chegaram mesmo a afirmar ser preferível não nascer a nascer. O faustoso rei francês, Luís XV, afirmou no fim da vida: nada vale a pena. De fato, o bom da vida é simplesmente viver. O mesmo tipo de existência para um é felicidade, para outro é infelicidade. Alguém afirmou que o nosso cérebro é o melhor brinquedo já criado: nele se encontram todos os segredos, inclusive o da felicidade.

De fato, se bem examinarmos, o que realmente existe de valor é fabricado pela nossa mente. Fora da mente humana, só existe escuridão e silêncio. Tudo o que vale a pena é fabricado pela nossa mente: a luz, as cores, o som, as palavras, a música, as sensações, os sentimentos e os pensamentos, sobretudo isto, o significado. Tem razão, pois, quem disse que a felicidade depende de nosso pensamento. E entre esses produtos maravilhosos da mente encontra-se a amizade, prazerosa convivência entre indivíduos humanos, maravilhoso produto da mente humana. A amizade é uma das maiores fontes de felicidade.    

A respeito de Alexandre, mais do que ninguém, você, R... e L... darão razão a quem disse: o homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar. Alexandre sempre viverá no coração de vocês e dos amigos. E vocês três e os amigos dele entenderão a frase de Carlos Drumond de Andrade: Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força jamais o resgata!

Você, prima querida, a respeito de Alexandre repetirá a frase soberba de Carlos Drumond de Andrade: Difícil é sentir a energia transmitida, aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa. E essa corrente elétrica manteve vocês dois unidos durante várias décadas, porque vocês souberam  mais que juntar anos à vida, acrescentar vida aos anos. Tenho certeza, prima, de que soubemos, ao longo dos anos, antes de sua ausência definitiva, expressar-lhe por gestos e atitudes o que lhe queríamos dizer, o quanto nos interessava dizer o que dessa forma lhe dissemos tantas vezes, isto é, quão preciosa para nós era a sua amizade tranqüila, cheia de mineirice.

Por tudo isso, como disse Carlos Drumond de Andrade, difícil é dizer adeus. Especialmente, quando esse adeus se estende por tempo tão indefinido que nos enche de saudade, a falta que fica ali instigantemente presente.














           

segunda-feira, 15 de julho de 2019

456.A Sociologia Explica! (Texto lido no almoço de setembro de 2012, da AAFBB)


Muita atividade em Brasília da FAABB e AAFBB junto à SPPC e à autarquia PREVIC.

Seminário da ANABB em Brasília no início deste mês de setembro, onde falaram o Secretário titular da SPPC e um assessor do Ministro da Fazenda, o Prof. Dr. Ricardo Pena, considerado uma das mais influentes personalidades na ORGANIZAÇÃO DO REGIME DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.

Temos uma sinopse do que ele falou. Não sabemos o que ele realmente falou.

Segundo suspeito, da leitura da sinopse, ele defendeu a REVERSÃO DE VALORES.

Não se sabe se houve debate com o palestrante e como decorreu esse debate.

Muitas coisas me chocam naquela sinopse da palestra cujo título é “Resolução CGPC nº 26, de 2008 e o “Instituto” da Reversão de Valores”:

Entre os três objetivos da Resolução 26 coloca a “Proteção dos Participantes e Assistidos” (e eu que pensava que fosse a proteção do Patrocinador!)

A omissão de importantes artigos da LC 109, a Lei Básica da Previdência Complementar, mormente o artigo 19, o MAIS IMPORTANTE ARTIGO DA LC 109.

Diante da composição do CNPC, três conselheiros do Governo, um dos Participantes e três dos Patrocinadores, isto é, quatro a três pro Participantes, como pode o interesse dos Participantes ter perdido?

Por que o CNPC DEVERIA SER QUATRO A TRÊS PRÓ PARTICIPANTES? Por causa do artigo 3º-VI: “O Estado deve decidir no interesse dos Participantes e Assistidos.”

Estamos há 24 anos regidos por uma Constituição do Bem Estar Social, da SOCIAL DEMOCRACIA!

Estamos há DEZ ANOS COM UM GOVERNO DOS TRABALHADORES!

Dois votos do Governo foram de MINISTROS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL!

A Sociologia explica!


segunda-feira, 8 de julho de 2019

455. Mensagem a um Líder (Redigida no ano 2010)


Amigo

Nos meus sonhos utópicos, gostaria de ver todos os participantes, aí inclusas as pensionistas, congregados em uma única associação, onde todos debatêssemos, com ampla clarividência e em plena consciência de igualdade, os nossos interesses de aposentados e pensionistas. Que fôssemos obcecados por esse objetivo único: os nossos interesses de aposentados e pensionistas no curto e no longo prazo.

Isso é impossível? Não, absolutamente não. Temos hoje a Internet. Ela já se insere nos celulares, que já são, no Brasil, utilizados em número superior ao da própria população brasileira. Possuímos hoje um espaço de convívio virtual para todo o universo de brasileiros, quanto mais para a população de participantes e assistidos da Previ.

Você sabe também quanto insisto por que as nossas associações, a começar por essa nossa associação global dos funcionários da ativa e aposentados, sejam de fato democráticas, que todos dela participem ativamente, que todos sejam ouvidos, que todos se manifestem, que todos tenham plena consciência do que falam e do que ouvem. E, assim, se construa uma mente comum (era o ideal de Rousseau e Péricles afirmou que era a realidade de Atenas de sua época) e uma vontade comum sobre o que queremos a respeito da Previ e da Cassi.

Isso é impossível? Não. Isso já acontece em muitas pequenas cidades dos Estados Unidos e da Suíça.

Amigo, isso pode acontecer, se nós quisermos, se nós formos apóstolos competentes da construção de uma sociedade, cujos sócios sejam lúcidos, sinceros, leais, transparentes, despidos de motivações egoísticas e movidos pelos interesses do grupo, sem vaidades, iluminados por uma ética de respeito à dignidade e à igualdade social humana bem como de valorização da palavra dita e ouvida, como direito de todos, e, sobretudo, reverenciando como o mais alto dos valores da sociedade a construção de um pensamento e de uma vontade comum.

Entristece-me, entrar num site de uma das três dezenas de associações de funcionários do Banco do Brasil e ler os despautérios com que se insultam colegas (que fazem muito e o que podem) bem como assistir às manifestações de ânsia por empréstimos, quando o que de fato nos interessa e nos redime é a renda.

Dito, tudo isto, lamento que somente umas poucas associações se tenham incorporado para dialogar com o Banco do Brasil e a representação (cujos componentes me merecem o mais alto respeito pelo que são e pelo que foram na história do Banco do Brasil recente) não tenha recebido o aval de todas as associações e de todos os participantes e assistidos da Previ. Infelizmente ainda não soubemos e não quisemos construir a Nação Satélite.

Estou entendendo que o interesse realmente era levar ao Banco do Brasil uma opinião legal e tecnicamente consistente a respeito da Resolução 26. Mostrar ao Banco do Brasil que ela é uma excrescência, um aborto jurídico. O estudo elaborado pelo colega Rui Brito me pareceu esplêndido, irretorquível.

A peça introdutória apresentou apenas alguns dos diversos assuntos que merecem ser revistos na gestão da Previ e no relacionamento entre Previ, Banco do Brasil, Governo e participantes. Esse relacionamento é muito complexo, envolve muitos interesses, interesses vitais para nós participantes, interesses políticos infelizmente, interesses econômicos. É assunto para estudo minucioso feito por técnicos, em continuado processamento, e transformado em propostas facilmente compreendidas pelos componentes da Nação Satélite e por eles abraçadas num pensamento e numa vontade comum.

Um abraço do colega e amigo que o admira, e muito

Edgardo

domingo, 30 de junho de 2019

454. Opinião Solicitada



Uma amiga me enviou um email sobre as desordens sociais que hoje acontecem na França. Ela me pediu que escrevesse algo sobre essa realidade francesa atual. Eu estou ousando transmitir-lhes o que escrevi àquela amiga.

Nada disso me assusta. Ao contrário, isso é a Humanidade. Cada indivíduo humano é a sede de um ímpeto de sobrevivência. Qualquer obstáculo à própria sobrevivência ele tenta eliminar. Qualquer pessoa que tente competir na consecução dos meios da vida que ele quer ter, ele tenta preterir ou civilizadamente negociando, ou dominando pela intimidação, ou eliminando mesmo. Um exemplo: a grande maioria dos cariocas quer morar numa linda mansão na praia do Leblon, contemplando aquela portentosa paisagem marítima. A praia do Leblon só comporta uns poucos. Ninguém tem dinheiro para negociar o terreno e construir uma mansão. Mas, alguns têm dinheiro para comprar um lindo apartamento ou um razoável apartamento. Uns ganham o dinheiro honestamente, outros explorando a população vendendo o amor de Deus, outros roubam dos sócios, outros assaltam os bancos, outros desfalcam as empresas, outros subtraem o dinheiro do Governo, outros assassinam um sócio rico ou até a própria mãe velhinha aposentada.

O importante para esses marginais todos é que não possam ser alcançados nem pelas possíveis vítimas nem pelos protetores das vítimas (a Sociedade, o Estado, a Ordem Jurídica). A mentalidade dos marginais é simplesmente esta: o importante é que eu viva com a mais alta qualidade de vida material e para isso usarei qualquer meio, ainda que ilegal. Para ter essa mais alta qualidade de vida, tudo arrostarei até a coação da Lei e a possibilidade de minha própria eliminação pela provável vítima. O importante é fazer de tal modo que nem a Lei me alcance, nem a minha vítima consiga defender-se.
Estes são os vitoriosos na vida: uns poucos vitoriosos dentro da Lei, mas em grande número vitoriosos à margem da Lei. A grande maioria conforma-se com o dinheiro ganho dentro da Lei e nem pensa em realizar essa qualidade de vida (morar na praia do Leblon). Uns poucos tudo arrostam para realizar suas ambições. Essa explicação não é minha: assim falou Maquiavel!!! É a lei do mais forte ou do mais esperto...

Os nossos pais (os seus, os de minha mulher, os meus...) nos ensinaram a ser civilizados, isto é, a viver numa cidade, isto é, numa sociedade, onde há diferença de pessoas em riqueza e poder, numa convivência pacífica decorrente da ordem imposta por um governo (a Lei), e onde se utiliza a escrita e se desenvolvem as atividades artísticas e científicas.
Nossos pais nos deram essa cultura de valorizar, na vida prática, esse tipo de sociedade e nós a desenvolvemos como um valor nosso. A grande maioria não teve essa cultura. Ou recebeu e desenvolveu outra cultura ou teve mesmo a anticultura.

A Neurociência diz que a grande qualidade da mente humana é ser plástica, isto é, ela se amolda às circunstâncias da vida. Portanto, ela se amolda à Cultura que recebe. O grande problema atual é exatamente esse: CULTURA. Transformar a mente humana infundindo-lhe uma cultura que não apenas não destrua a sociedade (a convivência dos seres humanos), mas, muito mais, não destrua o ÚNICO PONTINHO DO UNIVERSO ONDE EXISTE A VIDA INTELIGENTE!

Essa é uma portentosa transformação: aceitar a cultura do desenvolvimento sustentável, muito, mas muito mesmo, diferente da cultura que nos últimos séculos a Humanidade vem desenvolvendo.

Até certo ponto, existir é pensar. Se destruímos a Terra, destruímos o único ser inteligente que existe no Universo. Assim, destruímos o próprio UNIVERSO!


segunda-feira, 24 de junho de 2019

453. A Infame Pirâmide Socio-econômica (texto lido no almoço de julho/2010, da AAFBB)



Leio comumente um jornal semanalmente, aos domingos. Olhem as preciosidades que nele identifiquei nestes últimos domingos.

O Senado acabou de aprovar reajuste de 18% em julho de 2010 e 18% em abril de 2011, na remuneração dos servidores de 12 carreiras, isto é, 12.032 ativos, 9.318 aposentados e 11.413 pensionistas. Aumento médio no Senado 28% e mais 3 gratificações.

Na Câmara houve aumento de até 38%.

O salário de Ministro do STF era 24,5 mil em 2008. Passou para 25,725 e, em fevereiro deste ano, foi para 26,723 mil. Aprovado projeto de lei pelo Legislativo irá para 30,6 mil em janeiro próximo.

Todos esses aumentos são baseados no aumento da coleta de Impostos, isto é, com o dinheiro que sai do meu bolso e do bolso de vocês.

Segundo o próprio Banco do Brasil, a remuneração fixa dos diretores (salários e benefícios diretos e indiretos) cresceu 32,78%, no período, de R$32.895 para 43.678 mensais, em linha com a iniciativa privada. E que o ganho com renda variável no período foi puxado pela aumento do lucro do Banco. No ano passado, o BB lucrou R$10,15 bilhões, um recorde. (Fonte: O Globo, último domingo de junho/10). Será que estão aumentando a renda pessoal com o superavit da Previ? Isso é ético? É constitucional?

Nos últimos três anos, a instituição (Banco do Brasil) elevou no período de R$525.069 para R$870.923 a remuneração média individual de cada executivo por ano. A alta foi de 66%. (Ibidem)

Essa atitude da diretoria do Banco do Brasil, generosa na própria remuneração e avara no reajuste dos benefícios da Previ (direito contratual nosso, sob o amparo da Constituição Brasileira), apelidei-a de paradoxo ético. Os colegas certamente pespegar-lhe-ão diferentes apelidos. Já essa atitude do Ministério da Previdência (a famigerada Resolução 26), apelidei-a de paradoxo econômico e jurídico. Os colegas certamente pespegar-lhe-ão outros apelidos.

Reajustes de salários no ano passado de algumas categorias de trabalhadores:
Metalúrgicos: de 6,53% a 10%, dependendo da central de trabalhadores
Petroleiros: 7,8%, garantidos 2,5% ou 3,3% reais, dependendo da faixa salarial

Bancários: 6%

Aumento concedido, este ano, pelo Ministério da Previdência aos aposentados em geral 7,72%.


Previ reajustou os benefícios em 5,19%!!!

Assim, é incontestável, fabulosos serão os administradores da Previ, do Banco do Brasil e os burocratas do Ministério da Previdência, controladores dos Fundos de Pensão.

A Previ é cada vez mais rica, mas os beneficiados estão sendo cada vez mais rebaixados na infame pirâmide sócio-econômica.

Nota: Henri Denis, professor da Faculdade de Direito e de Ciências Econômicas de Paris, em sua monumental História do Pensamento Econômico, 4ª. Edição, 1982, diz que a Humanidade passou do finalismo humano idealista, do cidadão (Atenas) para o Indivíduo (Helenismo e Romano), para o Sobrenatural (cristianismo), para o Naturalimo (Renascimnto), outra vez Estado (Dante Alleghieri e Maquiavel) e finalmente, a RIQUEZA (capitalismo mercantilista e liberal, e comunismo). É a guerra selvagem pela riqueza sobrepondo-se ao ideal da paz e bem-estar da Humanidade. É o trágico desafio da espada de Dâmocles sobre a cabeça da Humanidade, dependendo dos atritos de USA/China, USA/Rússia, USA/Coreia do Norte, USA/Irã etc. Há quem diga que o Homem tudo constroi, até a si mesmo. Só é incapaz de construir a Economia!...[

segunda-feira, 17 de junho de 2019

452. A Visita de Trump ao Reino Unido



Noticiam que o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, acaba de fazer festiva visita ao Reino Unido. A primeira vez que ouvi o nome de Trump foi em 1983, quando eu acabava de realizar missão para o meu País, que me fora confiada pelo meu notável e magnífico empregador, o Banco do Brasil.

Meio de tarde radiosa de sol de fins de setembro, início do outono, apenas chegados de Washington, percorríamos a Quinta Avenida de New York com destino à Agência do Banco do Brasil, quando eu e meus dois companheiros da CACEX, somos surpreendidos por altissonante música festiva que partia de um dos prédios laterais ao nosso itinerário. Curiosos, fomos ajuntar-nos à vasta aglomeração de pessoas que se formara à entrada do arranha-ceu.  No amplo salão de entrada feericamente iluminado e decorado, fervilhava a multidão de proeminentes convidados que se movimentavam e se comunicavam efusivamente, subiam e desciam nas escadas rolantes do edifício, e se deliciavam com os variadíssimos quitutes e bebidas expostos sobre as mesas luxuosamente ornadas e  espalhadas em  profusão pelo recinto.

Transcorridas mais de três décadas, assisto pela televisão à eleição de Trump à Presidência dos Estados Unidos, ao seu controvertido governo e, por fim, a essa festiva reunião com os chefes de Estado do Reino Unido, França e Alemanha.  Maravilhoso encontro! Esses quatro países comprometem-se a por fim às guerras! A História marcará essa data como a mais importante do século XXI EC! A data em que esses países tradicionalmente belicosos resolvem abdicar dos seus instintos genocidas.

A História começou na Mesopotâmia, quando o Homem principiou a escrever. A História das civilizações da Ásia Menor e do Norte da África foi a História de pilhagem, guerra e escravidão. Essa mesma história é o relato das civilizações grega e romana. Na Idade Média, até a religião  pretendeu propagar-se por meio da conquista armada, não apenas a muçulmana, como a cristã. Os países da Europa formaram--se por meio de guerras, afinal a Terra era a fonte da riqueza. Terra, géia, solo fértil, a deusa em cujo ventre se gera a Vida e de cujo ventre o trabalho humano retira todos os bens. Inquisição, onde até santos foram queimados e torturados. Guerras de quatro, dez, trinta, cem anos, guerras após guerras, para conservar, recuperar e conquistar terra!  Os impérios europeus se formaram nas piratarias oceânicas e nos embates terrestres e navais que se alastraram por todos os continentes. O Brasil foi pontilhado de norte a sul por fortificações portuguesas, que defendiam a propriedade do rei luso, contra as potências europeias e os habitantes indígenas, que o conquistador tentava escravizar para produzir, acumular e, sobretudo, consumir riqueza obtida através do trabalho desumano. O próprio país norte-americano deve a vasta extensão territorial às conquistas militares sobre a França e o México. 

Hoje, atemorizados por incontrolável destruição planetária de conjuntura bélica de armas nucleares, reconhecem a necessidade imperiosa de resolverem os litígios de maneira pacífica, através de negociações racionais e justas, através de acordos, de maneira digna de cidadãos de um mundo realmente civilizado.  É claro, e muito de lamentar, que aí, nessa brilhantíssima e seleta reunião de líderes mundiais, esteja faltando um importantíssimo país europeu, de longa e tremenda tradição militar e servidão, a Rússia.  Completar-se-ia o quadro desejado de segurança mundial, se nessa gloriosa solenidade estivessem também presentes e compartilhando do compromisso de paz, países como China, Coreia do Norte e Irã.  Nada obstante todas essas omissões, este dia D de 2019 será doravante lembrado como a grande data mundial, onde históricas, proeminentes e poderosas nações belicistas reconheceram a estupidez da guerra, e se comprometeram com a agenda civilizatória da paz em qualquer circunstância.

Isso posto, assistindo pela televisão ao encontro preliminar de Trump com a Primeira Ministra inglesa, permito-me uma segunda reflexão sobre o significado desse encontro em que foi afirmada a íntima identidade de interesses entre esses dois Estados, que no passado sacrificaram milhares de cidadãos nos campos de batalha, um lutando pela consecução da própria soberania e o outro na tentativa de preservar o maior império mundial então existente. Hoje compartilham do mesmo interesse e adotam a mesma política de controle e seleção populacional, contendo a vaga colossal da imigração que os ameaça invadir, depauperar e arruinar-lhes o bem-estar social e degradar o alto nível de felicidade da população.

Estados Unidos, presentemente, o segundo maior PIB mundial, apenas superado, pelo da China, é considerado pelo Fundo Monetário Internacional, critério de Paridade do Poder de Compra (PIB per capita, custo de vida e inflação) apenas o 12º país mais rico do mundo, enquanto o Reino Unido é apenas o 28º e a China não aparece nem entre os 50 mais ricos, classificada que é entre os países em desenvolvimento.

JÁ o World Happiness Report, anualmente publicado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável, entidade criada pela ONU, com a finalidade de promover o desenvolvimento do bem-estar humano, e considerado o mais amplo e perfeito conceito de riqueza e progresso nacional, usa o índice de felicidade mundial (PIB per capita, expectativa de vida, segurança social, confiança popular no Governo, confiança popular nas instituições estatais, percepção de liberdade e generosidade), que coloca os Estados Unidos na 18ª e o Reino Unido na 19ª posição mundial.

Como se nota, a ONU e os mais credenciados sábios da atualidade adotam atualmente os conceitos ensinados por Abraham Maslow sobre as necessidades e motivações humanas bem como as de Martin Seligman sobre a vida feliz, que a Psicologia assimilou como conhecimento científico, e contemplam tanto a renda pessoal como a seguridade social (previdência, assistência à saúde e amparo às múltiplas deficiências humanas), como elementos imprescindíveis de uma sociedade rica, progressista, desenvolvida e feliz..

Assim, entendo que o apoio, dado por Trump naquele encontro ao Brexit liderado pela Primeira Ministra britânica, tinha como fundamento a política antiimigratória por ambos resolutamente adotada, fechando as fronteiras de seus países à vaga colossal e indistinta de alienígenas que tenta neles adentrar, deteriorando súbita e tragicamente os níveis de riqueza, bem-estar e felicidade desses dois povos. A população desgraçada do Mundo tenta o ingresso gratuito nos paraísos terrestres mais ambicionados! Nada surpreendente.

Indiscutivelmente é prioritária e sábia a adoção das políticas de aumento do PIB e da seguridade social. Os fatos estão a gritar pela implantação de uma política de seguridade sadia, técnica, de fato securitária, no Brasil, haja vista notícia do que ocorre em Minas Gerais, publicada esta semana, e provocando angustiante suspeita da enormidade dos desvios que podem ocorrer em Brasília: "Levantamento feito pelo G1 no Portal da Transparência do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais mostra que o maior salário do mês de abril foi de um servidor aposentado, que recebeu R$ 249.835,38. O segundo maior vencimento, de um analista de controle externo, foi de R$ 109.384,67. O ex-presidente e conselheiro do Tribunal Cláudio Terrão, que pode ter que devolver o dinheiro do mestrado, teve o terceiro maior rendimento: R$ 96.864,99. Pelo menos 19 servidores do TCE, órgão que é responsável pelo controle da gestão dos recursos públicos e municipais, receberam, líquido, acima de R$ 35.462,00, considerado teto constitucional."

Não se pode, entretanto, prescindir da política populacional. Assim vem conduzindo-se o governo chinês, que até pouco considerava crime o segundo filho de um casal e atualmente admite até dois filhos por casal, simultaneamente, entretanto, enfatizando a preferência por competente e audaciosa política de produção de riqueza. Claro que, mesmo a ritmo elevado de crescimento do PIB, a consecução da meta ambicionada de país rico e feliz, exige tempo dilatado e superação de muitos obstáculos, sobretudo de insatisfação e impaciência populacional. Mais em consonância com o sentimento político da sociedade atual, no entanto, é a política populacional do governo de Singapura, que garante previdência, assistência à saúde e instrução completa (até ensino superior completo) para o  primeiro filho. Todos os filhos, a partir do segundo, somente usufruirão da segurança estatal, na medida das disponibilidades financeiras do Estado.

Penso que o Brasil necessita de política desenvolvimentista abrangente, de promoção da riqueza e da seguridade populacional. Creio que política de desenvolvimento concentrada somente no aumento da riqueza é ilusória e destinada ao fracasso. Temos vasta população ignorante, ociosa e de baixa produtividade. E estamos nos propondo a adotar uma política que enfraquece o estímulo da seguridade e da confiança no Estado. Lamentável, desastroso equívoco, no meu entendimento, amparado na orientação da ONU, forjada no pensamento dos sábios e da ciência contemporânea.

Lester Thurow, professor de Economia no MIT, escreveu em 1992 um livro, obra científica de Economia de sucesso mundial, cujo título, Cabeça a Cabeça, encarava a competição comercial entre Estados Unidos, Europa e Japão, como uma chegada de corrida de cavalos numa disputa ganha pela cabeça do animal! Perfilhando fundamentos analíticos muito próximos à pirâmide de motivações erigida por Abraham Maslow, ele exalta a supremacia das empresas japonesas no mundo dos negócios,  que não se restringem apenas a explorar o instinto consumista básico da sobrevivência de seus funcionários, mas também os instintos superiores produtivos de vida plena e vida significativa de Martin Seligman. Estes tão potentes quanto aquele, e fornecem formidanda e vitoriosa energia aglutinadora à empresa. 

Releio Lester Thurow e restauro em minha memória o Banco do Brasil de minha Agência de São Luís do Maranhão, aquela centena de funcionários em trabalho contínuo, intenso e diário de seis, oito horas de trabalho, bem como a centena de funcionários da Carteira de Câmbio, na Direção Geral, no Rio de Janeiro, afogada em trabalho bancário e recebendo outros afazeres mais, porque a alta administração pública, frustrada com os fatos, percebia não existir outro local na República, que  o Banco do Brasil, onde ser mais bem e fielmente desempenhados! Nesta, eu, gerente, assisti ao primeiro surto de loucura de um jovem senhor, meu subordinado, e recebi a noticia da enfermidade mortal de um Assistente de Gerente, ambos amparados por política de seguridade social, previdência e assistência à saúde, que, à semelhança das empresas japonesas, os motivava a ufano e insano labor diário, e constituíra o decisivo motivo de seu ingresso no Banco do Brasil. Na adversidade implacável e definitiva da vida, na hora da incapacidade total, corporal e mental,  eles, de fato, não se sentiram sozinhos e irremediavelmente desamparados. Como confiaram diuturnamente, o ombro amigo, reconhecido e poderoso do empregador amparou-os incontinente e forneceu-lhes todas as condições de um final de vida digno, cumprindo o compromisso que com eles assumira e fora o estímulo para tão extraordinária, prolongada e produtiva dedicação. Como  a Bolsa de Valores de Londres, aquele magnífico Banco do Brasil não se omitiu, apresentou-se reafirmando: Aqui estou. Sou leal. “ Minha palavra é um contrato”, e acrescentando como os médicos sem fronteiras franceses: “Você não está só!”

Resulta da contemplação de todo esse cenário interior, miscelânea de fatos atuais e  rememorações de longínquo passado, a minha convicção  de que não apenas é pavoroso erro a transição do regime da previdência social do regime securitário de prêmio tripartite para o da capitalização individual, juntamente com o reforço de política econômica ancorada na produtividade de empresas operadas por trabalhadores estimulados exclusivamente pelo valor da renda presente, excluído qualquer sentimento de perenidade da segurança existencial ao longo das incertezas e infortúnios da vida, como se faz urgente e imperioso adotar-se política populacional  de elevado nível de esclarecimento que compatibilize a dimensão da população com o nível real do PIB, agregando-lhe simultaneamente  alto grau de produtividade, política que necessita inculcar,  como base, a responsabilidade esclarecida pela procriação de seres humanos capacitados a assumirem o próprio destino, a formação de um cidadão pleno, operoso e feliz.