segunda-feira, 11 de maio de 2009

118. Câmbio e Economia (continuação)


O livre comércio insere plenamente o mercado nacional no mercado internacional, oferecendo a oportunidade de produzir segundo a potencialidade total de seus recursos e de consumir o máximo de bens para a satisfação máxima das necessidades da população. O intercâmbio se estende aos bens e aos fatores de produção, mão-de-obra, recursos naturais, capital e tecnologia. O intercâmbio internacional faz a demanda mundial comandar as produções nacionais, segundo os gostos e a vontade de todos os indivíduos humanos. Ela determina o direcionamento do capital, da mão-de-obra, dos recursos naturais e da tecnologia para os mais apropriados centros de produção de bens e serviços, de modo que a produção se processe mais eficientemente e com maior produtividade, consoante a mais adequada combinação dos fatores de produção. Assim funciona a economia de uma sociedade livre, a chamada economia de mercado. A demanda dos consumidores mundiais interfere sobre a oferta do complexo produtivo e forma o preço, que tende a ser o mesmo em todos os países. A demanda primária se dirige aos bens e serviços desejados pelos consumidores. A demanda por tecnologia e fatores de produção é derivada, isto é, conseqüência da citada demanda primária por bens e serviços.
Permitam-me outra digressão. O fato de que a demanda por tecnologia e fatores de produção é derivada significa que também é o mercado que em última análise comanda a escolha de fatores de produção por parte do empresário e sua subseqüente utilização. São os consumidores que lhe dizem o quê, quanto, por quanto e como produzir. Dessa forma, os consumidores podem rejeitar ou preferir produtos com intensa mão-de-obra e pouca tecnologia e capital. E, portanto, o empresário terá de rejeitar ou preferir a mão-de-obra com relação à tecnologia e ao capital. Não se trata de ser um empresário humano ou desumano. Mahatma Gandhi repudiava a tecnologia ocidental e propugnava o artesanato. Mas ele vivia como um faquir e não deixava de usufruir em certa medida as vantagens da civilização ocidental científica, tecnológica e capitalista. É a sociedade, são os próprios operários, enquanto consumidores, que estão ditando as opções do empresário. A economia se modifica sob o impacto de novos gostos e novas necessidades da massa popular. O mundo em mutação sempre conviverá com o desemprego.

(continua, palestra proferida no ano de 1988)

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