quarta-feira, 18 de março de 2009

65. A Lei da Atração


O Homem é a medida de todas as coisas.
Protágoras
Uma grande verdade é aquela cujo contrário é outra grande verdade.
Niels Bohr
A teoria da eletrodinâmica quântica descreve a natureza como absurda, do ponto de vista do senso comum. Por isso espero que possam aceitar a Natureza como Ela é: absurda.
Richard Feynman
Vejo bebês chorando e crianças crescendo,
eles aprenderão muito mais do que eu nunca saberei.
E penso comigo mesmo: que mundo tão maravilhoso!
Louis Amstrong
... o mundo existe independentemente de minhas tentativas de interpretá-lo, embora eu só consiga conhecer o mundo por intermédio de meus próprios órgãos dos sentidos e dos modelos que estes ajudam a construir dentro de minha própria cabeça.
Steven Rose
Eu sou eu e minha circunstância.
Ortega y Gasset

Vamos agora, nesta parte final de nossa reflexão sobre a mensagem eletrônica, examinar algumas assertivas ali contidas.

Você pode ser, ter, fazer qualquer coisa que quiser. Todos nós funcionamos com um poder infinito.

Não me parece verdade. Uma das realidades físicas, biológicas e psicológicas é que o indivíduo humano e o Homem Moderno (a espécie humana) são limitados.
Temos limitações físicas. A espécie humana é frágil perante uma imensidão de outras espécies animais, até diante de microorganismos que destroem o nosso corpo. Ela é limitada frente ao poder da Natureza, das tempestades, dos ciclones, dos tsunami, dos terremotos, dos vulcões e das secas. A Terra é finita. A Terra é um planeta ameaçado. Há as ameaças externas, como os cometas, os buracos negros e até o princípio de conservação da energia. Nada no mundo é eterno. Os indivíduos humanos são ameaçados pelos próprios indivíduos humanos e até pela própria sociedade e pelo próprio Estado. A Humanidade é ameaçada pelo próprio excesso de indivíduos e pela sua própria atividade (o problema do desenvolvimento sustentável, da preservação do meio-ambiente). Por isso, nós procuramos alcançar o mínimo de insegurança, de mil maneiras, até criando todo tipo de divindade.
Temos limitações biológicas. Cada ser humano tem a sua constituição herdada na concepção. Cada indivíduo nasce programado pelo seu DNA, pela qualidade de cada um de seus genes. Por isso, alguns nascem anencéfalos, outros cegos, outros surdos, outros paralíticos, outros retardados. É verdade que a plasticidade do sistema nervoso proporciona a autoconstrução de cada indivíduo ao longo da existência, desde a concepção até a morte. Mas, essa mesma autoconstrução tem sua limitação, a limitação do passado, a limitação do tempo em que se processa, a limitação das circunstâncias presentes, muitas delas independentes de nossa vontade, de modo que a cada instante se impõem a limitação da capacidade biológica de cada um e a realização limitada de cada um. Todos somos sistemas orgânicos diferentes, com sistema endócrino diferente, sobretudo com sistema nervoso diferente, e, até por isso mesmo somos limitados, porque somos diferentes.
Temos limitações psicológicas. Cada um tem sua capacidade própria de desenvolvimento. Maquiavel disse que cada um tem sua virtù. Os psicólogos conhecem mil tipos de incapacidade: incapacidade para ler, incapacidade para entender, incapacidade para ter regras morais. Alguns psicólogos afirmam que 15% dos indivíduos humanos nascem incapacitados para a vida social. Muitos são, desde o nascimento, vocacionados claramente para determinadas profissões: músicos, pintores, escultores, literatos, filósofos, mecânicos, policiais, políticos. A neurociência ensina que, sem utilização na lactância e na infância, os neurônios da musicalidade e da alfabetização definham, produzindo a inaptidão para a profissão musical no primeiro caso e, no segundo, a brutalidade. Diz também seriamente, embora eu o cite simplesmente por humor, que os seres humanos possuem um simples neurônio, à altura do ouvido, que é específico para sensibilizar-se com a sensualidade da voz feminina! Perdido ele, o indivíduo humano não pode ser conquistado pela voz feminina.
A verdade é que determinadas pessoas nascem com um tal moral (força de ânimo, força de vontade, determinação, obstinação), ou o adquirem na experiência existencial, que as pode levar a alcançar objetivos muito superiores àqueles para os quais parecem estar destinados. Foi o caso de Einstein. A família, quando ele concluiu o curso médio, perguntou ao professor que profissão achava o rapaz teria aptidões para praticar. O professor respondeu: nenhuma. O professor achava que Einstein deveria contentar-se em ser carteiro, gari ou coisa que tal. Devemos ter objetivos elevados na vida. Devemos ter ambição, obstinação e muita disposição para realiza-los. Mas, devemos saber os objetivos que estão e os que não estão ao nosso alcance. Do contrário, seremos muito infelizes.
Por fim, a grande orientação: nós somos apenas o animal melhor adaptado ao meio ambiente terráqueo e sobreviveremos apenas, homens como somos hoje, no nicho ecológico que não seja muito afastado da normalidade das condições de vida proporcionadas pela Terra. A Terra, nas condições de normalidade, é o nosso limite mais amplo. Nossa genética e nossa história de vida são nossos limites individuais.
(continua)

Nenhum comentário:

Postar um comentário