terça-feira, 28 de abril de 2009

105. Novo Plano Econômico


Há poucos dias, os jornais divulgaram a notícia de que novo plano econômico se acha em elaboração, onde os gastos públicos não serão reduzidos, enquanto os impostos serão aumentados. A ciência econômica ensina que o déficit público provoca a incontinência monetária e que ambos causam o déficit do balanço de pagamentos, resultando na dívida externa e na falência do país.
Segundo voz oficial generalizada, o Brasil não tem mais capacidade de pagar a dívida externa, sem perdão ao menos parcial dela, o que dá a entender que a teoria se tornou realidade na presente fase nacional. Mostro-me céptico quanto à possibilidade de se equilibrarem as despesas públicas através da mera providência da elevação dos impostos no momento atual do País.
Julgo oportuno recordar que a História vem de longa data apresentando fatos que corroboram a teoria. Os historiadores incluem os gastos públicos exagerados entre as causas do declínio dos impérios português e espanhol, bem como do fim do Antigo Regime da França, sempre combinados com a solução do aumento de tributos que provoca a repulsa da população.
Esses fatos ocorrem há tanto tempo e são tão freqüentemente relatados pelos historiadores que me surpreende haja ainda vítimas da armadilha da dívida pública nos tempos atuais. Políbio narra que os romanos e os cartagineses estavam esgotados e arruinados por grandes dispêndios e por impostos contínuos. Suetônio relata que no Império Romano na época de Diocleciano, o número de coletores de impostos ultrapassava o de contribuintes. O peso dos impostos esgotou os recursos dos colonos que abandonaram as terras. Numerosos governadores e múltiplas repartições sufocavam cada região, cada cidade. As diversas iniquidades do Imperador provocaram a inflação, de modo que ele decidiu congelar os preços. As mercadorias desapareceram e os preços subiram ainda mais.
Toynbee atribui também o declínio e a queda do Antigo Império do Egito, cerca de 2.500 anos antes de Cristo, à carga econômica cumulativa das sucessivas fundações e templos funerários dos faraós.
A despesa pública é assunto extremamente sério e delicado, exatamente porque quem a paga é o povo que não tomou a decisão de fazê-la.
(Publicado no ano de 1987)

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