segunda-feira, 6 de agosto de 2012

208. O Capitalismo É Uma Fase do Processo Histórico


Li na quarta feira da semana passada na CNN que o Citigroup estava manifestando a opinião de que não mais deveriam existir grandes bancos! Um dia depois, numa entrevista, Tony Blair, ex-Primeiro Ministro inglês e líder político mundial, afirmava que estamos assistindo a uma transformação importante e que se está necessitando de um grande plano de reforma.

Na verdade, os fatos são extremamente impactantes. Afirma-se que a Grécia não resolveu os seus problemas e que necessita de mais cortes nas despesas dos cidadãos e do País. Fica-me a impressão de que toda a ajuda, que até aqui foi dada à Grécia, nada mais é que adiar o inevitável desfecho da falência nacional. Ela não tem condições nem de pagar a dívida abatida e reescalonada como foi. Um banqueiro grego transferiu todo seu capital para Londres, onde investiu em imóveis. Constata-se que a Espanha precisa igualmente de gigantesco plano de recuperação. Grandes empresas francesas estão executando planos de demissão de empregados. E finalmente bancos alemães acabam de sofrer rebaixamento em seus graus de excelência. O Presidente do Banco Central do Brasil agora, em sua última visita à Europa, declarou que a crise é muito mais intensa do que se imaginava e ainda se agravará.

A crise econômica é característica da economia de mercado, a economia de amplas dimensões, a economia monetária, a economia capitalista. Na Idade Média, economia de mera subsistência, economia de pequenas dimensões, economia de troca direta dos produtos, economia da riqueza destituída da moeda, o instrumento universal de troca, não havia crise econômica. Havia produção limitada, peste, guerra e fome.

A crise econômica, portanto, já escreveu Kenneth Rogoff, tem oito séculos de existência. E ela se processa sempre da mesma forma: aumenta-se o endividamento (isto é, amplia-se o estoque de moeda), aumenta-se a riqueza, provoca-se a inflação, surge a inadimplência, quebram-se os bancos, a máquina de fabricação de dinheiro estanca, a economia estanca. A crise instalou-se E crise instalada cada vez maior. A última supera a penúltima em dimensões!

Karl Marx já afirmara que essa contradição intrínseca do capitalismo, a saber, a necessidade de crescente massa com poder de compra e a inevitável contínua concentração do capital em número cada vez menor de capitalistas, levaria à derrocada do capitalismo, quando ele atingisse o estágio da globalização. Quando se substitui o trabalhador pela máquina, como pode a população sobreviver, numa sociedade monetária, onde tudo se troca pela moeda, que só poucos possuem?!

Ao que parece, estamos sendo as testemunhas oculares da realização do vaticínio do apoplético alemão. São os próprios corifeus capitalistas que o estão afirmando, o maior conglomerado mundial de crédito e um dos mais importantes políticos do País, que abriga o mais proeminente centro financeiro da Terra.

Está-se colocando em dúvida que a economia mundial possua os recursos necessários para evitar que o desastre universal econômico e financeiro aconteça. Só restaria a parada universal. A fome universal. A luta fratricida universal pela própria sobrevivência. O apocalipse. Ou a mudança.

A Ciência Econômica surgiu afirmando-se que havia uma riqueza: o dinheiro, que era concebido como uma quantidade de ouro ou prata. Posteriormente, surgiu a ideia de que a riqueza era a terra, a terra produtiva. Surgiu, posteriormente, a ideia de que existiam três fatores da produção: a terra, o trabalho e o capital. Hoje, na prática, reduziu-se a capital e tecnologia. Eliminaram-se terra e trabalho, substituídos pela tecnologia. Identificou-se tecnologia com capital. O fator de produção em nossos dias, na prática, é somente o capital.

Ótimo! Obtemos conhecimento, saúde (até a imortalidade) e DIVERTIMENTO SEM TRABALHO E SEM A MÍNIMA PREOCUPAÇÃO ENTRE A RELAÇÃO TERRA (TERRA DE QUALIDADE) E TRABALHO (QUANTIDADE E QUALIDADE DA POPULAÇÃO). Seremos, a geração atual e futura, felizes para sempre usufruindo de festas monumentais, Jogos Olímpicos e Campeonato Mundial de Futebol, sem esforço algum, porque a máquina robótica trabalhará por todos nós, e livres, fazendo o que bem entendemos, até fuzilando os jovens companheiros nas salas de cinema!

Mas, acontece, estou lendo hoje, que já não se precisa mais de trabalhador para produzir carros em São Paulo. Há muito tempo, naquela metrópole se usa o rodízio de carros, alternando-se os dias de carros com chapa de final par e final ímpar. E já se ameaça cobrar pedágio urbano na cidade de São Paulo para reduzir o trafego diário (o uso) de carros que as fábricas precisam vender. E, através do turismo, estamos levando a cidade, o petróleo e o plástico, misturado com fezes e urina, para o PANTANAL!

A Humanidade precisa mudar urgentemente. Precisa civilizar-se. Precisa educar-se. Precisa ter consciência de que ela, a Humanidade, é CONVIVÊNCIA, SOCIEDADE, A SOCIEDADE DO PRIMADO DO TRABALHO, como afirma a CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, O MAIS IMPORTANTE ARTIGO DA CONSTITUIÇÃO, EM PÉ DE IGUALDADE COM O DA DIGNIDADE E O DA LIBERDADE HUMANA! Temos uma medida de consumo, de conforto, de divertimento, de saúde, de existência e até de população, a saber, a dimensão do produto do nosso trabalho. E tem que ser trabalho de todos para usufruto de todos. A justa medida entre descanso (ou divertimento) e trabalho.

É preciso refazer a fábula da formiga e da cigarra. Em lugar da fábula de oposição entre o lazer e o trabalho, que se narre a fábula da convivência harmoniosa da cigarra com a formiga! A FÁBULA DO PRIMADO DO TRABALHO!

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