Meu neto tem 15 anos e cursa o primeiro ano do curso médio, no Colégio Pedro II, de Humaitá, bairro desta cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de uma dissertação por ele redigida, sobre o primeiro dever de aula de Filosofia, passado pelo professor da matéria.
Trair
é um mal necessário (?)
Hoje cheguei na casa do meu avô e
ele me preguntou se eu tinha algum dever da Escola para fazer. Respondi que
havia um trabalho de filosofia para terminar. Ele me perguntou que trabalho
era. Respondi que era uma redação de
filosofia sobre traição. Ele perguntou o que eu pensava sobre isso. Respondi-lhe
que achava que era errado. Ele falou que eu tinha que explicar minha resposta.
Tive dificuldade de explicar.
Meu
avo então me ensinou que, na cidade de Atenas, 400/ 300 antes de Cristo,
viveram três grandes filósofos: Sócrates, Platão (discípulo de Sócrates) e
Aristóteles (discípulo de Platão). Um dos grandes ensinamentos de Sócrates foi
que precisamos de um método de pensar para que se consiga um bom conhecimento
das coisas. Ele tinha um método ao qual dava o nome de maiêutica. A maiêutica
consistia em fazer o confronto das opiniões de varias pessoas e extrair delas a
melhor explicação.
No
século XIII depois de Cristo, houve um outro filosofo, muito famoso, Tomás de
Aquino, frade dominicano, que no seu principal livro Suma Teológica, usava um
método bastante semelhante ao da maiêutica, a saber, ele colocava primeiro
opiniões de outros filósofos, contrárias à dele.
Meu
avo propôs que usasse o método de Tomás de Aquino. Assim meu avô me mostrou o
livro O Príncipe, de Maquiavel. Esse fiósofo, do século XV depois de Cristo, é
considerado o primeiro cientista politico, o fundador da ciência politica.
Segundo ele, o príncipe, o chefe de um estado, deve ser impiedoso para com os
adversários, generoso para com os amigos e justo, benévolo e misericordioso
para com o povo em geral. Mas o mais importante não é ser assim. O mais
importante é parecer ser assim. O importante é fingir ser assim. Ele tinha como
principal máxima de governo: os fins justificam os meios. Isto é, que para um
príncipe se perpetuar no governo, ele deve ser uma sujeito, sem moral e sem caráter, pronto para trair e mentir.
Ora, trair não é um mal necessário,
muito menos um bem. A traição está fundamentada numa mentira que traz
desconfiança para uma relação, pode até acabar com essa relação. Um chefe de
estado que minta para o seu povo faz com que os indivíduos se separem. Separar,
desagregar é acabar com a sociedade. Não é possível relacionamento duradouro
sem a verdade e a confiança. Um chefe mentiroso não é aceito em países
desenvolvidos como: os EUA, Japão, países europeus, países americanos, Rússia,
China, Austrália, em nossos dias. Meu avô me disse que Thomas Jefferson, um dos
principais líderes da independência dos Estados Unidos da América, dava a seguinte norma de conduta: “Age sempre
como se todas as pessoas te estejam observando!”
As ideias de Maquiavel pareciam acertadas naqueles tempos
da Idade Média, de pouco desenvolvimento cultural e absolutismo político. Não
tem condições de perdurar nos tempos atuais de desenvolvimento cultural, de
amplitude de informações e globalização de relações.
É isso exatamente o que estamos experimentando neste
momento no Brasil. O povo está exigindo um Governo baseado na Verdade, na
Transparência e na Lealdade.
Excelente, brilhante!
ResponderExcluirObrigado, Jeanne. Comunicarei ao meu neto o seu incentivo. Ele terá muito caminho à frente. É a aceitação que lhe fará a vida feliz.
ResponderExcluirEdgardo Amorim Rego