domingo, 10 de maio de 2009

117. Câmbio e Economia (continuação)



A nação se caracteriza pela soberania, que significa autogoverno, independência e separatismo. A nação se insere na sociedade humana, sob condições, restrições e ressalvas. Entre essas ressalvas, situa-se a propriedade dos recursos naturais e os benefícios da atividade econômica. O nacionalismo se justifica economicamente da mesma forma que a propriedade privada. A predominante função social da propriedade privada - o que parece ser ignorado por vasto contingente dos constituintes brasileiros - é estimular o esforço de cada indivíduo para produzir. O mal fundamental da sociedade comunista na Rússia, segundo Gorbachev, é a insatisfatória vontade de trabalhar. É oportuno lembrar aqui, quando se elabora um constituição que desmerece o esforço do trabalho, o que a respeito disse Gorbachev: “A administração deve tornar dura a vida daqueles que pretendem ganhar mais e trabalhar menos.” O trabalho é esforço sem gratificação intrínseca. Nisso, exatamente, ele difere do lazer que é esforço que proporciona prazer no seu próprio fluxo. Só se trabalha, portanto, pelo resultado que o trabalho oferece, a saber, produz bens que satisfazem as necessidades do trabalhador. Também a nação, restrita em espaço e população e formada por pessoas que têm interesses comuns e se inter-relacionam mais facilmente, propicia, como a propriedade privada, melhores condições e estímulos para a produção maior e convivência melhor. O nacionalismo moderado e esclarecido é um separatismo saudável e produtivo ao menos nos tempos atuais. O nacionalismo radical produz o separatismo xenófobo e estéril. É retrógrado e impede o progresso, porque promove o protecionismo indiscriminado. A regra geral é o livre comércio, como vimos. O protecionismo é exceção.


(continua, palestra proferida em 1988)

Nenhum comentário:

Postar um comentário