Sou um crente na
força da Natureza. Para mim, o Homem, como tudo que existe -
mineral, planta e animal - é maravilhoso produto da Natureza. Durante
milênios, o Homem pensou ser superior à Natureza. A partir do século XVIII, a
Ciência - o conhecimento da Humanidade - demonstrou que somos, os Homens,
meramente parte da Natureza, expressão momentânea dessa força extraordinária.
E a Natureza se nos apresenta, como fantástica energia inventiva,
transformadora, criativa. Infelizmente, isso implica a transitoriedade das
expressões, dos produtos da Natureza.
É, por isso, que os Existencialistas afirmam que a
existência humana é uma angústia, a morte é uma iminência ameaçadora
(Heidegger); a existência é um naufrágio
(o filósofo e psicanalista Karl Jaspers); a existência é náusea, é nada (Paul Sartre). Nada mais fazem que
repetir o pensamento do vate latino, Virgílio: “Feliz é o homem que compreende
a existência e controla toda a sua angústia, o inexorável destino e a tragédia
da morte.” Este antecedeu o pensamento de Santo Agostinho e Gregório Magno,
expresso naquela milenar oração da Salve Raínha: “Salve Rainha, Mãe da
Misericórdia, a vós suspiramos, gemendo e chorando... neste vale de
lágrimas...”. Virgílio foi precedido por legião de cultos gregos e romanos,
entre eles Sófocles, que no século V AEC dizia:
que desejar o
homem a vida prolongada?
Certo é que uma
longa existência
encerra em seus
caminhos muitos males.
E quem muitos
anos ambiciona
não pode ver a
alegria onde ela realmente se encontra:
não ter nascido
vale mais que tudo.
Este
já se expressava numa sociedade civilizada, porque a vida nas sociedades
precedentes era muito mais horripilante, como a descreve Will Durant. Basta
recordar que, entre os esquimós, era costume o assassinato dos pais idosos, por
motivo de sobrevivência da prole já adulta. Os cultos e civilizados gregos de
Esparta lançavam as recém nascidas espartanas ao mar, do alto do rochedo, para
controle populacional.
Por
tudo isso, entendo que a civilização, caracterizando-se pela escrita,
urbanização e desenvolvimento cultural, tendo o Direito como um dos principais
distintivos, nada mais é que o resultado da luta do Homem para conseguir
amenizar as agruras de uma existência que lhe foi imposta por um casal de
genitores, num ato instantâneo de deleite sexual e sentimental. A vida humana é
uma imposição. Não é uma opção.
Se
a vida nos foi facultada e tem seus momentos maravilhosos, façamos com que cada
vez mais esses momentos felizes se estendam: isso é a civilização, o bem estar
de que trata a nossa Constituição. Isso é o que nos ensinam os sociólogos, os
pedagogos, os psicólogos e a maioria dos homens sábios nos dias de hoje. ISSO
DEVE SER A OBRIGAÇÃO DOS POLÍTICOS NA CONCEPÇÃO DOS HOMENS SÁBIOS DE HOJE.
Todos
eles estão convencidos de que, como falam os Existencialistas, o HOMEM NÃO
NASCE FEITO, O HOMEM SE FAZ, SE CONSTROI. “Eu sou eu e minhas circunstâncias”
(Ortega y Gasset). Mas, quando se chega à Economia, há muitos economistas hoje
que logo vêem a ORGANIZAÇÃO SOCIAL e ECONÔMICA, como inviável e atentatória
contra a liberdade individual. Não entendo assim.
Toda
lei é cerceamento da liberdade individual. Mas, se a lei é feita pelo CONSENSO
DE TODOS, ela é uma renúncia SOBERANA de liberdade feita por todos para a
felicidade de todos. Esse é o pensamento basilar da existência do Direito.
Dizia Péricles: “Eu sou livre, porque não obedeço a homem algum. Obedeço à lei,
que eu mesmo fiz.” Ele vale também para a Economia.
O
capitalismo, o livre mercado, não pode ser considerado como a única forma de se
organizar a riqueza, a produção, o consumo, a Economia. Não pode ser
considerada como única forma DEMOCRÁTICA de organização da Economia. Nem pode ser considerada como boa forma de se
organizar a economia, haja vista as FREQUENTES E DESASTROSSAS CRISES ECONÔMICAS
OCORRIDAS (“Oito Séculos de Delírios Financeiro”, K. Rogoff e Carmen Reinhart).
A
humanidade precisa ainda avançar na Civilização, e pode fazê-lo, dizem os
Psicólogos, os Pedagogos e os Sociólogos, para alcançar a ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA
QUE GERARÁ A FELICIDADE HUMANA, O BEM ESTAR CONSTITUCIONAL. Prova-o essa nova invasão de bárbaros que põe
em risco a existência do paraíso terrestre apelidado de União Europeia. Quando? Em que medida? De que forma?
O homem é o animal mais perigoso na face da terra. O interesse próprio comprometido predomina. Os poderosos exigem o que podem e querem e os fracos concedem o que precisam.
ResponderExcluirHppilatti
]
ResponderExcluirConcordo. Pode até explodir o habitat em que vive. A Civilização é a tentativa de domar esse monstro que o homem pode vir a ser!...
Edgardo