sábado, 21 de fevereiro de 2009

40. O Sonho da Dinastia de Avis (continuação)


Descobridores, aventureiros e comerciantes

Retornando à pátria, o infante D. Henrique estabeleceu em Lagos, o promontório sagrado (Sagres), a base da conquista sistemática do desconhecido, a Nasa medieval portuguesa. Reuniu pessoas altamente capacitadas na tecnologia náutica, recrutadas em toda a Europa. O importante era progredir paulatinamente, ir e vir, o feedback: construir grande acervo de mapas, de informações sobre as terras e os mares africanos, sobre o Oceano Atlântico sul, completamente desconhecido. Apequenava-se o cavaleiro, avultava o descobridor. Apoucava-se o homem medieval, surgia o homem moderno, o empresário, o burguês, interessado no comércio, no lucro e na riqueza. Ali desenvolveu a ciência, a arte e a indústria da navegação, amparadas na tecnologia de ponta da época. Fracassou na tentativa de apossar-se das Ilhas Canárias, mas descobriu as ilhas dos Açores, da Madeira e de Cabo Verde. Varreu da mente dos marinheiros o medo do oceano. Com a África Ocidental iniciou o comércio, inclusive de escravos.
O rei Afonso V transformou o descobrimento em um negócio: contratou com Fernão Gomes, um negociante lisboeta, a meação no monopólio do comércio da Guiné, durante cinco anos. Fernão Gomes em um lustro descobriu tanta terra quanta D. Henrique em 40 anos. Portugal nessa época negociava com a Costa da Malagueta, do Marfim, do Ouro e dos Escravos. Competia com Veneza nos mercados da Europa.
D. João II retomou o monopólio real e estendeu as descobertas até o limite meridional do continente africano. Portugal, enfim, descobriu em 1487 a junção dos oceanos Atlântico e Pacífico, a passagem para a Índia.
D. Manoel, o Venturoso, fez Vasco da Gama realizar, contra a opinião dos conselheiros, a primeira viagem marítima entre a Europa e a Índia em 1497. Implantou o comércio marítimo entre o Ocidente e o Oriente, deslocou-o do Mediterrâneo para o Atlântico e transformou os oceanos em via de transporte. Portugal arrebatou a Veneza a posição de centro europeu do comércio com a Índia: o carregamento de mercadorias de uma única frota comercial portuguesa correspondia a um ano de transações efetuadas pela cidade italiana.
(continua)

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