domingo, 29 de março de 2009

76. O Plano Cruzado


Em 1975, John Kenneth Galbraith publicou o livro intitulado “Moeda”, onde defende, à luz dos ensinamentos da História, importantes teses macroeconômicas.
A quantidade de moeda influencia os preços. Eleva-os, quando excessiva. Deprime-os, se escassa. A acentuada presença da moeda contribui igualmente para estimular a atividade econômica. Só há progresso com inflação. Idéia fortemente ressaltada por Galbraith é que não é decisiva a influência da massa monetária para o desenvolvimento econômico. É meramente secundária. Dessa forma, posiciona-se contra o pensamento dos monetaristas como Milton Friedman.
Galbraith afirma que a injeção de moeda é insuficiente para retirar a economia da recessão. Faz-se mister uma política fiscal caracterizada pelas despesas excessivas do Governo. Essa é a doutrina de Keynes, segundo a qual as despesas do Governo são decisivas para promover a atividade econômica quando excedentes, e para desaquecê-la se deficientes com relação às receitas.
Galbraith, porém, não se mostra tão otimista quanto Keynes em se tratando da capacidade moderadora da política fiscal, sempre que ocorre a espiral inflacionária. Faz-se mister, então, usar os instrumentos da política econômica de tempo de guerra. Galbraith foi o principal executor da política de congelamento de preços do Governo Americano durante a Segunda Guerra mundial.
O planejamento central é característica da economia de tempo de guerra. Sem abolir o mercado, o Governo liberal interfere profundamente nele, impondo o congelamento de preços e o racionamento. Galbraith acha que, instalada a espiral inflacionária na economia, a saúde econômica somente se restabelece com a adoção desses instrumentos, especialmente o congelamento de preços.
O Plano Cruzado eliminou a correção monetária. Mas, foi o congelamento de preços das mercadorias que acendeu o entusiasmo popular pelo Plano Cruzado.

(Artigo publicado no jornal "A Libertação", de Parnaíba-PI, em 02/03/1986)

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