segunda-feira, 13 de abril de 2009

91. Os Pobres


Há hoje no Brasil, da parte das lideranças políticas, intensa preocupação com a pobreza. A ação conseqüente a essa preocupação depende da mentalidade com que a pobreza é encarada.
Jesus Cristo elevou a pobreza ao status de virtude. Ele fazia milagres e assim saciava a fome dos pobres. Francisco de Assis transformou sua riqueza em dinheiro e repartiu-o com os pobres.
Na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, a lei determinava que o pobre socorrido pelo Governo tivesse padrão de vida inferior ao do mais pobre trabalhador. Compelia-se o preguiçoso a trabalhar e criava-se um freio à paternidade irresponsável. Era o triunfo legal das idéias de Malthus que Stuart Mill expressou com extrema clareza: “Ninguém tem o direito de trazer seres ao mundo para serem sustentados por outras pessoas”. Malthus ia tão mais longe que propugnava condições sanitárias urbanas tão adversas que provocassem a morte da prole da pobreza. Assombra-nos que tais radicalismos tenham sido pensados e escritos por um gênio religioso como Malthus.
Parece-me, porém, que agora no Brasil estamos marchando para o radicalismo oposto. Aos políticos parece não interessar a advertência de Stuart Mill. Não há a mínima preocupação com o crescimento demográfico. Difunde-se a mentalidade de que o Brasil é rico e nele pode viver abastadamente população ilimitada. Nada mais seria necessário para isso que distribuir eqüitativamente a riqueza brasileira. Só há pobres, porque há uns poucos muito ricos no Brasil.
As lideranças políticas sabem muito bem que não é essa a realidade brasileira. O Brasil não produz nem tem condições de produzir para que a população atual viva condignamente. Na sociedade livre e competitiva, a pobreza desaparece à medida que cresce a classe dos ricos. O rítimo da quebra dos grilhões da pobreza deveria ser mais rápido que o do crescimento da abastança. Isso o Estado pode estimular e deve estimular. Numa sociedade livre e competitiva, centrada no Conhecimento, há o mínimo de desigualdade e o máximo de igualdade, porque o impulso da dignidade pessoal põe a funcionar a criatividade de cada um. A emulação é a inexorável mão invisível que transforma em bem comum a busca egoística da riqueza, segundo Adam Smith.
Milton Friedman avança afirmando que a mão invisível também funciona na direção oposta transformando em apenas vantagens pessoais dos políticos a ação distributiva da riqueza que eles alardeiam promover em benefício do povo.
Governo não distribui riqueza. Distribui pobreza. Políticos não distribuem a própria riqueza. Distribuem a dos outros, tornando o povo mais pobre e melhorando o próprio padrão de vida. Essa é a conclusão de Michael Novak.

(Publicado no ano de 1986)

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