quarta-feira, 25 de março de 2009

72. A Faixa de Gaza é o Rio de Janeiro


Copacabana, 23 de março de 2009, dezenove horas, as ruas Tonelero e Santa Clara atulhadas de veículos, o tráfego paralisado. De repente, a troca de tiros entre traficantes e polícia. Cinco homens mortos e um preso. Não se tratava de uma refrega eventual, isolada. Já eram três dias de guerra entre traficantes, e entre policia e traficantes na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.
Não se trata de fato inédito e peculiar a alguma região da cidade. O Estado de Direito é contestado em todos os becos da cidade. O Estado paralelo domina pelas armas em todas as regiões da cidade.

É paralelo mesmo, em soberania e em espaço. Quem se desloca pela cidade do Rio de Janeiro não sabe se está no território da Lei ou no território da marginalidade. Todas as regiões da cidade, as cercanias do Palácio do Governador e as vizinhanças da residência do Governador, podem a qualquer momento, abruptamente, aparecerem conflagradas. Mata-se e mata-se. Morre-se e morre-se.
Infelizmente, o teatro de guerra nacional não se restringe à cidade do Rio de Janeiro. O noticiário da cidade de São Paulo denuncia o mesmo estado de beligerância. E, se ampliarmos um pouco a análise do império da marginalidade no Brasil, as notícias de desfalques e imoralidade administrativa, no âmbito da administração pública em todos os níveis, demonstram que a sociedade brasileira está enferma, o tecido social está esgarçado.
As notícias de corrupção nos três poderes da república, que nos chegam de Brasília, demonstram que a sociedade brasileira hoje é uma farsa: fingimos que temos as melhores leis do planeta, fingimos que as respeitamos, fingimos que as aplicamos e fingimos que as cumprimos. Fingem que governam e fingimos que somos governados.
E você me indagará: tem solução? Creio que sim. A polícia? Aumento da coação? Não, a meu ver. Há deputados estaduais aqui no Rio de Janeiro que basta o retrato para meter medo!... Qual a solução? O conhecimento.
Nas postagens anteriores deste blog, o amigo percebeu quanto valor atribuo ao conhecimento. Nestas últimas postagens, procurei demonstrar como, três mil, quatro mil, cinco mil anos atrás, já se percebia que o poder está em quem tem o conhecimento, que conhecer é poder, é fazer, é criar, é progredir, é relacionar-se, é agregar, é conviver. Isso afirmou Lao Tse, Buda, Jesus Cristo, Sócrates e Paulo de Tarso.
A sociedade é conseqüência do conhecimento. O conhecimento é luz que ilumina o Homem e faz o Homem bom. A grande verdade da Psicologia é que a mente é plasticidade. Os psicólogos nos falam da voz interior, da conversa mental. Sócrates dizia que ouvia uma voz interior, a voz de um deus, o daimon. Jesus Cristo falava do Espírito de Deus que adentra a mente dos humanos e os transforma. Eu falo do Conhecimento que se recebe através da Educação.
Esse conhecimento nos diz, através da Neurociência, que a conduta boa ou má é conseqüência do Universo mental que o indivíduo humano possui. Ele deve ser saudável biologicamente e também em razão de uma plasticidade bem dirigida pela aprendizagem, para que o indivíduo humano saiba conviver, possua conduta social aceitável. Se o indivíduo humano se conduz de forma marginal à sociedade é porque o Universo mental dele está deteriorado.
Mas esse Universo mental deteriorado pode ser consertado pelo Conhecimento, através da Educação, se o órgão cerebral é perfeito, ou através da Medicina, se o defeito é biológico. E Medicina é também conhecimento. É verdade, todavia, que o Conhecimento deve avançar ainda mais, para que seja mais eficiente. E, se todos fôssemos mentalmente sãos, não haveria crimes, dizia Sócrates. Também o diz, hoje, a Neurociência. Não precisaríamos de coação, de polícia. Não dependeríamos de tantas leis e de tanto Governo. Vamos nos educar. Ouçamos a voz do deserto, a de Cristovam Buarque!...

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