segunda-feira, 27 de abril de 2009

104. O Profeta


Os jornais noticiaram que Henry Kissinger prevê que os Estados Unidos em poucos anos enfrentarão grave problema com a dívida, tal qual agora o Brasil e tantos outros países.
Os gastos públicos, o déficit público e a dívida pública merecem restrições da parte dos economistas clássicos. Os impostos devem limitar-se ao mínimo e, portanto, também as despesas públicas. A dívida é por eles reprovada. Adam Smith e Jean Baptiste Say dirigiram fortes críticas ao endividamento público. Ressaltaram o grande risco que é emprestar ao Estado que, poderoso, paga só quando quer. Adam Smith registrou que muitas vezes os Estados recusaram pagar suas dívidas.
Malthus achava que a dívida pública devia ser moderada. Mas, encontrou especial motivo para ela: elimina a superprodução. Nas épocas de recessão, o Governo deve aumentar as despesas para reconduzir a economia ao nível do pleno emprego. Malthus foi predecessor da teoria desenvolvida por John Mainard Keynes. A teoria intervencionista de Keynes transformou-se na mais importante escola da economia capitalista do mundo moderno. Os governos encontraram nela justificativa para intervir ao bel-prazer no mercado. Atentam contra o mercado por muitas outras razões: distribuição de renda, segurança, bem-estar social, desenvolvimento etc.
Outros economistas na atualidade permanecem fiéis às idéias da Escola Clássica. Milton Friedman acha que existe um mecanismo automático que aumenta as receitas públicas na euforia e as deprime na recessão, tornando desnecessários os movimentos oscilatórios propositais das despesas do Governo. O ruim, diz ele, é que o Governo tende a sempre aumentar as despesas e nunca a cortá-las. Para Friedman, a intervenção estatal deve limitar-se a uma política monetária adequada.
Curioso é que Adam Smith, há mais de duzentos anos, previu que a dívida pública arruinaria a Europa!... Mas, dir-se-ia, é para os Estados Unidos que Kissinger prevê problemas. É verdade. As profecias, porém, caracterizam-se pela obscuridade. E, afinal, o problema americano seria um desastre para a Europa também. Seja como for, o problema da dívida apresenta-se como dos mais graves no mundo atual.
(Publicado no ano de 1987)

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