domingo, 17 de maio de 2009

124. Câmbio e Economia (continuação)


Voltemos ao FMI que, como o nome diz é basicamente uma instituição que administra fundos, formados pela contribuição de cada sócio, e que tem a finalidade de resolver as crises cambiais de curto prazo de países-membros. Vimos que o FMI instituiu um sistema monetário internacional, caracterizado pelo regime do padrão ouro/dólar e taxas de câmbio fixas. A moeda fundamental do sistema monetário internacional era o ouro. O dólar americano tinha valor fixo com relação ao ouro. E todas as moedas tinham valor fixo com relação dólar. Assim, indiretamente todas as moedas tinham valores fixos com relação ao ouro e entre si. Isto significa que o dólar americano e o ouro eram as moedas fundamentais do sistema monetário internacional. O ouro tornara-se insuficiente para desempenhar de forma exclusiva o papel de moeda básica, porque a atividade econômica vinha evoluindo muito mais que a produção de ouro. O dólar americano, portanto, se acoplava ao ouro na função de moeda internacional principal de reserva cambial. A eles se acrescentavam, em seguida, as demais moedas conversíveis dos países mais desenvolvidos. A taxa de câmbio das moedas com relação ao dólar americano, ou taxa de paridade, era determinada segundo aquela razão que vinha na prática propiciando o fluxo equilibrado de trocas de cada país com seus principais parceiros no mercado internacional. Vedadas as práticas de subsídio e protecionismo, era de supor-se que os dois fatores de desequilíbrio das trocas seriam o aumento de eficiência - da produtividade de um país, principalmente provocado pelo avanço tecnológico, que aumentaria suas exportações -, ou a adoção de políticas fiscal e monetária equivocadas com efeitos restritivos sobre as exportações. Dessa forma, sempre que um país enfrentava uma crise de escassez de divisas, isto é, de moeda estrangeira conversível, isto é, uma crise cambial, cabia-lhe tomar medidas saneadoras que consistiam, a curto prazo, em levantar empréstimo junto ao FMI naquelas moedas escassas que mais lhe interessava e adotar políticas fiscal e monetária que combatessem eficazmente o processo inflacionário além de outras providências, entre as quais alteração de taxa de paridade cambial desvalorizando a própria moeda, isto é, uma medida de política cambial. O problema situava-se sempre do lado do país em regime de escassez de divisas. Somente a ele competia adotar as providências saneadoras.
(continua, palestra proferida no ano de 1988)

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