domingo, 19 de abril de 2009

96. Oferta e Procura


Certas pessoas gostam de comer rãs. Aparece alguém para criar rãs e oferecer-lhes rãs. Certas pessoas decidem matar outras pessoas. Aparece alguém para fabricar e oferecer-lhes cada vez melhores armas. Fabricar alguma coisa sem consumidor, pode ser ótimo passatempo, mas não é atividade econômica. A inexistência de consumidor significa que o produto é sem valor de troca, sem valor econômico. O produtor de alguma coisa sem consumidor pode ser muito feliz, mas será pobre. O consumidor é quem comanda a atividade econômica, a atividade produtiva. Para viver bem, preciso de muitas coisas. Por isso, produzo coisas que outros querem consumir. Assim, troco o que produzo, e elas querem consumir, pelo que elas produzem, e eu quero consumir. Todos seremos felizes e ricos.
Mas, as coisas não têm o mesmo valor de troca. Umas valem mais e outras valem menos. O pão vale pouco economicamente. Embora todos o queiram, há muito pão disponível. Poucos estarão dispostos usualmente a pagar muito por um pão. Numa circunstância excepcional, em que haja pouco pão e pouco alimento disponível, o pão pode vir a ser trocado até pela vida. O brilhante vale muito, porque há pouco quantidade disponível para os que o procuram. As coisas de produção cara são naturalmente raras, porque poucos as podem consumir. A tecnologia torna as coisas baratas e mais disponíveis, porque as produz mais barato.
O consumidor é a razão do mercado, da produção e da economia. O consumidor é o controlador da produção. O produtor ou o empresário é o servo do consumidor. Ele é rico na medida em que servir ao consumidor. O preço do produto e a riqueza do empresário resultam do valor social que lhes empresta o universo dos consumidores. Cada consumidor tem o seu código de valores. Há pessoas que preferem ser desdentadas e beber uísque. Outros preferem ser alcoólatras a ter saúde, trabalhar e comer. Outros preferem rezar a ter conforto. Outros preferem ser cultos a ter conforto e saúde. Outros preferem aventura ao trabalho e ao estudo. Outros preferem a ociosidade e a vadiagem ao conforto. Outros preferem ter carro a alimentar-se. Outros preferem colecionar discos e filmes a alimentar-se e vestir.
Quando o Estado interfere na lei da oferta e da procura, ele contraria todas essas opções tão pessoais que decorrem em grande parte da própria engenharia genética da pessoa. Quando pretende fazer o bem a todos, o Estado faz a infelicidade de todos. É a imposição do código de valores dos poucos que compõem o Governo sobre a vontade de todos os cidadãos. A lei da oferta e da procura é a expressão da própria vida de todos os indivíduos. É o resultado de suas avaliações, projetos, desejos, ambições, necessidades, fantasias, opções, decisões e frustrações.
Só o mercado livre constitui a democracia econômica. No mercado livre, os consumidores, isto é, todos os cidadãos dirigem a economia. A economia dirigida pelo Estado é ditadura econômica. A ditadura política pode conviver com a democracia econômica. Mas, a liberdade política não se compatibiliza com a ditadura econômica. Assim pensam os liberais.

(Publicado no ano de 1986)

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