quinta-feira, 27 de julho de 2017

387.A Fabulosa Importância Histórica de Sócrates


Sócrates nada escreveu. E entende-se que tenha tido discípulos e nada haja escrito. Ele entendia que o conhecimento, a sabedoria é um processo racional absolutamente pessoal, atividade interior (mental) de cada indivíduo, altamente prolífero num ambiente de convívio dialético.

Sócrates, como os sofistas, tinha discípulos. A escola dos sofistas ensinava a retórica, a arte da eloquência, do discurso, da argumentação convincente. A escola de Sócrates era uma reunião de pesquisa em conjunto, de diálogo, de atividade mental, racional conjunta na pesquisa de saber o que determinada coisa é.

O sofista ensinava o aluno para que ele dominasse as outras pessoas da sociedade, através do convencimento. Sócrates criava um ambiente de pesquisa do conhecimento das coisas para que o aluno se tornasse sábio. Sábio, como ele concebia, é o homem que sabe raciocinar, descobrir o que a coisa é, como ela age, o que convém a cada coisa, o que a ela não se ajusta. O sábio é, sobretudo, o homem que sabe o que o homem é, sabe como o homem age, o que interessa ao homem, o que lhe serve e o que lhe prejudica. O homem sábio sabe que o homem é o ser que raciocina. Sabe que o Homem é racionalidade. A racionalidade é seu distintivo, é o que o distingue de todos os outros seres. A sabedoria, pois, é a perfeita habilidade no uso da racionalidade. A sabedoria, portanto, é a perfeição, o Bem do Homem,. A ignorância é o mal do Homem. O Homem Sábio é perfeito, virtuoso, habilidoso, autônomo, ético, belo e feliz.

A racionalidade abre perspectivas atuais, a cada instante, para o indivíduo humano, desvenda-lhe interesses biológicos e apelos circunstanciais, testemunha-lhe impossibilidade de ação universal, capacita-o a ponderar a diversidade de vantagens, revela-lhe a multiplicidade de abordagens, fundamenta o poder de opções e o induz a perseguir o Bem, a Beleza, a Virtude, a Perfeição, a Harmonia, o Uno, o Cosmo. Sócrates revelou à Humanidade a força sedutora dos valores da racionalidade: a individualidade humana, a sabedoria, a liberdade, a criatividade, a pesquisa, o método, a ação social, a convivência na diversidade, a harmonia na multiplicidade, a ordem, a compatibilidade e a fecundidade da liberdade orientada pela ordem, pela racionalidade.

Essa ideia socrática da racionalidade subjaz a toda a evolução da cultura grega e constitui-lhe o motor propulsor. É aí que se localiza a origem das universidades e toda essa colossal estrutura de instituições educacionais; da formidanda estrutura de laboratórios de Ciência e Tecnologia que viabilizaram até a habitação humana espacial e, tremenda realidade!, até a formidanda indústria bélica atual; da trepidante máquina de canais de Comunicação escrita, sonora e visual que unifica o Planeta e massifica a informação; das revoluções históricas do Iluminismo e da industrialização; das malhas rodoviárias, ferroviárias e aéreas que envolvem a Terra; dos transatlânticos e iates que cruzam os oceanos e os mares; da rede de hospitais e clínicas médicas que aliviam os sofrimentos da Humanidade; dos estabelecimentos industriais e comerciais que proporcionam alimento, habitação, vestimenta, adorno, perfume e conforto; da indústria e comércio do divertimento que dissemina descanso, prazer e alegria no seio da angustiada população humana; a indústria e o comércio do turismo que confere descanso, conhecimento e contato em toda a extensão da Terra; etc  

Aquelas longínquas e controvertidas aulas socráticas de investigação da natureza humana foram a energia que difundiu a cultura grega pelo Ocidente, viabilizou a supremacia da civilização ocidental sobre a civilização oriental e a locomotiva que ainda hoje alimenta o movimento progressista da Humanidade.

Além de mártir da filosofia e da civilização, Sócrates é o prócer do processo civilizatório.


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