quinta-feira, 26 de março de 2009

73. Prêmios Nobel de Economia


Se você for à primeira postagem deste blog, irá encontrar a minha foto, lendo o livro de texto de Economia, da autoria de Paul Samuelson, prêmio Nobel em Economia, genial divulgador da teoria econômica keynesiana. Aquela fotografia é de 1979, quando, palestrante assíduo sobre negócios de câmbio e de comércio internacional, para o público interno e externo ao Banco do Brasil, muitas vezes até em substituição a diretores, vice-presidentes e presidente do Banco, senti necessidade de aventurar-me pelo estudo dessa ciência.
Li Paul Samuelson, Milton Friedman, Galbraith, Dornbusch, Sachs, Simonsen, Celso Furtado, Carlos Lessa e até ousei aventurar-me por toda a coleção de obras clássicas, publicada pela Abril. Agora, exatamente no final da semana passada, deparo-me nas livrarias, o principal recanto de meus passeios, com a Introdução à Economia de Paul Krugman. Trinta anos decorridos, encontro-me com um esplêndido texto de ciência econômica, escrito por outro Paul genial, também prêmio Nobel de Economia no ano passado.
Logo no primeiro capítulo, a grande referência mundial hodierna em ciência econômica emplaca visão extraordinariamente fecunda e abrangente dessa ciência, diria melhor, visão humanística.
Entre os princípios básicos da ciência Econômica, ele ressalta a sua finalidade: objetivos da sociedade. O indivíduo humano age na busca de seus objetivos pessoais. Essa atividade egoísta, logo descobre que em sociedade, isto é, no mercado, ele consegue maior bem-estar, melhor qualidade de vida. Ele percebe que o bem-estar não reside apenas em possuir mais, mas em bem conviver, conviver harmoniosamente, viver numa sociedade onde todos se sintam bem. Se bem entendo, a Economia de Paul Krugman não é uma ciência autônoma. Ela é uma Economia do Homem, da Humanidade. A Economia de Paul Krugman é, sobretudo, uma economia ética. Aliás, John Maynard Keynes já afirmava que o grande desafio da sociedade consistia em compatibilizar riqueza com igualdade.
E aí se compreende por que Paul Krugman ressalta que a eficiência não pode desconhecer que a Humanidade abarca deficientes físicos que têm os seus direitos. E mais adiante ressalta que a sociedade não pode admitir que o egoísmo se transmude em cobiça ilimitada, porque esta é prejudicial à própria consecução dos objetivos da economia, que são os objetivos da sociedade. E ele, então, exige a atuação do Estado para corrigir as falhas da economia de mercado.
E é sob essa perspectiva que devemos entender o artigo de Barack Obama, ontem estampado na Internet, sobre a necessidade de regulamentação da atividade financeira mundial: “Todas as nossas instituições financeiras -em Wall Street e no mundo- precisam de uma forte supervisão e normas ditadas pelo senso comum. Todos os mercados devem ter normas de estabilidade e um mecanismo de transparência. Uma forte estrutura de exigências de capital protegerá contra as crises futuras. É preciso combater os paraísos fiscais no exterior e a lavagem de dinheiro. Normas rigorosas de transparência e responsabilidade terão de conter os abusos e os dias de remunerações absurdas devem acabar.”
Engana-se quem pensa que Barack Obama está cogitando numa economia de comando. Ele está querendo colocar limites, utilizando-se do chamado Direito Positivo, já que os princípios éticos não foram suficientemente fortes para orientar a Humanidade na direção dos objetivos da sociedade em suas recentes atividades financeiras e econômicas. É a lição de Paul Krugman, o grande economista keynesiano norte-americano.
Eu gostaria de ver muito mais. Eu sonho em ver a Humanidade de tal modo aperfeiçoada através do Conhecimento (não apenas do Conhecimento Ciência, mas inclusive do Conhecimento Sabedoria), que entenda que o egoísmo fecundo é o egoísmo social, que o meu bem não se constrói sem o bem dos outros indivíduos. Essa compreensão ousada fará que a Ciência Econômica não precise da muleta do Estado, como acontece ainda em nossos dias.
E quero concluir chamando atenção para a habitual constatação da pesquisa econômica, que parece algumas pessoas importantes teimam desconhecer aqui no Brasil. Paul Krugman esclarece que a história econômica se tece na forma de flutuações do nível de atividade econômica, entremeando-se períodos de expansão com períodos de contração. A trajetória ascendente no longo prazo resulta do fato de que a expansão felizmente vem superando a contração nos Estados Unidos e em outros países. As medidas, que as autoridades políticas mundiais certamente tomarão, contribuirão para evitar fases de contração, abreviá-las e atenuá-las. Não se acredita, porém, que as elimine de todo.

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