sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

46. O Sonho da Dinastia de Avis (conclusão)


A redescoberta do brasil

O homem age movido por mil razões. Os infantes portugueses do século XIV assaltaram Ceuta impelidos sobretudo pela fé e pela fama. A motivação de D. Manoel era sobretudo a riqueza, a fama e o poder. Estava ocupado quase totalmente com seus interesses no Oriente que lhe traziam fabulosos retornos. Estendeu o império português por quatro continentes e abastecia os mercados europeus com as mercadorias do mundo. Portugal atingira a posição de nação hegemônica.
Mas o rei tratou também de tomar conhecimento da possessão ocidental, de cujo litoral mandou fazer levantamento cartográfico. Em 1502 arrendou terras a um grupo de negociantes. Portugueses, espanhóis e franceses estabeleceram nela feitorias para extrair o pau-brasil, de melhor qualidade que o oriental, e vendê-lo na Europa. Aventureiros europeus, confortados com a poligamia da sociedade primitiva, integraram-se às tribos e abriram a mente dos índios para o trabalho, o negócio e o lucro através do escambo do pau-brasil.
No reinado de D. João III, Portugal começou a sentir as despesas de manter império tão amplo e proteger o comércio em tão longas e acidentadas distâncias. A Espanha passou a obter riqueza fabulosa com a extração de ouro e prata nas colônias americanas. A pirataria espanhola e francesa atrapalhava o comércio intercontinental. Diminuíra o interesse dos negociantes europeus pelo financiamento desse comércio.
D. João III decidiu iniciar a colonização e a exploração das potencialidades econômicas do Brasil, utilizando-se da iniciativa privada. Martim Afonso de Souza introduziu o cultivo da cana de açúcar em Santos e Duarte Coelho em Olinda. Breve, nas terras brasileiras, mais próximas do mercado europeu, iria desenvolver-se a maior agroindústria do mundo nos séculos XVI e XVII. D. João III redescobriu o Brasil, o Brasil potência econômica mundial. Na segunda metade do século XVI, o Brasil possuía as maiores e mais adiantadas cidades das Américas: Salvador e Recife. O interesse da coroa portuguesa aos poucos se transferiu do Oriente para o Brasil.
No início do século XVIII, o Brasil tornou-se o maior produtor mundial de ouro, mais do que tudo o que as colônias espanholas extraíram nos seus séculos de comércio. O Rio de Janeiro e as cidades mineiras eram as mais ricas das Américas e Ouro Preto a maior cidade do Novo Mundo. Lei teve que ser promulgada para evitar o despovoamento de Portugal. A economia brasileira sustentou Portugal durante dois séculos e meio. E o ouro do Brasil financiou a Revolução Industrial.

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