quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

18. A Igreja da Inspiração Divina


Pouco depois, Paulo de Tarso, judeu e cidadão romano, no caminho para a cidade de Damasco, onde ia destruir a comunidade de cristãos, teria tido uma visão de Cristo. Daí em diante, se arvorou em apóstolo de Cristo também. Arrogou-se o direito de pregar a boa nova cristã em pé de igualdade com os próprios apóstolos, que acompanharam Jesus Cristo em seus anos de prédica terrena. Estava convencido de que, naquele encontro com Cristo em Damasco, ele recebera o Espírito Santo exatamente como os discípulos de Jerusalém no dia de Pentecostes. Por isso, entrou em disputa com os citados apóstolos. Foi a Jerusalém afirmar à igreja de Jerusalém, dirigida pela própria família de Jesus Cristo, que ele tinha tão legítima revelação quanto ela, pois vira Cristo ressuscitado face a face e dele recebera então direta e pessoalmente a revelação divina, como qualquer outro apóstolo, e até julgava que sua doutrina cristã era mais legítima que a dela.
As duas concepções cristãs, a dos judeus e a do judeu romano, não conseguiram entender-se. Mas, numa coisa, sem dúvida, concordavam: na parusia, a segunda visita iminente de Cristo, naquela mesma geração de cristãos. Segundo Paulo, fez-se um acordo: ele pregaria a boa nova aos pagãos e a família de Jesus Cristo aos judeus. Paulo, o cristão judeu e cidadão romano, conferiu ao cristianismo a teologia e transformou-o numa religião distinta.
Na geração dos apóstolos, o cristianismo chegou à Ásia Menor, à Grécia, ao Egito, à Mesopotâmia, à Espanha, à Gália e à própria Roma, graças ao trabalho missionário de inúmeros pregadores, inspirados pelo Espírito de Deus, sobretudo à intensa atividade evangelizadora de Paulo de Tarso. Pedro e Paulo devem ter estado em Roma. A igreja cristã primitiva de Jerusalém acabou-se e espalhou-se pelo mundo na onda da diáspora, quando o imperador Tito destruiu Jerusalém no ano 70 EC.
O cristianismo difundiu-se, também, em virtude da intensa movimentação da população do Império Romano (comerciantes, piratas, exércitos, escravos, filósofos, líderes religiosos, curiosos, empreendedores) e da sua elevada sensibilidade religiosa. A cultura romana era liberal. Roma era um polo de irradiação de cultura e uma caixa de ressonância de todas as diversas culturas do Império, sobretudo das idéias e práticas religiosas. Assim, o cristianismo propagou-se pela ralé de Roma, segundo os historiadores romanos dos séculos I e II EC.

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