quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

10. Beijo na Boca


Há dias, a televisão difundiu cena de trocas de beijos no rosto e na boca entre amigos notáveis, numa reunião de lançamento de novo livro. O beijo na boca é costume em certos países do Leste Europeu. Em nações africanas é hábito os amigos passearem de mãos dadas pela via pública. Em nada, pois, pode surpreender o acontecimento nacional.

Até acho que os atores de tal proeza se mostraram morigerados e conservadores em termos de História. O ateniense costumava ter a mulher, uma segunda mulher, várias concubinas e, além disso, exibir-se em publico na companhia de cortesãs, sem que dispensasse o amante. Sócrates, que tinha o amante Carmênides, não continha a ansiedade quando o valente general Alcebíades escapulia para outras traquinagens, constando até que os ciúmes de Anito pelo amor do imortal comandante foram a causa da condenação à morte do filósofo. Aristipo, o amante de Laís, a mais linda cortesã da Grécia, amava também a Xenofonte, o historiador e general da retirada dos dez mil. Pelópidas e Epaminondas, os dois grandes generais e líderes de Tebas, mantinham relacionamento amoroso. Àquela época, homens se auto-emasculavam para se dedicarem ao culto da deusa Cibele.

Os hábitos homossexuais se inocularam nos másculos romanos sob a vaga epicurista grega que inundou Roma, e de tal forma que nela os historiadores identificam uma das causas do fim do Império Romano. Contemporâneos segredaram que César era homem para todas as mulheres e mulher para todos os homens.

Se é verdade que os países principiam estóicos e acabam epicuristas, o Brasil, pelo que se vê, ainda vai perdurar por longo tempo.
(Escrito em 10/01/89)

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