quinta-feira, 25 de setembro de 2014

303. 23 Coisas que não nos contaram sobre o Capitalismo


 

Meu amigo
Desconhecia esse economista Ha-Joon Chang até muito recentemente. Deparei-me com o livro dele, “23 Coisas que não nos contaram sobre o Capitalismo”, há meses, na livraria Saraiva e assisti na televisão recentemente à entrevista dele a um repórter da televisão Globo, muito interessante, exatamente sobre esse livro, de cujo resumo você nos faz esse precioso presente, que lerei detidamente. Espero que sempre me faça compartilhar o que considerar mereça a nossa reflexão nesses assuntos econômicos.

As considerações que farei a respeito e, à medida que nelas avançar lhas  comunicarei, NÃO SÃO REFUTAÇÕES (quem sou eu?!). São mero aprimoramento de meus conhecimentos. O conhecimento se aperfeiçoa no contraditório. A maiêutica de Sócrates, adotada pelos discípulos Platão e Aristóteles, e pelo maior filósofo da Escolástica, Tomaz de Aquino, era o contraditório. A Ciência, a modalidade de conhecimento mais conceituada nos tempos modernos, não é um conhecimento individualista. É um conhecimento COMUNITÁRIO, melhor, é um esforço da HUMANIDADE, é um CONHECIMENTO DA HUMANIDADE.

Neste primeiro momento, detenho-me sobre a primeira lição do livro de Mestre Há-Joon Chang:

 "Pág.21: “Não existe algo como um livre mercado.

“O que eles dizem:
“Os mercados precisam ser livres. ...As pessoas precisam ser deixadas ‘livres para escolher’, como sugere o título do famoso livro, Capitalism and Freedom (Capitalismo e Liberdade), de Milton Friedman, visionário do livre mercado.”...

 “O que eles não dizem:
“O livre mercado não existe. Todo mercado tem algumas regras e limites que restringem a liberdade de escolha. O mercado só parece livre..."

O Dr. Ha-Joon Chang, mestre da Universidade de Cambridge, é, por isso mesmo, um SÁBIO. Ele tem conhecimento do que é ser LIVRE. Liberdade não significa sem lei, sem regras, sem normas. Basta nos juntarmos, dois seres humanos, e as normas de comportamento logo surgirão, porque, do contrário,  haverá GUERRA. Estou convencido de que ele tem conhecimento da famosa expressão de Péricles  em seu famoso discurso aos atenienses: "Somos livres porque nos regemos por leis que nós mesmos estabelecemos por consenso, e não pela vontade de outro homem." Ser livre não significa sem lei, significa não se submeter à vontade de outrem, autogovernar-se, ser autônomo, conviver consensualmente.

Veja como o Minivocabulário Econômico- Financeiro define Mercado: Local determinado, onde compradores e vendedores se encontram para o exercício de suas transações comerciais. Em sentido amplo, o conjunto de NORMAS e costumes aplicados nas transações entre comprador e vendedor (mercado em geral de bens e serviços), vendedor e investidor (títulos e valores imobiliários). Conjunto de relações de demanda e oferta de bens e serviços.

Por sinal, esse Minivocabulário desconhece o termo MERCADO LIVRE. Ele define o MERCADO DE CONCORRÊNCIA PERFEITA, a saber, o que tem grande número de empresas e grande número de compradores, SEM QUALQUER OBSTÁCULO PARA INGRESSO OU SAÍDA DA EMPRESA QUE ASSIM DESEJAR e, pela similidade dos produtos fabricados, não se estabelece maior preferência entre os consumidores. OS PREÇOS SÃO LIVRES, DITADOS PELO MERCADO, já que toda empresa produz pequena quantidade do produto, não possuindo força para impor-se ao todo.

Também Paul Krugman, em seu texto de Economia,  desconhece o termo MERCADO LIVRE. Ele distingue a ECONOMIA DE MERCADO e a  ECONOMIA DE COMANDO. Aquela é a economia em que a produção e o consumo são o resultado de decisões descentralizadas das empresas e dos indivíduos. Não há autoridade central dizendo às pessoas o que produzir e para onde transportar. Cada produtor individual faz o que acredita ser mais lucrativo; cada consumidor compra o que escolhe. Já a economia de comando tem uma autoridade central tomando decisões sobre produção e consumo. Diz ele que aquela existe nos Estados Unidos e cita o exemplo da Rodovia 1 de Nova Jersey, onde vendedores e compradores regurgitam. E que a segunda existiu na União Soviética, onde os pontos de venda se apresentavam desabastecidos ou com produtos que desgostavam aos clientes.

Não sei se o Dr. Chang tem FATOS para negar essas afirmações de Paul Krugman. Da minha parte, passo a descrever um fato da minha vida de Gerente da Carteira de Câmbio do Banco do Brasil na década de 70. Era por volta de meio-dia e entra no meu gabinete um funcionário da Iugoslávia, uma das repúblicas socialistas soviéticas, que viera ao Brasil para entregar os vagões ferroviários que o Brasil comprara para a Central do Brasil. Convida-me para almoçar com ele no Restaurante do Clube Português (restaurante chique de capitalista...). Lá fomos. Sabe qual foi a conversa? Quantos quilos de feijão e arroz lhe são permitidos comprar por mês? Qual é a localização e a dimensão do apartamento em que um cidadão da sua posição de trabalho pode habitar? Sinceramente acho que não é esse o estilo de vida do Dr. Chang... 


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