quarta-feira, 13 de maio de 2009

120. Câmbio e Economia (continuação)


A demanda tem origem num fenômeno psicossomático extremamente complexo e variado que é a necessidade. O indivíduo carente procura as fontes de produção que fazem a mercadoria desejada ao preço mais favorável. O encontro das forças da oferta e da procura forma o preço, que as iguala. À medida que a demanda predomina, os preços sobem provocando o aumento da oferta a curto e longo prazo, fazendo cair em seguida os preços para satisfação de maior número de pessoas. À proporção que a demanda cai, os preços caem proporcionando a retração da oferta. Se houvesse apenas uma moeda, o fenômeno das trocas se restringiria ao problema de adequação da produção à demanda. Mas acontece que nas trocas internacionais sempre interfere o mercado das moedas, onde se opera a troca da moeda do comprador pela moeda do vendedor, a fim de que se realize a operação de compra de mercadoria.
Normalmente, a moeda que interessa ao vendedor é a de seu país, onde compra os fatores de produção, vive e investe. À medida que aumenta a procura, eleva-se o preço da mercadoria e, via de regra, sobe também o preço da moeda do país produtor. Desse modo, o país eficiente na produção da mercadoria é prejudicado pelo aumento do preço da moeda do país produtor. Esse fenômeno também prejudica o comprador e seu país, porque fica mais caro o produto desejado, gastando mais renda para adquiri-lo.
Durante 50 anos, antes da Primeira Guerra Mundial, tal inconveniente inexistia, porque as moedas tinham preço fixo, isto é, elas tinham taxa cambial fixa, isto é, a relação de troca de unidades de duas moedas era sempre a mesma. Àquela época, conhecida como a idade de ouro da economia, o sistema monetário internacional funcionava segundo o padrão ouro. No padrão ouro a moeda de um país tem uma quantidade determinada de ouro. Suponhamos que se trocava então 1 libra esterlina por 4 dólares americanos. Isso ocorria porque a libra esterlina tinha 4 vezes mais ouro que o dólar americano. Assim, a taxa cambial era invariável e o preço das moedas não exercia influência nefasta sobre o comércio internacional. O problema do comércio internacional no padrão ouro é exatamente o mesmo do comércio nacional: o equilíbrio entre a oferta e a procura da mercadoria. A taxa cambial é desprovida de qualquer influência.

(continua, palestra pronunciada no ano de 1988)

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