domingo, 22 de março de 2009

69. O Dia em Que Alexandre Magno Amarelou...


Na segunda versão do início do Universo, no Gênesis, Deus é um artífice. Ele planta um jardim no Éden, que o autor localiza claramente no atual Iraque, entre os rios Eufrates e Tigre, na Mesopotâmia. De permeio com a descrição da produção do Universo e da Humanidade, o escritor narra a origem do mal. No versículo 9 do capítulo 2, ele informa que Deus plantou a Árvore da Vida no centro do jardim e diz também que fez brotar no jardim a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, sem lhe indicar o local exato.
Parece-me claro que sejam duas árvores diferentes, porque, no versículo 22 do capítulo 3, Deus demonstra preocupação nos seguintes termos: "Eis que o homem se tornou como um de nós, capaz de conhecer o bem e o mal. Não vá agora estender a mão também à árvore da vida para comer dela e viver para sempre." Parece-me claro também que Deus plantara a árvore da vida no centro do jardim, porque está declarado no versículo 9 do capítulo 2.
Mas, a árvore do conhecimento do bem e do mal, estaria ela também plantada no centro do jardim? Acho que os versículos 16 e 17, que expressam a ordem divina, confirma o versículo 9, indicando que a árvore do conhecimento não foi plantada no centro do jardim: "Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves comer, porque no dia em que o fizeres serás condenado a morrer." Aí, pois, exatamente na proibição nada de referência ao centro do jardim: a árvore do conhecimento do bem e do mal não se achava no centro do jardim.
Intrigante é que não é essa a ordem que a mulher diz terem o homem e ela recebido: "Do fruto das árvores do jardim, podemos comer. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus nos disse “não comais dele nem sequer o toqueis, do contrário morrereis." Estes versículos 2 e 3 do capítulo 3 não correspondem totalmente àqueles versículos 16 e 17. O homem e a mulher comeram o fruto da árvore que estava plantada no centro do jardim diz o versículo 6 deste capítulo 3. E ficaram conhecendo o bem e o mal, tanto que Deus descobriu, por isso, que eles haviam desobedecido a sua ordem: "Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer?" (Gen 3, 11) No entanto, a conseqüência da desobediência não foi a morte anunciada por Deus, mas o conhecimento do bem e do mal revelado pela serpente. Teria Deus tentado enganá-los com a finalidade de intimidá-los? Artifício esdrúxulo para um deus!... Mais, se eles, homem e mulher, de fato comeram o fruto da árvore plantada no centro do jardim, deveriam ter alcançado a imortalidade, como revela o versículo 22 do capitulo 3: "Não vá agora estender a mão também à árvore da vida para comer dela e viver para sempre."
Fica evidente que também esse relato da desobediência do primeiro casal humano é um mito, construído por muitos autores, que não souberam alinhavar uma história conseqüente. Eles não foram suficientemente competentes para produzir um relato consistente ou, pelo menos, não tiveram preocupação com coerência.
Delicioso é constatar que um deles deixou-se levar pelo bairrismo e colocou o Éden e o Jardim na Mesopotâmia. Essa lenda mostra traços fortes de origem ou influência das terras da Mesopotâmia, da cultura assíria ou babilônica ou sumeriana.
O Gênesis conferiu o lugar preciso ao Éden, na Mesopotâmia. Os mapas cristãos reconheceu-lhes o local, na extremidade leste do mapa da Terra. À medida que os descobridores ampliavam o conhecimento do planeta, os geógrafos foram deslocando o Éden. Ele passou para o Pólo Norte. Foi para uma ilha longínqua, situada ao oeste do Oceano Atlântico. Colombo suspeitou que estivesse localizado na Venezuela, porque ficara impressionado com a quantidade de água existente naquela região. A lenda narra que Alexandre, o Magno, parou às portas da região da China em suas conquistas, porque lá encontrou uma muralha de fogo tal que subia da Terra ao Céu, impedindo-o de avançar e penetrar no Éden bíblico. Alexandre Magno amarelou, ao menos uma vez...

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