quinta-feira, 7 de novembro de 2019

471. Mensagem a um Líder (Redigida no ano 2010)



Amigo

Nos meus sonhos utópicos, gostaria de ver todos os participantes, aí inclusas as pensionistas, congregados em uma única associação, onde todos debatêssemos, com ampla clarividência e em plena consciência de igualdade, os nossos interesses de aposentados e pensionistas. Que fôssemos obcecados por esse objetivo único: os nossos interesses de aposentados e pensionistas no curto e no longo prazo.

Isso é impossível? Não, absolutamente não. Temos hoje a Internet. Ela já se insere nos celulares, que já são, no Brasil, utilizados em número superior ao da própria população brasileira. Possuímos hoje um espaço de convívio virtual para todo o universo de brasileiros, quanto mais para a população de participantes e assistidos da Previ.

Você sabe também quanto insisto por que as nossas associações, a começar por essa nossa associação global dos funcionários da ativa e aposentados, sejam de fato democráticas, que todos dela participem ativamente, que todos sejam ouvidos, que todos se manifestem, que todos tenham plena consciência do que falam e do que ouvem. E, assim, se construa uma mente comum (era o ideal de Rousseau e Péricles afirmou que era a realidade de Atenas de sua época) e uma vontade comum sobre o que queremos a respeito da Previ e da Cassi.

Isso é impossível? Não. Isso já acontece em muitas pequenas cidades dos Estados Unidos e da Suíça.

Amigo, isso pode acontecer, se nós quisermos, se nós formos apóstolos competentes da construção de uma sociedade, cujos sócios sejam lúcidos, sinceros, leais, transparentes, despidos de motivações egoísticas e movidos pelos interesses do grupo, sem vaidades, iluminados por uma ética de respeito à dignidade e à igualdade social humana bem como de valorização da palavra dita e ouvida, como direito de todos, e, sobretudo, reverenciando como o mais alto dos valores da sociedade a construção de um pensamento e de uma vontade comum.

Entristece-me, entrar num site de uma das três dezenas de associações de funcionários do Banco do Brasil e ler os despautérios com que se insultam colegas (que fazem muito e o que podem) bem como assistir às manifestações de ânsia por empréstimos, quando o que de fato nos interessa e nos redime é a renda.

Dito, tudo isto, lamento que somente umas poucas associações se tenham incorporado para dialogar com o Banco do Brasil e a representação (cujos componentes me merecem o mais alto respeito pelo que são e pelo que foram na história do Banco do Brasil recente) não tenha recebido o aval de todas as associações e de todos os participantes e assistidos da Previ. Infelizmente ainda não soubemos e não quisemos construir a Nação Satélite.

Estou entendendo que o interesse realmente era levar ao Banco do Brasil uma opinião legal e tecnicamente consistente a respeito da Resolução 26. Mostrar ao Banco do Brasil que ela é uma excrescência, um aborto jurídico. O estudo elaborado pelo colega Rui Brito me pareceu esplêndido, irretorquível.

A peça introdutória apresentou apenas alguns dos diversos assuntos que merecem ser revistos na gestão da Previ e no relacionamento entre Previ, Banco do Brasil, Governo e participantes. Esse relacionamento é muito complexo, envolve muitos interesses, interesses vitais para nós participantes, interesses políticos infelizmente, interesses econômicos. É assunto para estudo minucioso feito por técnicos, em continuado processamento, e transformado em propostas facilmente compreendidas pelos componentes da Nação Satélite e por eles abraçadas num pensamento e numa vontade comum.

Um abraço do colega e amigo que o admira, e muito
Edgardo

Amigo.
Em aditamento às ideias que rascunhei na mensagem, que ontem lhe enviei, permita-me acrescentar que, no dia 26 do corrente mês, o The New York Times publicou uma reportagem sobre a União Europeia, que acaba se abrir para "as iniciativas cidadãs". Lá o articulista afirma:

"Criticada há muito tempo por sua falta de democracia, a União Europeia deve dar mais voz a seus 500 milhões de cidadãos – se eles conseguirem coletar 1 milhão de assinaturas de um número “significativo” de países-membro."

É verdade que isso já existe no Brasil, embora eu ache que ainda somos predominantemente governados pelos interesses dos que ocupam o Governo. A democracia só existirá, de fato e completamente, quando a mentalidade da sociedade não mais suportar, até mesmo na área dos interesses privados, uma administração oligárquica e elitista. Não ouvimos sempre nas aulas de administração que a gerência corporativa deve ser democrática? que todos, inclusive o operário da mais básica posição, devem ser auscultados? Essa democracia tão valorizada e tão pouco praticada, ela deve existir muito mais em associações de classe voltadas para o bem-estar da coletividade, é óbvio.  

O citado artigo, entre muitas outras coisas, também afirmava: "Mas ainda há dúvidas se a voz do povo vencerá a burocracia." O ranço ainda permanece profundamente incrustado em nossa cultura: "O mais dotado sempre pretende se impor"... é assim que interpreto Maquiavel.

Um abraço do
Edgardo



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