quinta-feira, 1 de outubro de 2020

513. História do Pensamento Político (continuação)

 

 

            Emanuel Kant foi alemão de família modesta, religiosa, educado por pais responsáveis e mãe extremamente carinhosa e preocupada com a educação do filho. O interesse de Kant concentrou-se no saber, no conhecimento. Sua vida consistiu em estudar e ensinar. Foram-lhe oferecidas oportunidades outras de melhorar sua situação financeira, e ele preferiu ampliar seu conhecimento, de modo que um seu biógrafo afirmou que a vida de Kant foi a concentrada atenção “no conhecimento sem preconceitos da natureza e no valor moral dos homens,” de modo que na lápide de seu túmulo foi inscrito um pensamento seu como resumo de sua vida: “o                                                                                 céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim.”

            Segundo Kant, todos os homens possuem a consciência de que convivem com outras pessoas e que todos têm consciência de certas máximas que valem para todos, por exemplo, todos os homens precisam trabalhar para sobreviver.  Esse juízo, essa máxima é um imperativo categórico, isto é, tem validade universal, vale sem exceção alguma. Assim a moralidade consiste em que a ação humana aqui e agora é tal que é exatamente aquela que nessa determinada circunstância todas as pessoas deveriam praticar: “Age de modo que a máxima de tua vontade possa valer sempre, ao mesmo tempo, como princípio de legislação universal... Age de modo a considerar a humanidade, seja na tua pessoa, seja na pessoa de qualquer outro, sempre também como objetivo, e nunca como simples meio... Age de modo que a vontade, com sua máxima, possa ser considerada como universalmente legisladora em relação a si mesma.”

            Ora, se o homem precisa de uma lei para agir é que ele é autônomo, livre. Ele não é como a Natureza que se acha ativada, determinada permanentemente. O homem, ao contrário pode agir ou não agir, pode agir de várias maneiras, pode agir moralmente ou imoralmente. O conhecimento da liberdade, pois, é deduzido da consciência que se tem da moralidade, do imperativo categórico que nos dirige.

            Assim, a sociedade é o habitat, o ambiente em que viceja a Humanidade, o conjunto das pessoas livres e iguais que operam na realização de sua felicidade, que é revelada a cada pessoa de forma diferente, que somente ela percebe. Assim, “a doutrina que diz que o bem estar público é a lei suprema do Estado ainda é válida e tem autoridade. Mas, o bem estar público que exige a primazia se encontra precisamente naquela constituição legal que garante a todos a sua liberdade dento da lei.”

            O Estado existe, pois, para garantir a liberdade das pessoas dentro da lei “de modo que cada um fique livre para buscar sua felicidade naquilo que julgar melhor, desde que não viole a liberdade e os direitos dos outros sujeitos.” Na realidade, portanto, o Estado consiste no consentimento do povo, isto é, de toda população: “Pois, se a lei não fosse tal que todo o povo pudesse concordar com ela, ela seria injusta, mas, se fosse pelo menos possível que o povo pudesse concordar com ela, seria nosso dever considera-la justa.” O Estado “funda-se numa coalisão de das vontades de todos os indivíduos numa nação.”. As leis devem ser  “a vontade do povo.”

(continua)     

             

             

           

 

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