terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

43. O Sonho da Dinstia de Avis (continuação)


A vida a bordo

A rotina diária nos navios consistia em trabalhar, dormir, comer e rezar.
Os marinheiros, auxiliados pelos grumetes, mantinham-se sobre o convés comandados ao som de apitos pelo imediato na proa, pelo contramestre na popa e pelo guarda entre os mastros. Os soldados dormiam sob o convés, onde se mantinha o restante da tripulação, inclusive os religiosos, exceto os capitães que tinham cabina. Ali misturavam-se com galinhas e ovelhas, que o capitão tinha direito de transportar.
A comida era racionada. Tendo por base biscoito, constava de carne salgada, cebola, vinagre e azeite e, nos dias de jejum, arroz, peixe ou queijo. Os alimentos eram cozinhados a bordo. A água de beber e cozinhar, transportada em tonéis de madeira, era igualmente racionada e cheirava mal.
O lazer restringia-se a assistir à missa, ao teatro e a outros atos religiosos promovidos pelos padres.
O interior das naves era escuro, e logo se tornava sujo, malcheiroso e infecto com os restos de comida e os dejetos humanos e dos animais. A falta de higiene provocava muitas doenças, a mais mortífera delas o escorbuto, que provocava o inchaço das gengivas e hemorragias.
O controle da viagem era realizado através de mapas e instrumentos. A bússola, sempre apontando o norte, permitia conhecer a direção perseguida pela nau. O quadrante, uma simplificação do astrolábio promovida pelos técnicos de D. Henrique, dava a latitude com base nas tabelas matemáticas por eles também aperfeiçoadas, tomando-se por referência o sol. O compasso e as tabelas matemáticas forneciam, de forma muito inexata, a longitude.
(continua)

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