segunda-feira, 9 de março de 2009

56. Mensagem a Meus Amigos 2 (a pedido, continuação)


Mas, a todas essas diversidades subjaz um núcleo de idéias fundamentais: a samsara, o karma e a moksha.
A samsara é o fluxo da existência dos seres, desde o nascimento até a morte, e, muito mais, o fluxo do encadeamento de existências, numa incontida alternância de nascimentos e mortes. São existências de um mesmo indivíduo que fluem uma após outra, sem parar, nas mais diversas formas de existir: homem, animal, planta. Isso se perfaz através da reencarnação, da transmigração. O homem, o animal e a planta só divergem na forma aparente, transitória.
O fluxo da existência de um indivíduo, ao longo de seus diversos estados e transmigrações, é resultado de seus atos, de seu comportamento. Cada ato do indivíduo vai determinando toda a sua existência futura, numa existência e nas futuras reencarnações. É o karma. O homem está, portanto, submetido ao inexorável ciclo das transmigrações sob o império tirânico do karma.
Apesar de tudo isso, o hinduísmo deixa uma porta aberta para a libertação desse ciclo inexorável: a moksha. A moksha é a libertação da prisão ao mundo material, a negação do mal, do sofrimento, da decadência. É uma visão expandida, uma sensação de calma e segurança, a noção de se ter conseguido atingir uma finalidade ou o poder de ser e fazer. É a supressão de todo o anseio, de todo o desejo. É a libertação do mal, do corpo, dos apetites e das iras, da decadência e da morte, do karma e da maia.
É o encontro do indivíduo com seu átmã, aquela parte real e permanente do indivíduo, a alma de todas as almas, aquilo em que o indivíduo mergulha quando se esquece de si próprio. E, por fim, é o encontro de átmã com Brahma, a diluição dele em Brahma, o ser único e permanente, imperscrutável, insondável, inexplicável. Brahma é o ser absoluto e inalcançável pela inteligência humana. É a alma de todas as coisas. É a força que está atrás, adiante, abaixo e acima de todas as forças e deuses. É o criador e senhor de todas coisas. Quando o Átmã individual se dilui em Brahma, dá-se o término da samsara.
O hinduísmo acredita que se pode atingir a moksha pelo caminho do conhecimento, eliminando a ignorância através do perfeito entendimento da realidade, rejeitando-se tudo o que seja transitório ou ilusório. Esse conhecimento se obtém mediante a meditação, a ioga e a repetição do misterioso mantra (hino) Om.
Existe também um segundo caminho para a moksha, o caminho da ação, executando os trabalhos e cumprindo as obrigações que a vida impõe. A ação é superior à inação, de modo que o perfeito desempenho do papel que lhe cabe na vida conduz o indivíduo à moksha.
O terceiro caminho para a moksha é o caminho da devoção, de prática de atos e cerimônias rituais, de veneração de estátuas e recitação de hinos de louvor a deuses. É o caminho seguido pela maioria dos indianos.

(continua)

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