quinta-feira, 23 de abril de 2009

100. Obama na Cúpula das Américas


A Cúpula das Américas ocorreu no sábado passado, dia 18 de abril último, em Trinidad e Tobago. Foi, ao que parece, encontro bem preparado, haja vista que se diz que o rascunho do pretendido consenso de Trinidad e Tobago, que não existiu infelizmente, já vinha sendo discutido e preparado há mais de mês. Dizem que não existiu, porque não houve unanimidade para o acolhimento da proposta da reintegração de Cuba ao convívio oficial das nações americanas. Claro que essa recusa é, sobretudo, norte-americana. E a proposta era, sobretudo, feita pela Venezuela e Bolívia.
As relações internacionais não constituem empreendimento de fácil execução. Há, como entre as pessoas, muitas percepções discrepantes e, principalmente, muitos interesses envolvidos. Minha opinião é que, mais que tudo isso, o que mais prejudica o relacionamento das nações é o espírito maquiavélico, que inspira a atuação dos políticos, representantes nacionais. Cada um quer sair das reuniões com maior vantagem. Pende-se até para aquela atitude de que tirar todo o proveito e deixar os demais prejudicados é o melhor resultado dessas reuniões. Acho que prevalece mais a desconfiança do que a confiança entre os participantes dessas reuniões.
É nisso, no tipo da política de Maquiavel, que me parece Barack Obama quer por um fim. Ele sabe o mal que os preconceitos provocam, porque experimentou os seus efeitos perversos desde o nascimento. Ele pretende estabelecer novo relacionamento entre as nações. Ele almeja que o clima, o ambiente, seja de transparência. Quer sinceridade, lealdade, confiança. Barack Obama é cristão por convicção e fé. É um negro que superou a discriminação, sem rancor na alma. É um negro e cristão desarmado. Nem Thomas Jefferson, nem Roosevelt, nem Kenedy foram assim. Teria sido Abraham Lincoln?
Assim ele já havia atuado na Cúpula do G20 em Londres. Ele não precisou lá de intermediários para se entender com os demais participantes. Ao contrário, foi ele próprio que, nas horas cruciais, se entendeu à parte com os presidentes da Rússia e da China, e conseguiu o consenso.
Aqui também na Cúpula das Américas, ele desarmou os opositores. Não se pode brigar com quem não quer brigar. Cada participante disse o que quis. Até graça houve quem fizesse... Mas, não havia clima para ofender o Presidente da mais rica e mais poderosa nação do Mundo, que lá estava, como ele mesmo disse, para ouvir e para conviver.
Ele falou claro. Não concorda com determinadas opiniões e decisões de alguns governos americanos, mas as respeita e sabe que eles são livres, independentes, soberanos para que sigam suas opiniões. Mas, também há determinados princípios e valores de que não aceita abrir mão, não aceita negociá-los no balcão das conveniências políticas, entre eles, a livre expressão pública de opinião, a liberdade da imprensa e a democracia.
Acho que também deixou claro que a diplomacia do seu Governo mira o bem-estar do povo dos Estados Unidos, que ele procura com sinceridade compatibilizar com o bem-estar de todos os povos. É exatamente aquilo que os economistas dizem que a Economia de mercado alcança, quando atinge o equilíbrio: a posição em que todos ganham e da qual afastar-se só traria benefício a alguém com prejuízo dos demais parceiros.

Barack Obama é, sobretudo, um político altamente esclarecido e com profundo sentimento de Humanidade. É o que me parece. Não gostaria de decepcionar-me. Precisa-se de políticos dessa cepa. Precisa-se de Homens dessa cepa.

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