quinta-feira, 14 de maio de 2009

121. Câmbio e Economia (continuação)



No padrão ouro, quando um país importava e exportava valor equivalente de mercadorias, o comércio internacional desse país fluía sem problemas. Quando o resto do mundo se tornava mais rico aumentando a renda ou quando se interessava mais pelas mercadorias produzidas por aquele país, esse país passava a exportar valor superior ao que importava. O resto do mundo perdia ouro para esse país, onde a massa monetária crescia no exato montante que o resto do mundo a perdia. De acordo com a lei de Irwing Fisher, os preços subiam no país exportador e caíam no resto do mundo. O efeito preço fazia cair a exportação do país e aumentava a sua importação, revertendo o sentido do fluxo do ouro, reequilibrando a exportação e a importação do país. Essa é a lei do reajuste automático da balança de pagamentos, expressa por David Hume no século XVIII.

O período entre as duas Conflagrações Mundiais caracterizou-se pela inexistência de um sistema monetário internacional. A URSS isolou-se. Em 1923 Benito Mussolini assumiu o poder na Itália implantando o fascismo, que adotou política econômica nacionalista, desgostoso com a repartição de colônias efetuada pela Liga das Nações e projetando reconstituir o Antigo Império Romano. A Alemanha insurgiu-se contra as indenizações da Primeira Guerra Mundial impostas pelos vencedores, registou o mais impressionante fenômeno inflacionário da História, quando os salários eram reajustados diariamente. A ninguém interessava fazer depósito em banco e ninguém aceitava pagamento mediante cheques, e todos procuravam comprar no mesmo dia em que recebiam seu salário.

Em 1933, Hitler assumiu o governo alemão instaurando a política do nacional-socialismo. A Inglaterra vivia as crises decorrentes da luta de classes e sofria as conseqüências de política anti-inflacionária, chegando à medida extrema de cortes de salário, enquanto os trabalhadores desempregados faziam passeatas reclamando: “Queremos trabalho, recusamos esmola.” A França seguia uma política de gastos públicos, provocando surto inflacionário menos violento que o alemão. Os Estados Unidos surgiam como potência mundial, exibindo extraordinário desenvolvimento na década de vinte, que findou com a Grande Depressão em 1929, a qual se estendeu até os meados da década de trinta projetando influências negativas sobre a economia mundial. A política da superioridade racial germânica que, segundo Hitler, predestinava a Alemanha para o domínio do mundo, em uníssono com a política do “espaço vital”, desembocou na Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945. Quando a Guerra já se avizinhava do fim, as nações aliadas passaram a discutir a reconstrução mundo e a nova ordem político-econômica internacional.

(continua, palestra proferida no ano de 1988)

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